Resgate

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Uma luz forte me cega fazendo a minha cabeça girar, sinto cheiro limpeza e a minha volta apenas silêncio, tento me mover, mas não consigo, além da dor e fraqueza, os meus braços e pernas estão presos. Abro os olhos devagar tentando me adaptar a claridade, não ajuda tudo a minha volta ser branco, olho para baixo e vejo que estou preso em uma cama, mas fora ela não tem nada no quarto. As paredes parecem ser revestida de algum material como estofados, isso me dá uma ideia assustadora de onde estou, espero estar errado.

Um ponto preto chama a minha atenção e eu tento focar nele, uma pequena luz vermelha brilha e a câmera se move, isso não é nada bom. Sinto tontura mais uma vez e vontade de vomitar, respiro fundo e fecho os olhos tentando me concentrar.

~•~

Ouço vozes distantes, é a primeira vez em não sei quanto tempo que escuto um barulho diferente do chiado que a câmera faz quando se move, fico de olhos fechados tentando ouvir a conversa para entender o que está acontecendo.

— Ele tem acordado nos últimos três dias, doutor, mas depois de alguns minutos ele está inconsciente novamente.

— Tudo bem, quando ele acordar me avise, tem alguém monitorando?

— Sim, um segurança está observando ele pelas câmeras.

Isso não me diz muita coisa, então quando ouço passos se afastando eu abro os olhos.

— Doutor.

Uma enfermeira se aproxima e me olha preocupada, um homem mais velho para ao meu lado e aponta alguma coisa pra mim, a luz da lanterna faz os meus olhos arderem.

— Como você está se sentindo?

— Eu estou...

A minha garganta dói e estou com um gosto e sensação estranha na boca.

— Traga água pra ele.

A enfermeira se afasta e volta com um copo colocando o canudo perto da minha boca.

— Em uma escala de 0 a 10, quanta dor você está sentindo?

Bebo um pouco da água e nem preciso me mover pra responder essa pergunta.

— Oi... Oito ou nove.

— Você lembra do seu nome?

— Nanon.

— Nanon, em que ano estamos?

— 2024.

— Ótimo. Qual é a última coisa que você lembra?

Eu lembro de muita coisa, mas não sei como vim parar aqui e tenho a sensação de que não posso confiar nessas pessoas, então não digo nada.

— Você lembra do acidente?

Eu nego e ele suspira como se tivesse más notícias.

— O seu carro saiu para fora da estrada e capotou várias vezes, você sofreu vários traumas, principalmente cortes, quando chegou aqui há uma semana tinha perdido muito sangue e estava inconsciente.

Então essa é a história que vão contar?

— Você lembra do acidente?

— Não teve acidente.

Ele me olha sério, então vira pra enfermeira e anota algo em uma prancheta.

— Vamos aumentar a medicação, ele precisa descansar para se recuperar.

— Mas doutor...

O médico não espera para ouvir o que ela tem a dizer, assim que sai a enfermeira pega uma seringa em uma bandeja e aplica alguma coisa no meu braço, o meu corpo começa a ficar pesado e tudo a minha volta fica turvo, fecho os olhos e o meu corpo relaxa.

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