(Soraya): Pensei que você tivesse nascido aqui em Seattle — murmuro.
Minha mente está a mil. O que isso tem a ver com Jack? Simone levanta o braço que lhe cobria o rosto, estende-o para trás e pega um dos travesseiros.
Colocando-o sob a cabeça, ela se acomoda e me fita com uma expressão de cautela. Depois de um momento, ela balança a cabeça.
(Simone):Não. Tanto Elliot quanto eu fomos adotados em Detroit. Viemos para cá logo depois da minha adoção. Fairte queria morar na Costa Oeste, longe da
expansão urbana, e arranjou um trabalho no hospital Northwest. Tenho poucas
lembranças dessa época. Mia foi adotada aqui.(Soraya):Então o Jack é de Detroit?
(Simone):É.
Puxa…
(Soraya):Como você sabe?
(Simone);Fiz um levantamento do passado do Jack quando você foi trabalhar com
ele.Mas é claro.
(Soraya):Você também tem um arquivo com informações sobre ele, num envelope de papel pardo e tudo? — Abro um sorriso irônico.
Ela torce a boca, achando graça mas disfarçando.
(Simone); Acho que é uma pasta azul-clara.
Seus dedos continuam a afagar meu cabelo; é tranquilizador.
(Soraya): O que consta no arquivo dele?
Simone apenas pisca. Inclinando-se para baixo, ela acaricia minha bochecha.
(Simone):Quer realmente saber?
(Soraya): É tão ruim assim?
Ela dá de ombros.
(Simone):Já vi piores.
Não! Será que ela está se referindo a si mesmo? E a imagem que tenho de
Simone como uma garotinha perdida, amedrontada e sujo me vem à mente.Eu me aconchego nela, apertando, puxando o lençol por cima do seu corpo,
e deito o rosto em seu peito.(Simone):O que foi? — pergunta ela, intrigado com a minha reação.
(Soraya): Nada — murmuro.
(Simone):Não, não. Isso serve para os dois lados, Soraya. O que foi?
Ergo o olhar por um momento e vejo sua expressão apreensiva. Voltando a descansar o rosto no seu peito, decido lhe contar:
(Soraya): Às vezes eu imagino você quando criança… Antes de você vir morar com os Tebets.
Seu corpo enrijece.
(Simone):Eu não estava falando de mim. Não quero sua piedade, Soraya. Essa
parte da minha vida já se foi. Acabou.(Soraya): Não é piedade — sussurro, assustada. — É solidariedade e tristeza…
Tristeza por alguém fazer aquilo com uma criança. — Respiro profundamente para me acalmar, pois meu estômago se revira e as lágrimas brotam nos meus olhos de novo. — Essa parte da sua vida não acabou, Simone… como pode dizer isso? Você precisa conviver todos os dias com o seu passado. Você mesmo me disse: cinquenta tons, lembra? — Minha voz é quase inaudível.Simone bufa e passa a mão livre pelo cabelo, embora permaneça muda e tensa embaixo de mim.
(Soraya): Eu sei que é por isso que você tem necessidade de me controlar. De me
proteger.
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Cayendo en la Tentación III - Simone & Soraya
RomanceÚltima parte dessa história de romance entre soraya e Simone.