Desesperança

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- Nanon, me escuta!
- Escutar? Escutar? Você devia ter me contado antes! Antes de nós... Antes que eu....
Eu vou juntando as minhas roupas e vestindo com dificuldade porque o meu corpo ainda está molhado, o Ohm está em pé ao lado da banheira olhando para mim.
- Como você queria que eu te contasse isso?
A minha cabeça está quase explodindo e eu não consigo pensar direito, de todas as merdas que já aconteceu comigo essa é definitivamente a maior de todas.
- Nanon, para!
- Vai se ferrar! Vai. Se. Ferrar! Em que momento você achou que isso era uma boa ideia? Você transou comigo sabendo quem eu sou?
- Eu te reconheci momento em que eu te vi, mas Nanon...
Eu pego a minha camisa e visto, é melhor eu sair daqui antes que eu perca a cabeça de vez.
- Nanon, se acalma, conversa comigo.
- Conversar sobre o que, Ohm? Sobre como a sua mãe ferrou com a minha e quase mandou ela pra prisão por uma acusação falsa de roubo só porque ela pegou o filho transando? Ou como ela nunca mais conseguiu um emprego decente depois disso? Não sei o que você achou que conseguiria com esse papo de primeira vez, Ohm, mas a minha primeira vez foi a pior merda que eu já fiz na minha vida!
Eu olho em volta e não sei se estou esquecendo de algo, mas que se foda.
Eu saio do banheiro deixando o Ohm com uma cara chocada, chego na porta eu tento abrir, mas ela está trancada, eu tento forçar e não consigo, eu puxo e bato várias vezes, mas nada. Quando percebo o Ohm está me abraçando e puxando para longe da porta, eu tento me soltar, mas ele não deixa, vai andando para trás até chegar no sofá, senta e me coloca ao seu lado, eu tento levantar e ele me empurra fazendo eu deitar deitando encima de mim, eu respiro fundo e puxo as minhas mãos que ele está segurando.
- Nanon, eu não quero te machucar, mas eu não vou deixar você sair assim, se acalma!
- Vai se foder!
Para a minha surpresa ele me beija, eu viro o meu rosto, mas ele segura e volta a beijar, eu tento o afastar com a mão que ele soltou e ele começa a se esfregar em mim.
- Você está muito nervoso, se entrega pra mim, não pensa, só se entrega!
Eu tento lutar, mas o meu corpo começa a reagir ao seu toque contra a minha vontade, eu fico com tesão e o meu pau fica duro, quando ele beija o meu pescoço um gemido sai sem eu permitir.
- Se entrega, Nanon!
Quando ele se esfrega novamente eu não resisto e o abraço, ele ainda está nu e o seu corpo esta molhado, então a minha mão desliza com facilidade por ele, eu sei o exato momento que o meu corpo se entregou e ele também sabe, porque ele levanta a minha perna e eu sinto o seu pau cutucando a minha bunda atravéz da minha calça.
- Me fode, Ohm!
Ele me beija com vontade, com tudo que pode me dar e continuar se esfregando sem parar, quando estamos sem fôlego ele se afasta e fica olhando para o mim, me beija e senta.
Eu não consigo acreditar que ele parou, ele me deixou com puta tesão, de pau duro e parou. Eu olho para baixo e vejo que o seu pau está tão duro quanto o meu, pelo menos não deve estar sendo fácil para ele, eu fecho os olhos e tento me controlar, respiro fundo, conto até três e expiro, respiro fundo...
- Eu não sabia, não sabia de nada disso, Nanon. Ela surtou comigo também depois que você saiu, me deixou trancado por dias e depois eu só podia sair com seguranças, ela me mandou para a reabilitação como se eu fosse a porra de um drogado, eles me deram remédios e eu fiz terapia, tudo porque ela achava que tinha alguma coisa errada comigo.
Quanto mais ele fala com mais raiva eu fico, porque essa merda acabou há anos, eu não quero pensar nisso, em nada do que aconteceu, eu sempre pude culpar ele por todas as coisas erradas que aconteceram na minha vida, a falta de dinheiro, a ausência dos meus pais que tiveram que trabalhar dobrado para pagar um acordo que o advogado fez para a minha mãe não ser presa, eu que comecei a trabalhar com 17 anos, não pude ir para a faculdade porque as minhas notas eram baixas demais porque não podia ir para a escola para poder trabalhar, a minha depressão... mas agora eu descobri que o culpado é só mais uma vítima e eu não tenho mais a quem culpar.
Eu limpo as lágrimas do meu rosto e sento, ele me olha assustado e muito nervoso.
- Eu não queria que nada disso acontecesse, Nanon, aquela foi a minha primeira vez também, juro que nunca tinha feito nada assim antes. Se eu soubesse o que a minha mãe fez...
- Você faria o que, Ohm? Você não conseguiu fazer nada nem pra se ajudar, o que você faria?
Ele me encara por um momento, fecha os olhos e encosta no sofá.
- É melhor eu ir, Ohm.
- Não! Não, por favor, não vai!
Ele segura as minhas mãos e beija.
- Eu não tenho o que fazer aqui, Ohm.
- Só fica comigo, conversa comigo.
- Nada do que você me disser vai mudar o que aconteceu, você estava se enganando desde o início se achou que isso daria certo.
- Eu não sou a minha mãe, Nanon.
- E eu não sou mais aquele garoto que te seguiu para a adega, aquele garoto perdeu a inocência e a fé junto com a virgindade, isso nunca daria certo.
- Você gosta de mim...
Eu penso em negar, mas sei que isso é inútil agora, eu não estaria aqui ainda se não fosse verdade.
- Isso não importa.
- Claro que importa!
- Não, não importa, eu sinto muito.
Eu seguro o seu rosto e o beijo, sinto as suas lágrimas na minha mão, mas não paro, eu continuo beijando até não termos mais fôlego e até um pouco mais, quando eu me afasto limpo as suas lágrimas e beijo a sua testa.
- Me deixa ir, Ohm.
Ele olha nos meus olhos e sei que ele está sofrendo, eu consigo ver a desesperança, consigo ver a vulnerabilidade, o que me faz pensar no que aquele garoto passou para se tornar esse homem frio e frágil.
Ele finalmente concorda e levanta, abre uma gaveta de um móvel perto da porta e dá a chave na minha mão.
- Fica com ela e volta, por favor.
- Eu não vou voltar, Ohm.
- Eu vou te esperar.
Ele me beija e se afasta, eu junto tudo de mim que restou e vou embora.

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