Quer um conselho?
Nunca irrite uma mulher grávida !
Fizemos o caminho para a casa em completo silêncio, nem Bento fazia barulho em nada já que tinha capotado em sua cadeirinha no banco de trás aos carinhos da bisa. Alexandre tentou conversar comigo assim que nos alcançou no estacionamento, mas bem curta e grossa pedi que não me falasse nada, eu não queria ouvir.
Eu estou uma pilha de nervos. Com um milhão de hormônios borbulhando dentro de mim, com a insegurança gritando aos meus ouvidos e ainda ter que ser colocada á prova era difícil demais.
Chegamos em casa e Alexandre tratou logo de acordar Bento para dar banho e fazer o tête dele que era indispensável na hora de dormir, então deixei que ele tomasse suas obrigações sem me intrometer.
Minha vó como sempre esperta em tudo, percebeu a torta de climão entre a gente e não se demorou a ir para seu repouso, só me ofereceu uma xícara de leite com canela quentinho e eu com maior delicadeza recusei, só lhe dei um beijinho e pedi que ela fosse descansar.
Subi para o meu quarto e já fui logo em direção ao banheiro, tranquei a porta já para impedi-lo de entrar sem minha autorização, e tomei um banho escaldante de quente para relaxar. Quando terminei e sai do quarto, Alexandre estava sentado na beirada da cama, mexia nos cabelos grisalhos inquieto, não dei a mínima.
Caminhei em silêncio e peguei o óleo de amêndoas para passar por todo corpo, retirei a toalha e passei, os olhos de Alexandre não saiam de cima de mim e do meu corpo desnudo, mas fingi que não estava o observando pelo espelho. Terminando, fui até a minha mala e peguei a minha camisola nada descente para o punir.
Já totalmente pronta, deitei do meu lado da cama.
— Amor, vamos conversar ? – me chamou, sentado na ponta da cama e eu me acomodava entre os travesseiros.
— Não quero conversar, quero dormir! – falei curta e grossa.
— Você disse que nunca dormiríamos brigados... – o cansaço era evidente na sua fala, o dia inteiro tinha sido cansativo.
— Eu disse que não dormiríamos brigados se eu quisesse! – fui metódica. Puxei o cobertor quase todo me cobrindo.
— Ah, então só vale a regra se você quiser ? – me olhou cerrando os olhos, incrédulo.
— É isso ! E você não tá em posição de reclamar. Agora me deixa dormir...
— É sério, amor ! amanhã é aniversário do Bento e vamos passar brigados, tem certeza que é isso o que você quer?
— Uma coisa não tem nada haver com a outra. – me levantei e me ajeitei sentada para olhar para ele. — Se você não fizesse suas merdas, isso não estaria acontecendo!
— Você não me deixa explicar! – ele falou impaciente.
— Explicar o que ? Que você olhava obcecado para um loira o tempo inteiro, enquanto estava sentado na mesa comigo e com sua família ? – cruzei os braços a frente do meu corpo e o fuzilei com os olhos.
— Giovanna, ela foi a minha primeira paciente ! É por isso que eu fiquei olhando, tentando identificar... Foi a minha primeira cirurgia, ela tinha um tumor cerebral ainda quando era nova e eu consegui dá a ela mais tempo de vida, só isso !
Eu me levantei e fiquei bem de frente a ele, olhando em seus olhos.
— Eu respeito a sua profissão, ela é linda e salva muitas vidas, mas... custava você me falar na porra daquela mesa que estava reconhecendo uma antiga paciente? Custava? – meu tom de voz se alterou e ele arregalou os olhos. — Era simples Alexandre, era só falar : “olha amor, acho que aquela moça foi a minha primeira paciente.”
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Um céu de amor
RomanceUm céu de amor espera por Giovanna e Alexandre, mas a muitas nuvens entre eles, as vezes branquinhas como algodão e outras negras e pesadas... Eles vão ter que desvendar o céu juntos.