Capítulo Especial - Ohm

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Acordo sentindo o seu cheiro e chego mais perto, o Nanon dormiu com o cabelo molhado, o que fez ele ficar armado meio enrolado na parte de cima da sua cabeça, me fazendo lembrar daquela vez que eu fui até o seu apartamento dias depois de eu finalmente ter contado para ele sobre o nosso passado, ele estava sem tomar banho há dias e o cabelo estava assim, só que sujo, isso foi há tanto tempo...

Eu inspiro sentindo o seu cheiro mais uma vez e levanto devagar, visto o meu roupão e desço em silêncio, vou para a cozinha e preparo café. Engraçado como o cheiro se tornou atraente pra mim no momento em que o Nanon voltou para a minha vida, antes disso o cheiro só me fazia sentir dor, evitava café para não lembrar e usava o álcool para esquecer, mas no fim nada adianta, pois tudo me fazia lembrar dele.

A torradeira apita e eu coloco o pão em um prato, esquento leite e coloco em um pequeno bule de porcelana, quando o café fica pronto eu coloco em outro bule e devolvo a jarra na cafeteira, por fim pego uma maçã e pico, isso é o suficiente, ele não gosta de comer muito de manhã.

Organizo tudo o que preparei em uma bandeja, passo manteiga na torrada e fico olhando, parece que falta alguma coisa... Eu tenho uma ideia e saio pela porta da cozinha, vou até um jardim que tem na lateral da casa e pego uma flor vermelha, parece uma tulipa, mas não entendo muito de flores. Volto para a cozinha e penso no que colocar a flor, mas não acho nada que dê pra usar, então coloco ela deitada ao lado do prato com os pães. Olho para a bandeja mais uma vez e fico satisfeito com o resultado, então seguro ela pelas laterais e subo.

Entro no quarto e ele está exatamente do jeito que eu deixei, coloco a bandeja na mesa de cabeceira e sento ao seu lado, tiro o cabelo do seu rosto e fico observando enquanto dorme.

É incrível, doze anos se passaram, mas ele não mudou nada, está exatamente igual aquele menino desconhecido que me enfeitiçou com o seu sorriso, até hoje eu não entendo porque eu fiz aquilo com ele, eu me senti atraído e queria apenas beija-lo, mas nós acabamos fazendo o que fizemos. Ele deixou uma marca tão profunda na minha alma que nunca mais consegui olhar para outra pessoa, teve uma época que pensei que ficaria sozinho pra sempre, foi quando comecei a procurar por ele, acho que se não fosse por tudo que a minha mãe me fez passar eu acabaria pensando que ele foi invenção da mente de um jovem perturbado.

- Adoro quando você faz café da manhã pra mim.

- E eu adoro você!

Aquela covinha linda se forma no seu rosto quando ele dá um sorriso preguiçoso, eu me abaixo e beijo os seus lábios macios.

- Bom dia, meu amor!

- Bom dia, Ohm Pawat!

Eu sinto o meu coração acelerar como acontece toda vez que ele fala o meu nome desse jeito, é como se me chamar de Ohm Pawat fizesse eu único pra ele assim como ele é único pra mim.

- Senta para comer.

- E se eu comer deitado?

- Eu vou adorar.

Ele sorri mais uma vez, estende o braço e pega o celular, então suspira.

- Infelizmente não vai dar, eu tenho que conversar com o velho e descobrir se é seguro para vocês saírem por aí.

Odeio tudo isso, odeio que ele tenha se envolvido com o avô do meu irmão e os negócios dele, odeio que ele tenha que travar essa batalha com tantas pessoas poderosas e odeio que ele tenha mudado tanto, apesar de amar o homem que ele se tornou, forte e destemido, ousado e decidido, um homem que não tem medo de me amar e não me afasta, um homem que quer viver comigo para sempre.

Ele senta e passa a mão pelo meu rosto, adoro o seu toque e a sua preocupação.

- Você está bem, Ohm?

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