Capítulo 60

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Fito, pasma, a Dra. Greene, o mundo ruindo ao meu redor. Um filho. Um filho. Eu não quero um filho… ainda não. Merda. E, bem no fundo, sei que Simone vai pirar.

(Dr. Greene):A senhora está muito pálida. Quer um copo d’água?

(Soraya): Sim, por favor.

Mal se ouve minha voz. Minha cabeça está a mil. Grávida? Quando?

(Dr. Greene):Vejo que a senhora ficou surpresa.

Aquiesço sem pronunciar uma palavra enquanto a médica, atenciosa, me
entrega o copo d’água que ela pegou de um bebedouro convenientemente
próximo. Tomo um gole aliviador.

(Soraya): Em choque — balbucio.

(Dr. Greene):Podemos fazer uma ultrassonografia para ver em que estágio está a sua gravidez. A julgar pela sua reação, suspeito de que seja recente: quatro ou cinco semanas de gravidez. Imagino também que não tenha percebido nenhum sintoma.


Balanço a cabeça em silêncio. Sintomas? Acho que não.


(Soraya): Eu pensei… pensei que esse método anticoncepcional fosse confiável.
A Dra. Green ergue uma sobrancelha.

(Dr. Greene): Geralmente é, quando a pessoa se lembra de tomar a injeção — diz ela friamente.

(Soraya): Devo ter perdido a noção do tempo.

Simone vai pirar. Tenho certeza disso.

(Dr. Greene):Teve algum sangramento?

(Soraya): Não — respondo, franzindo a testa.

(Dr. Greene):Isso é normal com o Depo-Provera. Vamos fazer uma ultrassonografia, está bem? Eu tenho um tempo agora.

Concordo, desorientada, e a Dra. Greene me conduz até uma mesa de exames forrada de couro preto que fica atrás de um biombo.


(Dr. Greene):Peço que tire a saia e a roupa íntima e se cubra com o lençol que está sobre a mesa, para podermos começar — diz ela, em tom enérgico e eficiente.


Roupa íntima? Eu esperava uma ultrassonografia sobre a barriga. Por que eu preciso tirar a calcinha? Dou de ombros, consternada, e depois faço
rapidamente o que ela mandou, deitando-me sob o macio lençol branco.

(Dr. Greene):Muito bem.

A Dra. Greene aparece na extremidade da mesa e puxa a máquina de ultrassom para mais perto. É uma pilha de computadores de última geração.

Ela se senta, posicionando, a tela de modo que fique visível para nós duas, e move o trackball no teclado. A tela se acende.

(Dr. Greene):Por favor, levante os joelhos, depois flexione e afaste-os. — Ela é objetiva. — Franzo a testa, receosa. — É uma ultrassonografia transvaginal. Se você estiver grávida há pouco tempo, vamos conseguir encontrar o bebê com isto aqui. — Ela ergue uma sonda comprida e branca.

Ah, a senhora deve estar brincando!

(Soraya): Tudo bem — balbucio, aflita, e faço o que ela manda.

A médica cobre a sonda com uma camisinha e a lubrifica com gel
transparente.


(Dr. Greene): Sra. Tebet, por favor, relaxe.

Relaxar? Eu estou grávida, droga! Como você espera que eu relaxe? Fico vermelha e me esforço para me concentrar no meu local ideal de descanso e felicidade… que foi realocado para algum lugar perto do continente perdido de Atlântida. Lenta e cuidadosamente, ela insere a sonda.
Puta merda!

Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora