Rótulos

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Fico observando enquanto o Ohm pede o nosso almoço para o garçom, ele fala em inglês fluente com graça e firmeza, esse homem realmente nasceu para ser dono do mundo.
O garçom se afasta, ele vira pra mim e sorri, o seu telefone toca ele suspira.
- Sinto muito, eu tenho que atender, mas já volto.
- Tudo bem.
Enquanto ele se afasta eu observo as suas pernas longas, a cintura fina e ombros largos, como ele mesmo disse, acho que se não fosse por tudo que eu passei eu acreditaria que ele é uma invenção minha.
- Você ama ele!
Por um momento eu esqueci que o irmão estava aqui, eu olho para ele e penso em negar, mas o Chimon sempre disse que eu nunca consegui esconder quando gosto de alguém, então não tem porque.
- Eu amo.
- Porque vocês não namoram?
- É complicado.
Ele levanta uma sobrancelha e eu suspiro, não vou falar da nossa história, não sei quanto ele sabe, então apenas dou de ombros e falo o óbvio.
- Ele é ele e eu sou um barman.
Ele dá risada e bebe um pouco de água.
- E eu sou um bastardo, são apenas rótulos, não significam nada!
Essa informação me pega de surpresa.
- Bastardo?
- Pois é, filho ilegítimo, digamos que o meu pai não é exatamente um homem fiel.
Eu nem sei o que dizer sobre isso, na verdade não sei nem o que pensar.
- E a mãe do Ohm?
- Você conheceu a bruxa? Nossa, aquela me odeia, acho que se pudesse tinha me afogado em uma banheira quando eu era criança, provavelmente por isso o meu pai nunca deixa ela chegar perto, ele é o único que consegue controlar a víbora. Claro que se ela tentasse o meu avô matava ela, isso ajudou um pouco.
Pelo menos eu não sou o único que odeia ela, o irmão do Ohm acabou de ganhar muitos pontos comigo.
- Me conta a história de vocês.
Ele se aproxima como se fosse ouvir um segredo e eu suspiro.
- Não tem o que contar, nos conhecemos em uma festa e não nos vimos mais até ele comprar o bar.
O Ohm senta e o irmão me olha decepcionado, não sei o que estava esperando, mas pelo jeito ele queria mais drama.
- Problemas?
O Ohm acena para o irmão.
- Uma das subsidiárias teve problema na produção.
- O rei viaja e o reino entra em colapso!
- Não seja exagerado, não é nada que não consigam resolver.
O idol rebelde encara o Ohm por um tempo e sorri.
- Gosto dessa sua versão "foda-se tudo!".
Ele ignora o irmão e vira pra mim.
- Escolhe o vinho?
- Claro.
Ele chama o garçom, pede a carta de vinhos e me dá.
- Você pediu Einbein, para harmonizar com esse prato eu recomendo um vinho tinto encorpado e com boa estrutura. Um Pinot Noir com taninos suaves e notas de frutas vermelhas pode equilibrar a gordura e intensidade do Einbein.
O Ohm sorri encantado quando eu devolvo a carta de vinhos e pede o vinho que eu indiquei para o garçom.
- Especialista em vinhos?
Nós olhamos para o idol que parece surpreso, eu concordo.
- Mas ele pediu uma comida típica alemã, como você sabe o que vai combinar?
- Eu conheço alguma coisa sobre culinária internacional.
- Legal, você devia trabalhar com isso, devia abrir um restaurante.
Eu apenas sorrio e não digo nada, acho que um rico nunca vai entender que a vida não é tão simples assim.
- Então, Ohm, o Nanon estava contando que conheceu a bruxa.
O Ohm fica rígido e olha sério para o irmão, inicialmente eu acho que ele ficou irritado pela maneira que o Perth se referiu a sua mãe, mas me surpreendo quando ele fala em um tom baixo e super assustador.
- Nunca mais fale sobre ela com o Nanon!
O Perth fica sério de repente, o que não é normal e acena uma vez, os dois ficam se encarando até o garçom voltar com o vinho. Ele serve uma taça e eu faço a degustação, quando aprovo ele serve os outros.
O clima ficou estranho depois disso, o Ohm virou aquele homem frio e o Perth parou com as piadas e comentários irônicos.
Quando o almoço acaba o Perth diz que vai voltar para o hotel, mas acho que só quer se livrar de nós, o Ohm apenas concorda e me guia para fora do restaurante, quando chegamos na frente ele olha em volta e esperamos, um manobrista trás o seu carro e ele procura alguma coisa no celular, liga o carro e dirige em silêncio.
Chegamos em um cais e o Ohm estaciona, quando tira o cinto e vai abrir a porta eu seguro a sua mão, toco o seu rosto e faço ele olhar pra mim, odeio quando ele me olha desse jeito, do mesmo jeito que olha para todo mundo, frio e distante. Odeio quando ele se fecha pra mim.
- Eu te amo!
Eu consigo sentir ele prendendo a respiração enquanto a surpresa toma conta do seu rosto, ele leva vários segundos para se controlar e finalmente sorrir.
- Eu também te amo! Sinto muito pelo meu irmão, ele não tem filtro.
- Está tudo bem, ele não falou nada demais.
Ele continua sorrindo enquanto olha nos meus olhos, então me aproximo e o beijo.
- Vai me contar o que estamos fazendo aqui?
- Eles alugam barcos elétricos aqui, não precisa de licença e são fáceis de pilotar, pensei em dar uma volta.
- Legal, nunca transei em um barco.
O seu sorriso aumenta e ele me beija mais uma vez, nós saímos do carro e vamos até um homem que está sentado em uma cadeira olhando para o rio, acho que por ser terça não tem movimento, até onde eu consigo ver não há nenhum barco em movimento.
O Ohm conversar com ele e entrega o cartão de crédito, nós vamos para um dos barcos e entramos, tem três sofás que ocupam todo o barco, eu sento e o homem fica ensinando o Ohm a pilotar, quando o homem sai o Ohm sorri pra mim e o barco começa a se mover.
O barco é silencioso e isso me surpreende, não é muito rápido, mas não acho ruim, é um passeio não uma fuga, não tem porque ter pressa.
Depois de mais ou menos meia hora, quando já não conseguimos ver o pier o Ohm para o barco e desliga, senta ao meu lado e me abraça, eu deito no seu ombro e ficamos olhando a paisagem em silêncio.
- Você está com problemas na empresa por estar aqui comigo?
Eu me afasto e olho para ele que sorri e nega.
- São problemas comuns, aconteceriam mesmo que eu estivesse lá, não se preocupe.
- Você não prefere voltar? Eu posso ficar com os outros barmans.
- Eu não vou a lugar nenhum sem você, Nanon!
Não sei porque, mas tenho impressão de que ele está falando em algo que vai além dessa viagem.
Ele toca o meu rosto e fica me encarando, antes que ele diga algo que pode acabar com o passeio eu mudo de assunto.
- O Perth contou que é seu meio irmão.
Ele se surpreende, então sorri.
- É verdade, ele é filho de uma amante do meu pai.
- Vocês parecem ser próximos.
- Somos, o meu pai sempre nos levava para viajar juntos, as vezes ele ficava na minha casa, mas a minha mãe não gostava, então o meu pai evitava, acho ele tinha medo dela fazer alguma coisa.
- Ele estava protegendo o seu irmão.
- Não, estava protegendo ela.
Eu fico confuso, mas ele apenas sorri.
- Não vamos falar sobre a minha família, vamos falar sobre transar no barco.
Ele se aproxima e me beija, faz eu deitar no sofá e deita sobre mim, fica olhando para o meu rosto por vários segundos, enfim me beija e coloca a mão por dentro da minha calça segurando o meu pau.



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