Capítulo 08

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SAINT-PAUL-DE-VENCE  é  um vilarejo medieval que fica no alto de um morro,
todo fortificado. Um dos lugares mais pitorescos que eu já vi. Andamos abraçadas, lado a lado, pelas estreitas ruas de pedra, minha mão no bolso
traseiro da bermuda dela.


Somos seguidos de perto por Taylor e Gaston ou Philippe, não consigo distingui-los. Passamos por um quarteirão arborizado onde três velhinhos, um deles usando uma boina tradicional apesar do calor, jogam bocha. A cidade está repleta de turistas, mas me sinto confortável
atracada ao braço de Simone.


Há muito o que ver estreitas vielas e
passagens que levam a pátios com intrincados chafarizes de pedra, esculturas
antigas e modernas, além de fascinantes butiques e lojinhas.



Na primeira galeria, Simone olha distraidamente as fotografias eróticas à
nossa frente, mordiscando a armação dos seus óculos de aviador. São os trabalhos de Florence D’elle,  mulheres nuas em poses variadas.


(Soraya):Não é bem o que eu tinha em mente — resmungo em desaprovação.


Elas me lembram a caixa de fotografias que achei no closet dela, no nosso
closet. Será que ela chegou a de fato destruí-las?


(Simone):Nem eu — diz Simone, sorrindo ironicamente para mim.


Ela pega minha mão e continuamos nosso passeio até o próximo artista. Eu me pergunto, distraidamente, se não deveria deixá-la  tirar fotos de mim.


A exposição seguinte é de uma pintora especializada em natureza-morta: frutas e vegetais em superclose e em cores ricas e gloriosas.

(Soraya):Gostei dessas. — Aponto para três pinturas de pimentas. — Elas me
lembram você cortando legumes lá em casa.

Dou uma risadinha. Simone retorce a boca, tentando, em vão, disfarçar que achou graça.


(Simone):Achei que tinha me saído muito bem naquela tarefa — murmura.

(Soraya):Só um pouco devagar, mas… — ela me puxa para um abraço

(Simone):…você estava me distraindo. Onde você colocaria?

(Soraya): O quê?


Simone roça o nariz na minha orelha.

(Simone):As pinturas. Onde você colocaria?

Ela morde o lóbulo da minha orelha, e eu sinto na virilha.

(Soraya):Na cozinha — murmuro.

(Simone):Hmm. Boa ideia, Sra. Tebet Thronicke.

Arregalo os olhos ao ver o preço. Cinco mil euros cada. Puta merda!

(Soraya):São muito caras! — exclamo, quase engasgando.

(Simone):E daí? — Ela volta a roçar o nariz em mim. — Vá se acostumando, Soraya.


Então me solta e vai até a mesa de uma jovem vestida inteiramente de branco, que está secando minha esposa. Tenho vontade de revirar os olhos de raiva, mas volto minha atenção novamente para as pinturas. Cinco mil euros… Nossa.







(.......)




Acabamos  de almoçar e estamos relaxando no hotel Le Saint Paul, tomando
um café. A vista dos campos ao redor é deslumbrante. Os vinhedos e as plantações de girassóis formam um patchwork pela planície, salpicados aqui e
ali de pequenas e graciosas casas de fazenda francesas.



Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora