Em movimento

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- O que nós estamos fazendo aqui, Nanon?
Eu olho para o Perth e aponto para o balcão.
- Dizem que a torta deles é muito boa, pega um pedaço para mim? Pra viagem.
Ele me encara por um momento, então levanta e vai para o balcão, eu olho em volta e consigo achar quem estou procurando, o assistente pessoal de um homem chamado Ajin, ele é um dos novos membros da organização, tem uma grande rede de boates em vários países e está envolvido com entorpecentes. Pego o notebook, entro na rede da lanchonete e acesso a conta fantasma que eu criei, ela não pode ser rastreada, mas se tentarem podem localizar o IP usado na transação, chegando nesse local, que fica ao lado da principal boate deles no país.
Faço uma doação de 50 mil para a ONG da esposa do líder da organização, programo para ser feita em dez minutos e guardo tudo, o Perth se aproxima e eu levanto.
- Vamos embora.
- Sério?
Eu vou para a porta, ele suspira e vai atrás.
- Vai me dizer o que você estava fazendo?
- Não.
- Estava hackeando?
- Perth, o máximo que eu aprendi foi a burlar a senha de um computador, não tive tempo de aprender mais nada.
- Então...
- Final de semana eu vou viajar com o Ohm.
Ele me olha surpreso e sorri.
- Posso ir junto?
- Claro que não!
- Pra onde vocês vão?
- Não é da sua conta.
- Porque você me contou então?
- Você estava me irritando, estava te distraindo.
- Você é um saco as vezes, Nanon!
Nós entramos no meu carro e vamos para a sede, quando chegamos o secretário está nos aguardando.
- Bom dia! O presidente quer ver vocês.
O Perth me olha preocupado e eu suspiro, o secretário começa a andar e eu falo baixo.
- Não fala nada, se eu mandar você sair não discute.
- Ok.
Nós entramos na sala e o velho levanta, vem até nós e para na minha frente.
- Aonde vocês estavam?
- Eu não consegui tomar café da manhã, tive que comprar alguma coisa pra comer.
- E porque vocês fugiram dos seguranças de novo?
- Eles não são seguranças, são espiões, se quer saber alguma coisa sobre mim pergunte, não mande me seguir.
- Eles estão cuidando da segurança do meu neto.
Eu dou risada e ele se irrita, mas eu não me abalo.
- Se essa é toda a segurança que os seus homens podem oferecer o Perth está melhor comigo.
O Perth ri e o velho olha pra ele.
- Você não devia fazer esse tipo de coisa, você é meu neto, não pode ficar sem seguranças.
- Entre eles e o Nanon, eu fico com o Nanon!
Pela cara do velho eu tenho certeza que ele está me vendo mais como uma ameaça do que como um aliado, mas tenho certeza que ele não vai arriscar perder o neto fazendo alguma coisa comigo.
- Se o senhor não tem mais nada a dizer eu vou  para a minha sala olhar para as paredes o dia inteiro.
Eu viro e faço um sinal para o Perth sair.
- Sobre isso, a partir de hoje vocês vão revisar todos os contratos que nós temos ativos, preciso que vocês conheçam cada um deles.
- Posso fazer outra coisa, vô? Não quero ficar lendo contratos.
O velho olha para mim e eu aceno.
- Vamos fazer.
Ele suspira e faz um sinal nos dispensando. Nós andamos pelo corredor e o Perth vem atrás de mim reclamando.
- Porque você concordou com isso? Você não pode concordar com o meu avô.
- Ele está certo, você tem que aprender sobre a empresa.
- Pra que? É pra isso que temos funcionários, é pra isso que eu tenho você!
Eu paro e olho para ele.
- Perth, eu não vou estar sempre aqui, um dia você vai assumir a empresa e tem que conhecer ela, você quer mesmo aceitar cegamente tudo o que os funcionários disserem?
- Porque você não vai estar sempre aqui?
- Perth... Nós não sabemos nem se eu vou estar vivo amanhã, você não pode fazer planos contando que eu vou estar ao seu lado.
- Você não pode fazer isso, Nanon, nem comigo, nem com o meu irmão, nós precisamos de você!
Eu suspiro e desisto, é difícil convencer alguém que está acostumado a ter tudo o que quer, que ele não pode ter tudo o que quer.
- Pega as suas coisas e venha pra minha sala, nós vamos ler os contratos.

O dia acaba e finalmente paramos de ler, não lemos nem um terço deles, vão alguns dias para ler tudo. O Perth que passou o dia emburrado finalmente sorri quando se levanta para ir embora.
- Até amanhã, cunhadinho!
- Até amanhã.
Eu guardo todos os arquivos, pego a minha bolsa e saio, assim que eu entro no carro vejo o pseudo segurança que o velho colocou atrás de mim, penso em despistar ele, mas é melhor que o incompetente continue atrás de mim, será pior se o velho contratar alguém que realmente sabe o que está fazendo.
Eu chego no meu prédio e estaciono, quando entro o porteiro faz um sinal e eu vou até ele.
- Achei que o senhor gostaria de saber que instalaram câmeras no seu andar. Eu achei estranho quando o rapaz chegou, ele falou que era sobre manutenção de internet, eu fiquei jogando conversa fora e ele acabou contanto que estava colocando uma câmera lá.
- Sabe dizer quem autorizou?
- A manutenção da internet era no apartamento 2, mas o casal que mora lá está de férias, só voltam no final do mês, por isso eu estranhei, como eles saberiam que a internet está com problema?
- Isso foi muito esperto, Alf!
Ele sorri orgulhoso, eu pego três notas de cem da minha carteira e dou pra ele.
- Continue de olho pra mim. Bom trabalho!
- Obrigado, senhor!
Eu me despeço e vou para o elevador, quando paro no meu andar eu tento agir naturalmente, se estão me monitorando eu posso usar isso ao meu favor, pode ter sido o velho ou pior, a mãe de Ohm.
Eu entro no meu apartamento e vou para o apartamento do Ohm, faço o jantar e aproveito que ele não chegou para tomar banho, encho a banheira, tiro a roupa e entro na água, fecho os olhos e relaxo.
Não vejo ele chegando, mas quando percebo os seus lábios já estão tocando os meus.
- Boa noite, meu amor!
Eu abro os olhos e sorrio, estendo a mão e ele tira a roupa com pressa, segura a minha mão e entra na banheira sentando entre as minhas pernas.
- Boa noite! Como foi o seu dia?
Ele começa a contar sobre o seu dia enquanto eu beijo o seu pescoço e o seu ombro, quando para ele olha pra mim e me beija.
- E você, como foi o seu dia?
Eu beijo ele mais uma vez e seguro o seu pau.
- Eu passei o dia pensando em você, Ohm Pawat!

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