LXXV

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É estranho dizer que tenho a sensação de que o meu coração está apertado, mas é exatamente como eu me sinto, mesmo assim tentei me manter firme até o fim, tenho certeza que no meu primeiro vacilo o Ohm jogaria tudo para o alto e se recusaria a sair do meu lado, agora ele está cada vez mais distante indo para a direção da área de embarque do seu avião. Mais uma vez o meu coração aperta em pensar nele sozinho dentro de um avião, queria muito poder ir com ele.

— Eu não posso mesmo ir com o senhor, Pawat?

Olho para o NewYear que observa o Ohm partir como um filho que está vendo o pai sair de casa, o laço deles está cada vez mais forte, tanto quanto é com o Perth. O Ohm olha para trás uma última vez, sorri e passa pela porta.

— Eu preciso da sua ajuda para analisar os relatórios dos cassinos.

— Entendi...

Ele suspira e continua olhando para a porta com um olhar frio, quando ele está irritado ou contrariado ele faz isso agora.

— Vamos lá, fazemos uma vídeo chamada mais tarde pra saber como ele chegou.

Com mais um suspiro ele concorda e me segue.

— Senhor... É verdade... Que mandaram prender o pai do senhor Pawat e o presidente?

— É verdade.

— Porque?

— Porque é isso que acontece com criminosos, não importa quão ricos e influentes eles sejam, um dia todos pagam pelos seus erros.

Ele acena concordando e fica em silêncio como se estivesse analisando o que eu disse.

— O senhor não gosta deles, não é? Não são pessoas boas.

Acho interessante ele ter chegado a conclusão de que eu não gostar deles significa que não são pessoas boas, mas acho melhor explicar.

— Nunca tive muito contato com o pai do Ohm, não tenho uma opinião definitiva sobre ele, mas acho que ele é condescendente e manipulável, alheio as coisas que acontece a sua volta e ganancioso. Apenas o fato dele ter usado o Perth em uma barganha para conseguir apoio do presidente Tha me diz muito sobre ele como homem e como pai.

Ele presta atenção em tudo o que eu falo, mas não consigo focar nele por muito tempo, a minha atenção está voltada ao meu redor, não queria trazer ele comigo, é muito arriscado, mas sei que tanto ele quanto o Ohm ficariam tristes se não pudessem se despedir.

— Com o presidente Tha eu tenho um relacionamento complicado, eu devo a minha vida a ele, apesar dessa dívida ter sido paga a lembrança de que eu teria morrido sem a sua ajuda permanece. Ele é um gangster e não valoriza a vida, mata qualquer pessoa sem pensar duas vezes, tenho certeza que me mataria assim que eu perdesse a utilidade. A sua lista de crimes provavelmente o manteriam na prisão pelo resto da vida, mas ele acha que é inalcançável.

Um dos seguranças aponta para a esquerda sinalizando a saída que o carro vai estacionar para nos pegar, eu viro e o garoto me acompanha.

— Então, se você quer saber se eu gosto dele, eu diria que a resposta é que não há nada para gostar, não tenho laços com eles apesar de amar muito o Ohm e o Perth, e sinceramente, os dois estariam muito melhor sem o pai e o avô tentando fazer eles seguirem os seus passos no mundo do crime.

— Então são pessoas ruins.

Ele diz isso como se estivesse fazendo um resumo do que eu disse, mas não está errado, são pessoas ruins, apesar de não querer influenciar a sua opinião é importante ele saber quem essas pessoas são.

— O senhor acha que voltamos em três dias mesmo?

— Nós vamos voltar, eu garanto.

— E será que eu posso sair...

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