Capítulo 73

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(Soraya):De um lar adotivo provisório? E por que você iria se lembrar disso? Simone, foi há muito tempo. É isso que está preocupando você?

(Simone); Eu me lembro de outras coisas, de antes e depois. Quando conheci minha mãe e meu pai. Mas isso… é como se fosse um gigantesco hiato.


Meu coração se retorce, e começo a compreender. Minha querida maníaca
por controle gosta de tudo em seu devido lugar, e agora soube que há peças faltando no quebra-cabeça.

(Soraya); Jack aparece na foto?

(Simone):Sim, é o menino mais velho.

Os olhos de Simone continuam bem fechados, e ela se agarra a mim como se eu fosse um bote salva-vidas. Deslizo os dedos pelo cabelo dela e prestovmais atenção ao menino mais velho, que encara a câmera com ar desafiador e arrogante.


Dá para perceber que é Jack. Porém, ele não passa de uma criança, um menino triste de oito ou nove anos, ocultando seu medo por trás da atitude hostil. De repente me lembro de algo.


(Soraya):Quando o Jack me telefonou para dizer que estava com a Mia, ele disse que, se as coisas tivessem sido diferentes, ele poderia ser você.

Simone fecha os olhos e estremece.

(Simone):Aquele filho da puta!

(Soraya): Você acha que ele agiu assim porque os Tebets adotaram você em vez dele?

(Simone): Quem sabe? — Seu tom de voz traz amargura. — Não dou a mínima para ele.


(Soraya); Talvez ele soubesse que a gente estava junto quando eu fui para aquela entrevista de emprego. Talvez ele estivesse o tempo todo planejando me seduzir. — Sinto um gosto de fel na boca.

(Simone): Acho que não — murmura Simone, abrindo os olhos. — As pesquisas
que ele fez sobre a minha família só começaram pelo menos uma semana
depois de você começar a trabalhar na SIP. Barney sabe as datas exatas. E, Soraya,
ele trepou com todas as assistentes que teve, e filmou tudo. — Simone fecha os olhos e se aconchega mais em mim.

Reprimindo o pavor que as lembranças me trazem, tento me recordar das várias conversas que tive com Jack logo que comecei a trabalhar na SIP. No fundo eu sabia que ele não prestava, mas assim mesmo ignorei todos os meus
instintos. Christian tem razão: não me importo muito com minha própria
segurança. Eu me lembro da briga que tivemos por causa da minha viagem a





Nova York com Jack. Minha nossa… eu poderia ter ido parar em algum sórdido
vídeo pornográfico. Só de pensar, fico enjoada. E então me lembro das fotos
que Simone guardava de suas submissas.
Ah, merda. “Somos farinha do mesmo saco.” Não, Simone, não são, você
não se parece em nada, nadinha com ele. Simone continua enroscada em mim como uma criancinha.


(Soraya): Acho que você deveria falar com os seus pais.

Não quero que ele se mexa; por isso, deslizo para trás na cama de modo a
encará-la.

Um olhar cor de mel e desnorteado encontra o meu, fazendo-me lembrar a
criança da fotografia.


(Soraya):Eu ligo para eles, ok? — murmuro. Ela balança a cabeça. — Por favor —
suplico.


Ela me fita, e em seu olhar vejo a dor e a insegurança que a afligem, enquanto ela considera meu pedido. Ah, Simone, por favor!

(Simone):Eu ligo — diz ela, em voz baixa.

Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora