(Soraya): Por que é tão importante para você se encontrar com ela? — pergunto
com gentileza.(Renata): Para agradecer. Eu estaria apodrecendo num manicômio judiciário
fedorento se não fosse por ela. Sei disso. — Ela olha para baixo e passa o dedo
pela borda da mesa. — Sofri uma crise psicótica grave e, sem a Sra. Tebet e o
John… o Dr. Flynn… — Ela dá de ombros e me olha mais uma vez, o rosto cheio de gratidão.Novamente, fico sem palavras. O que ela espera que eu diga? Ela deveria dizer essas coisas para Simone, não para mim, com certeza.
(Renata): E pelas aulas de artes. Não tenho como agradecer o suficiente por isso a ela.
Eu sabia! Simone está financiando as aulas dela. Permaneço sem expressão, tentando avaliar meus sentimentos a respeito desta mulher agora que ela confirmou minha desconfiança em relação à generosidade de Simone.
Para minha surpresa, não sinto raiva dela. É uma revelação, e fico contente por ver que está melhor. Agora, espero que ela possa seguir em frente com sua vida
e sair da nossa.(Soraya): Você está faltando às aulas para estar aqui? — pergunto, porque estou
interessada.(Renata): Só duas. Volto para casa amanhã.
Ah, que bom.
(Soraya): Quais são os seus planos enquanto estiver aqui?
(Renata): Pegar meus pertences com a Susi e voltar a Hamden. Continuar pintando e aprendendo. A Sra. Tebet já tem uns dois quadros meus.
Que porra é essa? Meu estômago mergulha em queda livre mais uma vez.
Estão pendurados na minha sala? Eu me arrepio só de pensar.(Soraya): Que tipo de quadros você pinta?
(Renata): Na maioria abstratos.
(Soraya): Entendo.
Minha mente rememora os quadros, agora familiares, em nossa sala de estar. Dois deles são obras da ex-submissa de Simone … talvez.
(Renata): Sra. Grey, posso ser franca? — pergunta ela, completamente alheia às
minhas emoções beligerantes.(Soraya): Por favor — murmuro, olhando para Prescott, que parece ter relaxado
um pouco.Renata se inclina para a frente como se fosse revelar um segredo antigo.
(Renata): Eu amei o Geoff, o meu namorado que morreu este ano. — Sua voz se transforma num mísero sussurro triste.
Merda, essa conversa está ficando muito pessoal.
(Soraya): Sinto muito — digo automaticamente, mas ela continua como se não tivesse me ouvido:
(Renata): Eu amei o meu marido… e mais uma mulher — balbucia ela.
(Soraya): minha esposa. — As palavras saem da minha boca antes que eu possa
impedi-las.(Renata): Isso. — Ela mal emite o som da palavra.
Isso não é novidade para mim. Quando ela ergue os olhos castanhos e fita os meus, vejo que estão bem abertos, deixando transparecer emoções conflitantes,
das quais a que parece sobressair é o receio… da minha reação, talvez? Mas o
meu principal sentimento com relação a essa pobre jovem é o de compaixão.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cayendo en la Tentación III - Simone & Soraya
RomanceÚltima parte dessa história de romance entre soraya e Simone.