Justiça

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A porta abre e a Love entra, o Ohm me ajuda a vestir a jaqueta e fecha o zíper.

— Eu não preciso de uma cadeira de rodas, Love, as minhas pernas estão muito bem.

— Quanto menos esforço você fizer, mais rápido vai melhorar.

— Eu sei, você tem dito isso nas últimas duas semanas, mas eu estou bem e não preciso de uma cadeira de rodas.

Ela fica me encarando irritada enquanto fala.

— Ohm, quer me ajudar?

— Tudo bem, Love, nós só vamos até o carro, eu cuido dele.

— Porra, vocês são impossíveis!

— Esse é o seu diagnóstico, doutora?

— Vai se foder, Nanon!

Dou risada vendo ela sair levando a cadeira junto, quando viro o Ohm me observa de um jeito constrangedor.

— Adoro o seu sorriso, Non...

Ele me beija se aproximando com cuidado e segura a minha blusa para não me tocar, mas isso já está ficando cansativo, então eu paro de beija-lo e dou um passo para trás.

— Tira a roupa!

A surpresa e o tesão são visíveis no seu olhar, ele me quer tanto quanto eu o quero.

— Agora, Ohm!

— Nanon... Nós não podemos...

Cansativo!

— Nós podemos e vamos fazer, Ohm Pawat!

Sei que se eu tirar a minha roupa não vai ajudar muito, assim que ver os curativos ele vai me impedir, então seguro a sua cintura e o viro de costas pra mim, beijo o seu pescoço e a sua resposta é um gemido de rendição.

A porta abre e ele tenta se afastar, mas eu mantenho ele no lugar segurando a sua cintura.

— Vai embora!

— Senhor...

— Hiroshi, se você não for embora agora eu vou atirar em você.

Quando não há resposta eu olho para trás, ele suspira e entra.

— Está tudo pronto, Ohm.

— O que está pronto?

O Ohm vira sem responder, fecha a minha jaqueta novamente, segura a minha mão e me leva para fora.

Me surpreendo quando chegamos no prédio da minha empresa, sem necessidade nenhuma o Ohm tira o meu cinto, me beija e sai, da a volta no carro correndo e abre a porta pra mim, não aguento e sorrio, ele me olha curioso enquanto estende a mão pra me ajudar a sair.

— Eu lembrei de quando nos conhecemos, ou melhor, de quando nos reencontramos, eu tinha vontade de te bater toda vez que você tentava fazer esse tipo de coisa, acho que você nunca vai mudar, sempre será um gentleman.

Acho adorável como ele fica envergonhado com isso, amo como aquele homem frio e assustador para todos é simplesmente um homem comum e apaixonado quando está comigo.

Nós entramos no prédio indo direto para o elevador, apenas nós três entramos deixando os seguranças para trás, o Hiroshi aperta o botão do terceiro andar e subimos, a porta abre e o Ohm segura a minha cintura me guiando para fora.

— Porque nós estamos aqui, Ohm?

— Justiça.

O Hiroshi entra em uma sala, quando volta está com com vários seguranças e com eles estão a mãe e o pai do Ohm. Eles param na nossa frente e parecem surpresos ao me ver, a lembrança da mãe do Ohm me cortando enquanto falava sobre ter tentado terapia de eletrochoque para curar o filho surge de repente, juro que se tivesse uma arma aqui agora matava ela.

— Hiroshi, mate eles.

Assim que o Ohm dá a ordem o Hiroshi aponta uma arma para a cabeça da mãe dele, quando engatilha eu vou até eles e afasto a arma, não importa o que fizeram, não vou deixar o Ohm ser responsável pela morte dos pais.

— Nanon, eles precisam pagar pelo que fizeram.

Fico triste ao ouvir isso, será que os pais o quebraram tanto que tirar a vida deles não significa nada?

Caminho até o Ohm, seguro o seu rosto e faço ele olhar pra mim, aos poucos ele vai relaxando e a raiva vai dando lugar ao amor.

— Você não é assim, Ohm, não deixe que  façam isso com você, não seja como eles.

— O que fizeram com você, Nanon...

— Eu sei, eles vão pagar por isso, por tudo isso, mas se você matar eles hoje terá que viver com isso para sempre.

— Eu não me importo.

— Eu me importo, porque algo puro em você, algo que eles nunca conseguiram destruir, morrerá junto com eles.

Aquela vulnerabilidade que sempre me fez querer protegê-lo mostra que ele não quer isso, mesmo com a raiva, mesmo querendo vingança, ele não quer isso, porque ele não é assim.

— Vamos fazer isso do jeito certo, vamos entregá-los para a polícia, o irmão do Hiroshi vai juntar todas as provas dos crimes deles aqui, no Japão e na China, e ninguém vai conseguir impedir que eles passem o resto da vida na prisão, é assim que teremos justiça.

— Eles merecem morrer, Nanon.

— Eu sei.

A mãe dele resmunga alguma coisa, mas não conseguimos entender porque ela está com a boca coberta com uma fita adesiva, ela tenta soltar o braço que um dos homens está segurando e o Ohm se move rápido entrando na minha frente, o Hiroshi aponta a arma novamente e olha para o Ohm. Era de se esperar que a mãe dele estivesse surpresa ou assustada com a situação, mas ela apenas o encara com desprezo.

— Eu vou avisar pro promotor que eles estão em casa, levem eles para lá.

A mãe dele resmunga com muita raiva, então chuta atingindo a perna do Ohm, dessa vez eu me irrito, vou até eles, pego a arma da mão do Hiroshi e atiro na sua direção arrancando a sua orelha, o choque fez ela desmaiar na hora, o pai do Ohm tenta ir para trás, mas bate em um segurança, ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo e eu atiro acertando o seu dedo mindinho, o seu grito é abafado e a mão sangra sem parar, devolvo a arma para o Hiroshi e vou até o pai do Ohm.

— Esse é só um aviso, eu vou garantir que vocês paguem por tudo o que fizeram com os seus filhos e comigo, e se alguma coisa acontecer com qualquer um deles eu mato vocês dois, não importa onde estejam.

Eu vou na direção do elevador, após alguns passos o Ohm me alcança e abraça a minha cintura caminhando comigo.

— Você está bem, Non?

— Estou.

Nós entramos no elevador que começa a descer, quando chega no primeiro andar o Ohm aperta o botão de emergência fazendo ele parar, vira pra mim e segura o rosto com as duas mãos.

— Tem certeza que está bem?

— Estou bem, Ohm, eu juro! E você, porque fazer isso com os seus pais?

— Eles não são meus pais, deixaram de ser há muito tempo, talvez nunca tenham sido de verdade.

— Eu sinto muito, Ohm...

Eu o abraço e dou um tempo pra ele, sei que está triste apesar de tudo que fez e falou.

— Eu juro que vou te proteger, Nanon, nunca mais ninguém vai tocar em você!

Espero que ele nunca mais tenha que se por em perigo para me proteger, espero conseguir mantê-lo seguro para sempre, mas eu não quero que fiquemos presos nesse mar de preocupações agora que tudo acabou, então tento o distrair.

— Espero que isso não seja verdade, porque eu quero muito que você me toque hoje, a noite toda!

Ele dá risada e beija o meu pescoço.

— Eu te amo, Nanon!

— Eu também te amo, Ohm Pawat!

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