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Tempos sombrios

Chego em casa e já são três da manhã, guardo o dinheiro no cofre e vou tomar banho, coloco um pijama e vou para o quarto do Ohm, entro em silêncio, deito ao seu lado e o abraço, estou quase dormindo quando ele vira e me abraça também.
- Achei que você não ia voltar hoje.
- Eu falei que viria. Como foi o jantar?
Ele se afasta de repente totalmente desperto e me olha surpreso.
- Como você sabe sobre o jantar?
Droga, esqueci que não tinha falado sobre isso com ele, só avisei que ia viajar com o Perth.
- O presidente queria que eu fosse com o Perth no jantar, por isso nós viajamos.
Ele senta e passa a mão pelo cabelo, eu suspiro, sento também e seguro a sua mão que está puxando o cabelo.
- Está tudo bem, ele queria que eu fosse como seu representante.
- Ele sabe sobre nós?
- Sabe, quando eu fui baleado o Perth me levou para a casa deles.
Ele fica me encarando por um momento muito surpreso.
- Não era um sonho...
- O que?
- Você, na casa do Perth... Ele me chamou para dormir na casa dele porque no outro dia ele ia para o Japão e não sabia quando voltaria, eu achei estranho principalmente porque ele insistiu muito, ficou mais estranho ainda quando ele falou para eu ir dormir porque não estava parecendo bem... - Ele toca o meu rosto e olha nos meus olhos. - Eu sonhei com você aquela noite...
- Não era um sonho.
Eu vejo a dor no seu olhar, não deve ser fácil assimilar isso, saber que me viu vivo, mas acreditou que era um sonho. Ele fecha os olhos por um momento e suspira.
- Eu não quero você perto da minha mãe, Nanon, ela pode falar coisas... Coisas que eu ouvi por toda a minha vida e não quero que você ouça...
Se o problema fosse só que ela pode dizer a nossa vida seria muito mais simples, mas o tom de voz dele me causa um nó na garganta.
- Que tipo de coisas, Ohm?
Ele me olha e sorri.
- Nada, só não chega perto dela.
- Que tipo de coisas, Ohm?
Ele suspira, segura a minha mão e beija a palma.
- Depois do que aconteceu na adega ela me internou, falou que tinha algum problema comigo... Com a minha cabeça... Que eu não era normal. Eu fiquei muito confuso na época, dividido entre não entender porque o que fizemos era errado e ter a minha mãe e vários médicos me tratando como um louco, com terapias, medicamentos, isolamento...
Ele fecha os olhos e deita no meu colo, eu tiro o cabelo que está no seu rosto e espero ele continuar.
- É assim que ela me vê... Que ela vê o que nós somos, como uma doença, algum tipo de distúrbio ou loucura, ela não aceita que dois homens possam se amar.
Nada disso que ele está dizendo é novidade pra mim, o Perth contou que ele foi internado e o Ohm contou sobre as terapias que foi obrigado a fazer, mas ver tudo isso no mesmo quadro é horrível, que tipo de monstro faz uma coisa assim com o próprio filho? Pior, um adolescente, quase uma criança. Ele acabou se fechando para o mundo e focou em se tornar o homem que é hoje, mas poderia ter sido muito pior, já vi pessoas se drogando e até mesmo se matando por muito menos.
- Nada do que ela possa dizer vai me afetar, Ohm.
- Mesmo assim...
Ele fica me encarando como se quisesse dizer mais, mas não diz nada, eu passo a mão pelo seu rosto, me abaixo e o beijo.
- Eu encontrei com ela.
- Quando?
- Quando você me encontrou naquele hotel, eu vim para representar o presidente em um jantar e os seus pais estavam lá.
Ele me olha assustado e eu sorrio.
- Ela não me reconheceu, então se essa é a sua preocupação pode ficar tranquilo.
- Ela não te reconheceu?
- Não, até falou que queria me apresentar para o filho.
- Sério?
Eu dou risada e aceno.
- Ela acha que eu posso ser uma boa influência pra você.
- Porque?
- Não é importante, o importante é que mesmo que eu me encontre com ela não será um problema, é só trabalho.
- Que tipo de trabalho?
- Na época eu era gerente do Cassino, agora eu acho que vou ter que aprender outra função.
- É seguro?
- Eu vou ficar bem.
Sei que ele percebeu que eu não respondi a sua pergunta, eu espero ele me questionar novamente, mas ele muda de assunto.
- Pra onde vocês foram?
- China, o Perth escolheu, eu só precisava de uma desculpa para não ir para o jantar.
- Quando quiser viajar você pode ir comigo, porque ir com o meu irmão?
- Ninguém questiona a indisciplina do Perth, mas vamos fazer qualquer dia desses, vamos viajar só nós dois.
-  A praia, como nós planejamos quando...
Ele fecha os olhos e suspira, provavelmente está voltando para tempos sombrios e eu não quero que ele volte para lá, então eu beijo ele.
- Praia não, o que você acha de um chalé, talvez em um lugar chuvoso, não fazer nada, apenas nós dois em uma cabana, com o som da chuva e uma lareira.
- Isso parece bom.
- Vamos no final de semana, escolhe um lugar que dê pra ir de carro.
Ele sorri e acena várias vezes.
- Você está cansado?
Ele dá um sorriso muito safado e me beija, segura a minha mão e coloca no seu pau.
- Estou acordado o suficiente pra você?
Eu olho para baixo e sorrio.
- Não sei, talvez você precise de uma ajudinha.
Ele levanta a sobrancelha meio ofendido e sorrio.
- Deita.
Ele fica me encarando e responde.
- Não.
Eu quase dou risada, não acredito que ele está me provocando. Eu aperto o seu pau e ele fecha os olhos segurando um gemido, me aproximo devagar e mordo a sua orelha.
- Se entrega, Ohm Pawat!
Ele geme mais uma vez, eu me afasto e levanto, ele abre os olhos e me observa enquanto eu tiro o pijama.
- Levanta!
Ele fica parado por alguns segundos, então levanta.
- Vira!
Ele vira, eu me aproximo e tiro a sua cueca.
- Porque você está dormindo sem pijama, Ohm Pawat?
Ele geme e não responde, eu passo a mão pela sua bunda, desço até a sua coxa, seguro e levanto a sua perna direita até ele colocar o pé na cama.
- Não se mexe.
Eu beijo o seu pescoço, desço beijando as suas costas e faço ele se curvar, seguro a sua cintura e meto nele com tudo, ele geme muito alto,  segura o próprio pau e se masturba. Quando gozamos ele se joga na cama, eu deito ao seu lado e fico observando ele sorrindo, esse sorriso tão perfeito que ele reserva apenas para mim.
- Eu te amo, Ohm Pawat!
- Eu também te amo!