Bêbado

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Eu coloco as roupas na minha mala e fecho ela, o Perth continua andando de um lado para o outro, ele esta fazendo isso nos últimos vinte minutos. Eu vou para o meu closet e abro o cofre, pego o passaporte e dinheiro, volto para o quarto e coloco no bolso da mala. O Perth para ao meu lado e pega o passaporte.
- Você não vai!
- Perth, me devolve isso!
- É cedo demais, só faz um ano, você não vai conseguir enganar ninguém, mesmo com esse cabelo loiro! - Ele passa a mão pelo cabelo e quase parece que vai chorar. - E se alguém te reconhecer?
- Você sabe que eu não tenho escolha. Eu vou ficar dois dias lá, vai ficar tudo bem.
- E se a polícia te pegar com uma identidade falsa?
- Ela não é falsa, eu mandei rastrear, até registro de nascimento vão achar se investigarem, o seu avô sabe o que está fazendo.
- Você disse que não ia fazer nada ilegal, usar identidade falsa é ilegal!
- Coloque isso na sua conta, o velho está me mandando pra Tailândia porque eu não deixei você matar aquele cara, está me punindo por ter enfrentado ele.
- Não é justo!
- Não, não é.
Eu pego o passaporte da mão dele e coloco na bolsa de novo, olho o horário e já estou atrasado.
- Eu vou ficar bem, Perth, são só dois dias.
Ele vem até mim e me abraça, ele não disse, mas eu sei que o verdadeiro medo dele é que o seu pai me reconheça, porque eu estou indo em uma reunião representando o avô dele e o seu pai vai estar lá, talvez a mãe do Ohm também.
Isso provavelmente é uma armadilha do velho porque eu o desafiei. Ele mandou o Perth matar um funcionário que estava roubando, eu tirei a arma da mão do Perth e joguei todas as balas no chão, mandei o Perth sair e fiquei sozinho com eles. O velho apontou uma arma para a minha cabeça, mas eu me mantive firme, ele sabe que sou muito valioso, eu sou o único que consegue controlar o Perth, então ele desistiu, matou o homem e me dispensou, três dias depois mandou eu representá-lo nessa reunião. Se me reconhecerem provavelmente estarei morto em dois dias, se não me reconhecerem... Ele deve ter algum plano.
Eu afasto o Perth e sorrio.
- Tenta não se meter em problemas enquanto eu não estiver aqui.
Ele sorri e dá um soco no meu ombro.
- Eu vou transar com todos os seguranças!
- Você sabe que ninguém vai aceitar.
- Eles tem medo de você, mas você não vai estar aqui, então é melhor voltar logo.
- Eu volto.
Eu viro e vou para a porta, quando vejo ele vindo atrás eu paro no corredor.
- Não me siga.
- Só até o aeroporto.
- Não.
- Chato!
Eu deixo ele no corredor e vou embora.

Chego na Tailândia e já começo a ficar nervoso, o Perth está certo, é cedo demais pra isso. Vou até a esteira pegar a minha mala, mas para a minha surpresa já tem alguém com ela.
- Senhor James?
- Você é?
- Mix.
- O secretário.
- Sim, secretário do senhor Tha.
O avô do Perth não avisou que mandaria o secretário, mas eu devia ter imaginado que teria alguém me monitorando.
- Eu agradeço por ter vindo, Mix, mas eu não preciso de ajuda no momento, te vejo amanhã, pode me encontrar no meu quarto para me atualizar, hoje eu preciso descansar.
- Eu sinto muito, mas tenho que te acompanhar.
- Acho que você não entendeu, você está dispensado!
Eu pego a minha mala da sua mão e caminho para a saída, pego um táxi e olho para trás para ter certeza que ele não está me seguindo.
- Para onde?
Eu mando ele ir para o hotel do nosso grupo, quando chego passo direto pela recepção e vou até um segurança.
- Eu preciso falar com o gerente.
- O senhor é hóspede?
- Sim.
O segurança fala no fone e pede para eu aguardar, quase dez minutos depois um homem aparece, quando me vê se aproxima.
- Boa noite! Eu posso ajudar?
- Boa noite! James Muller, acredito que informaram que eu estava vindo.
- Senhor James, claro! Por favor, me acompanhe.
- Não é necessário, eu apenas preciso da chave do meu quarto.
Ele me olha surpreso e vai para a recepção, quando retorna me entrega a chave e se oferece para me acompanhar, mas eu recuso.
Vou para o elevador, aperto o botão para o vigésimo andar e vou para a suíte master, quando chego guardo a minha mala e vou para o banheiro tomar banho, vejo a banheira e não posso deixar de lembrar do Ohm, ignoro ela e vou para o chuveiro.

Termino de avaliar os relatórios que os três cassinos me enviaram e mando para o velho, ele reponde, eu digito Vai se foder, apago e fecho o email, olho para o horário e já são nove horas, penso em pedir o jantar, mas não aguento mais ficar preso nesse quarto, então desço para o restaurante do hotel.
Quando chego o maître pede para eu aguardar no bar porque não tem mesas disponíveis, eu sento peço uma taça de vinho e leio a mensagem que o Perth enviou avisando que está recebendo clientes VIPs, peço para ele tomar cuidado, clientes ViPs em cassinos na maioria das vezes são sinônimo de problemas, guardo o celular no meu bolso e bebo mais um gole de vinho, olho para a taça e percebo que não fiz degustação, esse é mais um hábito que ficou para trás.
- Mais um!
Eu sinto um arrepio quando ouço a sua voz, isso não pode estar acontecendo, ele não pode estar aqui! Eu fecho os olhos e respiro fundo, olho para o lado e ali está ele, sentado do outro lado do bar, rosto inchado, olhos levemente fechados, camisa aberta até metade do peito, já vi o Ohm beber muitas vezes, mas nunca tinha visto ele bêbado.
Eu levanto rápido e saio, não tenho opção a não ser passar por ele, mas tento olhar para o outro lado para ele não ver o meu rosto.
- Nanon?
Eu congelo e sinto ele segurando o meu pulso, eu penso no que fazer, então respondo em inglês.
- Sinto muito, o senhor está me confundindo!
Solto a minha mão e ando rápido para o elevador, aperto o botão várias vezes até a porta abrir, entro e aperto várias vezes para ela fechar, quando finalmente fecha eu encosto e respiro aliviado, mas para o meu desespero a porta abre mais uma vez, ele olha para mim, entra devagar e toca o meu rosto.
- Porque você está sempre fugindo, Nanon?
A porta fecha e ele me beija, eu não sei o que fazer, mas ele sabe. Ele abre os botões da minha camisa com agilidade e beija o meu pescoço, quando a porta abre eu desisto, seguro a sua mão e levo ele para o meu quarto.
Antes mesmo da porta fechar estou tirando a sua roupa, quando estamos nus eu deito na cama e ele deita sobre mim. Ele olha nos meus olhos e eu tento avaliar quão bêbado ele está.
- Porque você fez isso com o seu cabelo?
Ele passa a mão pelo meu cabelo e suspira.
- Você prometeu que ia voltar pra mim...
Eu não digo nada e ele me beija, quando levanta as minhas pernas sei que é a última chance de parar com isso, ele está bêbado, não devia deixar isso acontecer.
Claro que eu sei que estou apenas me enganando, eu não conseguiria parar mesmo que quisesse, então apenas fecho os olhos, o abraço e fazemos amor.

Eu acordo com o alarme, olho para o lado e vejo o Ohm, meu Deus, como eu sinto falta dele! Fico olhando ele dormir tranquilamente por minutos intermináveis até o meu celular tocar, eu vejo a mensagem e é o secretário avisando que chegou. Beijo a testa do Ohm e levanto, me visto e recolho tudo que é meu, me aproximo devagar, beijo a sua boca e sussurro no seu ouvido.
- Eu vou voltar, me espera!
Me afasto e olho em volta, deixo a chave do quarto ao lado da cama e saio.
Chego na recepção e o Mix já está me esperando, quando me vê com a mala fica surpreso, mas me segue quando eu passo por ele.
- Arrume outro hotel para eu me hospedar, reserve o quarto no seu nome. Avise a recepção que tem alguém no meu quarto, mas estão proibidos de passar qualquer informação sobre mim. Verifique se não tem nenhum registro de hospedagem e garanta que qualquer imagem das câmeras em que eu apareço sejam apagadas. Eu cheguei aproximadamente às 15:30, fui direto para o quarto, desci as 21h para jantar, fiquei alguns minutos no bar do restaurante do hotel e voltei para o quarto logo em seguida.
- Certo.
Ele abre a porta do carro e eu entro, ele senta no banco do motorista e me olha pelo retrovisor.
- Para onde senhor?
- Para a sede.

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