O necessário e seguro

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Entro na minha sala, não demora muito o Perth entra também.
- Achei que não ia conseguir nem sentar hoje, cunhadinho. Quer uma almofada?
- Vai se foder, Perth!
Ele sorri e senta na minha frente.
- Como foi? O meu irmão sabe que você é você?
- O seu irmão me reconheceria em qualquer lugar, nem se eu quisesse conseguiria enganar ele.
- E o que você disse pra ele?
- Quase nada, ele não faz ideia de que a mãe mandou me matar, prefiro que continue assim.
- O meu irmão não aceitaria ficar no escuro.
- Ele não tem opção.
- Se você acha que ele vai aceitar isso, você não o conhece direito.
- O seu irmão não quer ver as coisas que a mãe faz, não seria difícil ele descobrir que foi ela que mandou me matar se ele quisesse, mas eu não o culpo, é a mãe dele.
- Você que sabe. Então, o que você vai fazer agora?
Eu olho para a porta e pra ele e penso em quanto contar.
- Eu estou comprando ações com o dinheiro que consegui em Vegas, não quero chamar atenção, então estou comprando no máximo 5% em várias empresas diferentes.
- Pra que isso?
- Eu preciso de muito dinheiro pra ir contra o seu pai... e provavelmente o seu avô também.
- O meu avô?
- Perth, o que nós estamos fazendo aqui?
Ele faz uma cara muito confusa e eu suspiro.
- Ele sabe que o meu plano era conseguir o máximo de dinheiro possível antes de voltar e no Cassino eu conseguia ganhar bem. Porque ele ignorou os meus planos? Porque estamos no escritório sem fazer nada?
Ele pensa por um momento e levanta os ombros.
- Controle?
- Exatamente, ele não está conseguindo me controlar, então não vai deixar eu ficar forte, eu sou uma ameaça pra ele, tanto quanto sou para a mãe do Ohm, porque no momento em que eu for atrás deles o velho vai ter que escolher um lado... E você também.
- Eu? Porque?
- Você vai entender quando chegar a hora.
- Ok, você está comprando as ações e depois?
- Sinto muito, mas eu não posso te contar o resto do meu plano.
- Porque?
- Você não vai gostar e pode tentar me impedir.
- O objetivo ainda é proteger o meu irmão?
- Sempre será.
- Então eu não vou te impedir.
- Mesmo assim é melhor você não saber.
Ele suspira e concorda.
- E o garçom bonitinho?
- Eu não sei... Queria contar pra ele que estou bem, mas isso pode fazer dele um alvo.
Ele sorri, depois fica sério.
- Não chega perto dele, Perth.
Ele revira os olhos e levanta.
- Estamos com a tarde livre, você nem precisava vir.
- Você vai sair?
- Vou.
- Posso usar o seu computador?
- Pra que?
- Posso ou não posso?
- Pode, a senha é o meu aniversário ao contrário.
- Ok.
Ele sai e eu pego as minhas coisas, vou para a sala dele, entro no computador e vejo o acesso que ele tem liberado, como imaginei ele tem acesso livre aos arquivos da empresa, ele é o herdeiro e as pessoas tem o péssimo hábito de subestimar ele.
Eu começo a baixar todos os arquivos e passar para um pendrive, foco principalmente nos negócios com os membros da organização, esse vai ser o meu seguro contra o avô do Perth e o primeiro passo para enfraquecer os pais do Ohm, eu vou derrubar toda a organização colocando um contra o outro, eles vão acabar um com o outro pra mim.

Chego no meu apartamento, guardo as minhas coisas, coloco o pendrive no meu cofre e vou para o apartamento do Ohm, eu abri uma porta que liga o meu closet ao dele, facilitou bastante os apartamentos serem espelhos um do outro.
Ando pelo apartamento e ele ainda não chegou, então vou para a cozinha e preparo o jantar para nós, nunca tive oportunidade de cozinhar para ele antes de tudo começar, vou fazer sempre que for possível.
Vou até a adega e escolho um vinho branco para marinar a carne e sirvo em uma taça, olho para ela e penso em fazer a degustação, mas desisto, isso é algo que o Nanon faria, não posso correr o risco de voltar aos velhos hábitos, me confundir e fazer algo assim em público, então apenas bebo o vinho.
Escuto a porta abrindo e vou para a sala, quando me vê o Ohm fica em choque por um momento, anda rápido na minha direção, segura o meu rosto e me beija.
- Eu juro que passei o dia inteiro pensando que foi tudo um sonho.
- Não foi, meu amor, eu estou aqui, estarei sempre aqui.
Ele me beija mais uma vez e levanta a minha camiseta, eu seguro a sua mão, beijo e me afasto.
- Não podemos fazer isso agora, eu estou fazendo o jantar.
- Você está cozinhando?
Eu aceno concordando e ele sorri, toco os seus lábios e o beijo.
- Quer beber alguma coisa?
- Você está com um gosto delicioso, eu bebo o que estiver bebendo.
Eu pego uma taça no bar e seguro a sua mão levando ele para a cozinha.

- Isso está incrível!
Eu fico observando ele comendo um pedaço grande de carne e bebendo o vinho, a campainha toca e ele me olha surpreso, levanto para ir para o meu apartamento, mas ele faz um sinal para eu ficar, sai e fecha a porta, ouço ele falando alguma coisa, mas não dá pra entender o que, eu devia ter voltado para o meu apartamento.
- NANON?
Mas que droga, Perth! Eu suspiro e vou até a porta, quando abro ela congelo. Ele fica olhando para mim, de repente corre na minha direção, me abraça e começa a chorar.
- Eu sabia, sabia que você não tinha morrido!
Eu olho para o Perth que sorri e abraço ele.
- Está tudo bem, Chimon, eu estou bem.
Ele se afasta, sorri, então vira para o lado.
- Seu filho da puta mentiroso! Você disse que ele tinha morrido!
Ele avança pra cima do Ohm e eu o seguro.
- Ele não sabia, a última vez que ele me viu eu estava quase morto.
- Como você sabia que ele estava aqui, Perth?
O Perth olha para o Ohm que fez a pergunta e depois pra mim com cara de culpado.
- Ele ia acabar descobrindo, Nanon...
Eu quero matar ele, mas agora não adianta, pra variar ele fez o que queria sem pensar nas consequências.
- Foi o Perth quem me salvou, Ohm.
- Como...
Eu vou até ele e seguro o seu rosto.
- Você confia em mim?
- Você sabe que sim.
- Confia que eu vou contar o que for necessário e seguro?
Ele suspira e acena.
- Eu prometo que quando isso acabar eu conto tudo para você, por enquanto você vai ter que confiar em mim.
Ele fica me olhando eu quase consigo ouvir o cérebro dele trabalhando enquanto junta as peças.
- Você está trabalhando com o avô do Perth? Por isso você tem dinheiro?
- Sim.
- Nanon...
- O necessário e seguro, Ohm.
Ele olha para o irmão e suspira mais uma vez.
- Você está metido com os negócios do avô dele?
- Não os ilegais.
Ele fica me encarando por um momento, acho que ele está pela primeira vez se questionando se confia mesmo em mim.
- Quanto tempo você precisa?
Eu fecho os olhos e tento organizar os meus planos na minha cabeça.
- Dois anos.
- Então eu te dou seis meses, se você não me contar a verdade em seis meses o Perth vai contar.
Eu calculo mais uma vez se consigo garantir a segurança dele em seis meses independente dos meus planos, então eu tenho uma ideia que pode me ajudar com isso e concordo.
- Seis meses.
Ele sorri e me beija, eu lembro do Chimon e viro pra ele.
- Eu sinto muito...
Ele caminha até nós e me abraça mais uma vez.
- Se você fizer isso de novo, eu mesmo te mato!
- Tudo bem. Agora me conta, como foi que o Perth te convenceu a vir até aqui?
Ele olha para o Perth que pisca pra ele e eu sei que não vou gostar nada disso.

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