LIII

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Acordo sentindo cheiro de café, acho que tenho bebido tanto café nos últimos dias que isso já está me afetando. Abro os olhos e vejo pela janela que já está amanhecendo, logo o alarme toca, viro para o outro lado e o Ohm está deitado olhando pra mim.

— Bom dia...

— Bom dia...

Ele sorri, se aproxima e me beija.

— Eu já ia te acordar, queria que você dormisse um pouco mais, você tem trabalhado muito.

Ele passa a mão no meu rosto e fecho os olhos, mais uma vez sinto cheiro de café e dessa vez eu acho estranho, estou bem acordado agora, não devia estar imaginando coisas. Abro os olhos e o Ohm me beija novamente.

— Senta, eu preparei o seu café da manhã.

Eu levanto a cabeça procurando e vejo uma bandeja, isso me surpreende, será que na loucura que estou ultimamente eu acabei esquecendo de alguma data especial? Sento na cama e o Ohm coloca a bandeja sobre as minhas pernas arrumando os pés para ficar alto.

— O que eu perdi?

Eu estou pronto para pedir desculpas para qualquer coisa que eu tenha negligenciado, mas ele apenas sorri e serve café em uma xícara.

— Nos seus planos para o futuro você disse que eu traria café na cama para você sempre que eu pudesse, achei que era um bom dia para começar.

Ele dá aquele sorriso lindo que reserva apenas para mim e mais uma vez eu me pergunto porque perdemos tanto tempo, é tão óbvio agora que nós dois só conseguiremos ser felizes juntos.

— Eu te amo, Ohm Pawat!

— Eu também te amo!

Ele me dá um beijo rápido e pega uma torrada, passa algum tipo de patê e me entrega, eu como devagar enquanto ele me observa, o meu estômago ainda não acordou, mas eu não quero magoar ele. Quando já comi o bastante ele leva a bandeja embora e eu deito, tento massagear o meu estômago pra ver se ajuda na digestão.

— Você já vai tomar banho?

Eu olho para a porta, nego e estendo a mão, ele vem até mim, segura e deita ao meu lado.

— Eu vou sair um pouco mais tarde hoje, com toda essa confusão eu não tenho ido para a faculdade, tenho que tentar negociar com os professores.

— Você acha que vai ser um problema?

— Eu acho que se eu não aparecer nenhum dia nos próximos dois anos ainda vou receber um diploma com honras, mas eu não quero fazer as coisas assim e não quero ficar devendo nada para o velho.

— Você não gosta dele.

Não é uma pergunta e ele também não precisa de uma resposta, mas eu acho que devo uma a ele.

— Eu sou grato por ele ter me salvado e me protegido quando eu precisei, mas a minha dívida já foi paga há muito tempo. Ele é o tipo de pessoa que eu nunca me relacionaria por vontade própria, é arrogante, egocêntrico e...

— Criminoso.

— Isso também, mas o principal é que ele quer me controlar e isso não vai acontecer, então os nossos dias trabalhando juntos estão contados, estavam desde o início.

— O que você está esperando?

— O momento certo.

— É por causa do Perth?

E de novo o ciúmes do Perth surge.

— Não, Ohm, não é por causa do Perth. Eu espero sinceramente que quando eu sair ele já esteja pronto para assumir sozinho sem ser influenciado pelo avô, mas isso pode nunca acontecer, no fim crescer, amadurecer, tomar as rédeas da própria vida e fazer escolhas, certas ou erradas, vai ser com ele e eu não posso fazer nada sobre isso, não vou ser mais uma pessoa manipulando ele o resto da vida.

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