Capítulo 46

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Estou com muito calor. Simone está me esquentando. Sua cabeça está no meu ombro e ela respira suavemente em meu pescoço enquanto dorme, as pernas entrelaçadas nas minhas, o braço cobrindo minha cintura.



Permaneço no limite da consciência, ciente de que, se eu despertar totalmente, vou acordá-la também, e ela nunca dorme o suficiente. Minha mente passeia de forma enevoada pelos eventos de ontem à noite. Eu bebi demais — nossa, como eu bebi. Estou admirada que Simone tenha deixado.



Sorrio ao me lembrar de como ela me colocou na cama. Foi meigo, muito meigo, e inesperado também. Faço um rápido inventário mental de como estou me sentindo. Estômago? Bom. Cabeça? Surpreendentemente boa, mas anuviada. A palma da minha mão ainda está vermelha por causa dos acontecimentos da noite anterior. Nossa. Sem mais nem menos, penso nas palmas das mãos de Simone quando ela me bateu. Eu me contorço, e ela acorda.



(Simone):O que houve? — Seus sonolentos olhos cor de mel procuram os meus.

(Soraya): Nada. Bom dia.

Passo os dedos da minha mão que não está vermelha pelo seu cabelo.

(Simone):Sra. Tebet, está linda de manhã — diz ela, beijando meu rosto, e eu fico toda radiante.

(Soraya):Obrigada por cuidar de mim ontem à noite.

(Simone):Eu gosto de cuidar de você. É o que eu gosto de fazer — diz ela baixinho, mas seus olhos o traem, o triunfo brilhando no fundo cor de mel. É comose ela tivesse ganhado o prêmio máximo do Super Bowl.Ah, minha Simone.





(Soraya);Você me faz sentir querida.



(Simone):Porque você é querida — murmura ela, e meu coração se derrete.Ela agarra minha mão, mas, quando estremeço, me solta imediatamente,alarmada.



(Simone):Foi o soco? — pergunta ela. Seus olhos tornam-se frios ao examinar os meus, sua voz tomada por uma raiva súbita.

(Soraya):Eu dei um tapa nele. Não um soco.

(Simone):Aquele filho da mãe!

(Soraya):Achei que já tivéssemos encerrado esse assunto ontem à noite.

(Simone):Não consigo suportar que ele tenha tocado em você.

(Soraya):Ele não me machucou, só foi inconveniente. Simone, eu estou bem.

Minha mão está um pouco vermelha, só isso. Você sabe como é, não sabe? —Sorrio com malícia, e sua expressão muda, demonstrando uma surpresa bem humorada.

(Simone):Ora, Sra. Tebet, estou muito familiarizada com essa sensação. — Ela franze os lábios, achando graça. — E poderia voltar a senti-la neste exato minuto, se você desejasse.

(Soraya): Ah, contenha-se, Sra. Tebet.

Afago seu rosto com a mão dolorida, acariciando com os dedos. Puxo os cabelinhos com carinho. Isso a distrai, e ela pega meu pulso para dar um beijo terno na palma da minha mão. Milagrosamente, a dor desaparece.

(Simone):Por que você não me disse ontem à noite que estava doendo?

(Soraya): Hmm... Eu quase não estava sentindo ontem à noite. Mas já está melhoragora.

Seus olhos se suavizam, e sua boca se contorce.

(Simone):Como está se sentindo?

(Soraya):Melhor do que mereço.

Cayendo en la Tentación III - Simone & SorayaOnde histórias criam vida. Descubra agora