Fim iminente

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O Ohm estaciona o carro na frente do meu apartamento e olha para mim, eu solto o cinto de segurança e viro para ele.
- Vai me contar porque está assim?
Ele suspira e solta o próprio cinto, vira para mim e segura a minha mão.
- O que aconteceu, Ohm?
- Eu tenho impressão que voltamos para onde estávamos há uma semana... É estranho estar de volta.
- Estamos longe de como estávamos há semana, com certeza a semana passada eu não estaria aqui, você não estaria segurando a minha mão e eu não diria que eu te amo. Eu te amo!
Ele sorri, mas não parece melhor.
- Quando o seu colega volta?
- Quando o bar inaugurar.
- Você vai ficar sozinho?
- Acho que vou passar alguns dias na minha mãe.
- Fica comigo...
Ele fala baixo e não olha nos meus olhos.
- Ohm...
- Eu posso ficar aqui?
- Você vai ficar no meu apartamento minúsculo que fica no subsolo?
- Eu não me importo, contanto que você esteja junto.
Ele olha para mim daquele jeito que sempre me quebra.
- Ohm, estamos indo rápido demais, você não acha?
- Não, não acho. Não estou pedindo para você vir morar comigo ou pra ir morar com você, eu não quero que você fique sozinho...
- Então se eu for pra minha mãe e ficar por lá tudo bem pra você?
Ele me olha nervoso, mas concorda.
- Mentiroso!
Eu dou risada e ele sorri envergonhado.
- Ok, eu quero que você fique comigo, mas também não quero que você fique sozinho, principalmente aqui.
Ele olha em volta como se fosse encontrar um bandido com uma arma a qualquer momento, claro que com esse carro não me surpreenderia se acontecesse.
- Vamos fazer assim, eu fico com você hoje e amanhã eu vou para a casa da minha mãe, fico lá até quinta e volto na sexta para ir para a praia.
- Volta na quarta?
- Quinta a tarde.
- Dorme comigo na quinta?
- Durmo, mas não fique mal acostumado, não posso dormir sempre lá.
- Se quiser você pode.
- Ohm...
- Ok. Quer que eu entre com você?
- Não, vai trabalhar, vem me buscar a noite.
Ele não parece muito feliz com isso, mas acena, eu beijo ele e saio do carro, pego a minha mochila no porta malas e espero ele ir, mas acho que ele está esperando eu entrar, então para não estender isso mais do que o necessário eu entro no meu apartamento.
Olho em volta e o Chimon deixou a maior bagunça quando viajou, então a primeira coisa que eu faço e jogar o lixo fora, passo o dia limpando o apartamento e lavando a minha roupa, aproveito para lavar algumas roupas que o Chimon deixou jogadas pelo apartamento, ele é tão desorganizado quanto eu. Quando estou colocando a roupa no varal eu escuto o meu celular, vou correndo pegar ele achando que é o Ohm, mas é o Chimon fazendo uma chama de vídeo.
- Chegou em casa?
- De manhã, eu falei que chegaria cedo.
- O Iceberg está por aí?
- Já falei pra não chamar ele assim.
- Fala sério, Nanon, o cara é um deus, mas tem que ter coragem pra chegar perto.
Eu reviro os olhos e dou risada, uma das coisas que eu mais gosto no Ohm é exatamente o fato dele se abrir apenas para mim e ser frio com o resto do mundo.
- Ele está aí?
- Claro que não, ele tem uma empresa, precisa trabalhar.
- Até parece, o cara largou tudo pra ir atrás de você em outro país.
- Não foi assim.
- Me poupe, Nanon!
Eu mostro o dedo do meio pra ele que dá risada.
- Me conta as novidades, nunca dava pra conversar com ele grudado em você.
- Primeiro, para de implicar com ele.
Ele faz uma careta debochando de mim, depois faz um sinal para eu falar, eu penso um pouco e suspiro.
- Ele me pediu em namoro.
- Ele o que?
- Você escutou.
- Então acabou?
- Eu aceitei.
- UAU, isso é uma baita novidade. O que aconteceu com aquele cara que sempre terminava quando as coisas ficavam sérias?
Eu dou risada, ele está certo, eu tenho um longo histórico de términos, nunca tive um namorado de verdade, não importa quanto eu gostasse do cara ou da garota, eu sempre terminava quando as coisas ficavam sérias.
- Eu sabia que você estava apaixonado, eu te conheço. Ele é bom de cama?
- Eu não vou falar sobre isso com você.
- Chato! Mais alguma novidade?
Muitas, mas quase nada que dê pra contar, então eu penso um pouco mais.
- Lembra do idol rebelde?
- Quem?
- O cara que foi procurar o Ohm no bar quando eu estava bêbado.
- Claro que eu lembro, já tive somos quentes com ele.
- Chimon!
Ele revira os olhos e eu me arrependo de ter entrado no assunto, mas agora já comecei.
- Ele é irmão do Ohm.
- Sério?
- Sim, ele foi para a Alemanha também.
- Merda, devia ter chantageado o Iceberg pra ir junto.
- Chimon!
- Ok, é brincadeira, mas agora que vocês são próximos você pode me apresentar, estou louco para tornar os meus sonhos quentes realidade.
- Nem pensar.
- Tudo bem, tenho certeza que o Iceberg vai querer ganhar alguns pontos comigo para ficar bem com você, eu peço pra ele me apresentar.
- O cara é encrenca!
- Esses são os melhores!
Ele não tem jeito, se eu tiver sorte até ele voltar já esqueceu desse assunto.
- Eu vou pra minha mãe amanhã.
- Manda um abraço pra ela. Vai ver o seu pai?
- Não tenho certeza...
Ele me olha preocupado, mas não vou entrar nessa, ele que foi um babaca que não aceitou que o filho era gay e me espancava sempre que tinha oportunidade até a minha mãe não aguentar mais e expulsar ele de casa, não vou me sentir culpado por não ir atrás.
- Trouxe um presente pra você da viagem e você vai adorar as bebidas que eu aprendi a fazer, vou comprar algumas coisas para treinar em casa.
- Não foi aprender a fazer café?
- Claro que não, tem muitas bebidas diferentes, não apenas café, eu aprendi cinco formas diferentes de fazer o cappuccino que você adora.
Ele sorri como se tivesse recebido a melhor notícia do mundo e a campainha toca.
- Deve ser o Ohm, eu tenho que desligar.
- Porque ele está aí?
- Não fique de implicância com ele, Chimon, ele é meu namorado.
- Nunca imaginei que ia ouvir as palavras meu namorado saindo da sua boca.
- Vai se ferrar!
- Só se for com o... Como você chamou? Idol rebelde!
Eu mostro o dedo do meio e ele dá risada, a campainha toca e eu caminho até a porta.
- Eu vou desligar, Chimon, vai me atualizando da viagem.
- Falou!
Eu desligo e abro a porta, o Ohm sorri, abraça a minha cintura e me beija.
- Estava morrendo de saudade!
Esse sabe ser exagerado, mas eu também estava, senti falta dele o dia inteiro.
- Você está pronto?
- Quase, tenho que colocar algumas roupas no varal.
Eu corro para a lavanderia e penduro as roupas que estão na máquina enquanto ele fica na porta me observando, quando termino vou até ele.
- Me espera aqui que vou tomar banho e trocar de roupa.
- Só troca de roupa, deixa pra tomar banho comigo, estou louco pra te foder na banheira.
Ele me beija mais uma vez, mas dessa vez ele não para, anda para trás me levando junto, então entra no meu quarto, tira a minha roupa e me empurra para a minha cama, tira a própria roupa e deita sobre mim.
- Ohm, eu passei o dia inteiro limpando a casa, preciso tomar banho.
Ele me ignora e antes que eu perceba já está com o meu mamilo na boca, ele chupa forte, morde e depois lambe, segura o outro e belisca, sinto o meu corpo quase convulsionando enquanto ele abre as minhas pernas.
- Ohm...
- Tudo bem, só se entrega!
Ele me penetra devagar e gememos junto.
- Que delícia, Nanon... Pede pra eu te foder...
- Me fode, Ohm!
Ele me beija e se afasta, fica de joelhos e me fode com força.

Eu saio do banho e vou para o meu quarto, o Ohm está deitado na cama com um livro na mão, ele mostra a capa pra mim e pergunta.
- Lovecraft?
Eu sorrio e concordo.
- Foi uma fase, algo sombrio na escrita dele me atraia... Talvez a visão da insignificância da humanidade e o seu fim iminente.
Ele me olha surpreso, eu vou até ele e o beijo, pego a minha roupa no guarda-roupa e me visto.
- Não vai levar bolsa?
- Não, amanhã eu uso essa roupa mesmo e na minha mãe tem roupas minhas.
- Eu posso levar você?
Essa pergunta realmente me pegou de surpresa.
- Ohm... Eu acho melhor eu conversar com ela primeiro... Contar sobre você... Sobre nós...
- Você acha que ela vai ser contra o nosso namoro?
- Não tenho certeza...
- E se ele não aceitar?
- Eu não posso obrigar ela aceitar e entendo se acontecer.
Ele me olha nervoso e eu vou até ele.
- Ohm, mesmo que ela não aceite, não muda nada, eu te amo, não preciso da aprovação de ninguém.
Ele ainda parece nervoso, então eu sorrio e beijo ele.
- Nós vamos ficar bem. Vamos, fazer assim, eu explico a situação pra ela, se ela aceitar bem eu mando uma mensagem e você vai me buscar, então eu te apresento como meu namorado.
Ele concorda e me abraça, não gosto de ver ele assim.
- Vamos embora antes que eu mude de ideia e te amarre na minha cama.
Ele se afasta e me encara por um momento.
- Você gosta dessas coisas?
- Não exatamente, é mais sobre controle, assim como quando você pede para eu me entregar, você é alguém que controla o mundo, quando você deixa eu fazer essas coisas você está me entregando algo que é importante para você, o controle.
- Gosto quando você me amarra.
Eu me aproximo e falo no seu ouvido.
- Gosto de você amarrado, se contorcendo e gemendo embaixo de mim.
Ele geme baixo e me beija.
- Vamos, antes que eu mesmo me amarre na cama.
Ele me beija mais uma vez, segura a minha mão e me puxa para a porta, pela pressa acho que ele realmente está muito perto de perder o controle.

Chegamos no carro e o Ohm abre a porta para mim, eu olho para ela e suspiro, acho que ele vai ser sempre assim. Quando vou entrar ele sorri e segura o meu rosto, enquanto está me beijando o seu telefone toca, ele para e olha irritado, vejo que é o Perth, mas ele não atende, apenas segura o meu rosto e volta a me beijar, o telefone toca uma segunda e terceira vez.
- Acho melhor você atender.
- Ele só está querendo incomodar.
Mais uma vez ele me beija, quando se afasta olha em volta assustado, segura a minha mão e me puxa para trás dele.
- Podem levar o carro, não queremos problemas.
Eu olho em volta e tem homens para todos os lados, mas eles não parecem ser ladrões de carros, muito menos da região, estão bem vestidos demais.
O celular do Ohm toca mais uma vez, um dos homens se aproxima e pega do bolso dele, joga no chão e pisa encima, faz um sinal e dois homens vem até nós, cada um pega um braço do Ohm e puxa ele, eu tento segurar, mas o primeiro homem me dá um soco, todo o ar sai dos meus pulmões, mesmo assim eu não desisto, dou uma cabeçada nele e o seu nariz começa a sangrar, três homens lutam comigo, enquanto os outros levam o Ohm até uma van, eu tento abrir caminho indo na sua direção, mas o cara com o nariz sangrando chega antes e aponta uma arma para a cabeça dele.
- Se der mais um passo ele morre!
Eu paro, levanto as mãos e dou alguns passos para trás.
- Soltem ele, não sei o que vocês querem, mas ele não é daqui.
Sinto alguém dando um soco forte nas minhas costas e caio de joelhos, o Ohm grita e tenta se soltar, chuta e dá socos, mas acaba preso por quatro homens. O cara com o nariz sangrando abaixa a arma e vem na minha direção, isso me deixa aliviado, não importa o que eles querem, a intenção não é machucar o Ohm. Ele aponta a arma para a minha cabeça e Ohm congela, vários homens se aproximam e me batem sem parar, eu não tento reagir, enquanto o Ohm estiver seguro eu não me importo.
Quando eu não aguento mais eu caio no chão e olho para o Ohm que tenta se soltar e grita sem parar, o cara com o nariz sangrando para ao meu lado e aponta a arma para mim sorrindo, eu olho para Ohm que agora está chorando e isso parte o meu coração, eu só queria fazer ele feliz...
- Por favor, não olha...
- NÃO! NANON, NÃO!
Eu escuto o som do tiro e vejo o terror no seu olhar, ouço mais um tiro e tudo se apaga.

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