Capítulo 42

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De  bolta à casa, Fabiana decide que merecemos uns coquetéis após nossa tarde de extravagância consumista e prepara drinks de morango para nós.
Aconchegamo-nos nos sofás da sala de estar, em frente ao fogo da lareira.



(Fabi): Elliot tem andado meio distante ultimamente — murmura Fabi, fitando
as chamas. Finalmente temos um momento a sós, pois Mia está guardando suas compras.


(Soraya): Ah, é?

(Fabiana): E eu acho que me ferrei por ter ferrado você.



(Soraya): Você ouviu alguma coisa sobre isso?

(Fabi): Ouvi. Simone ligou para o Elliot; e Elliot me ligou.

Reviro os olhos. Ah, Simone, Simone, Simone.


(Soraya): Lamento. A Simone é… superprotetora. Você não via o Elliot desde o Escândalo dos drinks?

(Fabi): Não.

(Soraya): Ah.

(Fabi): Eu realmente gosto dele, Soraya — sussurra ela.



E por um terrível momento eu acho que ela vai começar a chorar. Isso não combina com Fabi. Será que essa crise significa a volta do pijama cor-de-rosa? Ela se vira para mim.




(Fabi): Eu me apaixonei por ele. No início pensei que fosse só pelo sexo maravilhoso. Mas ele é charmoso, bondoso, carinhoso e divertido. Eu podia nos imaginar envelhecendo juntos; você sabe… filhos, netos… o pacote completo.




(Soraya): Felizes para sempre — sussurro.
Ela confirma tristemente.



(Soraya): Talvez vocês devam conversar. Tente arranjar um tempinho a sós com
ele aqui. Descubra o que o está incomodando.


Ou quem o está incomodando, meu inconsciente retruca. Eu o enxoto logo,
chocada com a insistência dos meus próprios pensamentos.



(Soraya): Que tal vocês fazerem uma caminhada amanhã de manhã?

(Fabi): Vamos ver.


(Soraya): Fabiana, odeio ver você assim.


Ela abre um sorriso débil, e eu me inclino para abraçá-la. Decido não comentar nada sobre Gia, embora eu talvez fale sobre isso com Elliot. Como é que ele brinca com os sentimentos da minha amiga desse jeito?
Mia volta, e nossa conversa passa para terrenos mais seguros.








(* * *)







O fogo chia e cospe centelhas quando coloco o último pedaço de madeira.
Quase não temos mais lenha. Ainda que seja verão, o calor da lareira é muito
bem-vindo em um dia úmido como este.


(Soraya): Você sabe onde podemos encontrar mais lenha? — pergunto a Mia, que saboreia seu daiquiri.

(Mia): Acho que fica na garagem.


(Soraya): Vou lá buscar. Aproveito e exploro um pouco mais a casa.



A chuva já está mais fraca quando me aventuro lá fora e me dirijo à garagem
anexa à casa, cujo espaço pode abrigar até três carros. A porta lateral está
destrancada; eu entro, acendendo a luz para me tirar da escuridão. As lâmpadas
fluorescentes dão o ar de sua graça com um ruído sibilante.





Há um carro na garagem, e percebo que é o Audi que Elliot usou hoje à tarde. Há ainda duas motos de neve. Porém, o que realmente me chama a atenção são as duas motos de trilha, ambas 125cc.



Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora