VI - Blood do not define family.

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- Hogwarts, 1976.

Venus abriu os olhos lentamente, e piscou algumas vezes para se acostumar com a claridade, fez menção de levantar sua mão para coçar os olhos, mas gemeu de dor assim que mexeu o punho.

- Você deslocou quando caiu. - Uma voz um tanto rouca se pronunciou.

Venus olhou para o lado e viu Black, brincando com algo que parecia ser uma bolinha de papel.

- Onde eu estou?

- Na ala hospitalar, oras, onde mais estaria depois de apagar no meio dos corredores. - Sirius focou seus olhos acinzentados nos da garota. - Muito deselegante, aliás, senhorita Spellthorn.

- E porque diabos é você quem está aqui comigo?! - A loira o encarou. - Por Merlin, aqueles palermas devem ter perdido o juízo de vez para me deixar aos seus cuidados.

- Ora, cale a boca! - Black revirou os olhos.

- Ah, cale a boca você!

- Não fique tão convencida! Não estou aqui porque quero. - Ele falou firme. - Madame Pomfrey expulsou todos daqui e praticamente me obrigou a ser o único a ficar.

- Céus, não sei o que é pior, desmaiar ou ficar aqui com você. - A garota fez uma pausa. - Definitivamente a segunda opção. Aliás, como vim parar aqui afinal?!

- Segundo Marlene, vocês estavam andando, ai você se desequilibrou ou algo assim, segundos depois, foi direto para o chão. Seu nariz estava até sangrando. - Ele falou. - Bem nojento. Mas para a sua sorte, o incrível Sirius Black estava la pra socorrer a donzela indefesa. - Venus arqueou as sobrancelhas. - Bom... Não é tão donzela assim, muito menos indefesa... Mas vem ca, o que te deu pra apagar daquele jeito, hein?

- Preocupado, Black?

- Jamais. - Ele deu de ombros. - Apenas sou um exímio ouvinte, amo histórias.

- Você é fofoqueiro, isso sim.

- Vamos conte logo! - Ele se ajeitou na cadeira.

Venus hesitou antes de começar a falar, afinal, era Sirius Black quem estava na sua frente, nunca gostara dele, nunca confiaria nada a ele. Mas naquele momento, por algum motivo que ela não conhecia, e muito menos sabia explicar, a garota sentiu que não só podia, como devia, confiar nele.

- Acho que foi um sonho...

- Um sonho? - Sirius sorriu irônico erguendo as sobrancelhas.

- Foi o que eu acabei de dizer, seu idiota! - A menina respirou fundo. - Estava escuro e eu... Era como se eu estivesse la, mas não estava...

- Parece loucura pra mim.

- Ora, cale a boca e me deixe terminar! - Venus rosnou. - Eu vi uma sombra... De um homem, bem de longe, e depois... Depois vi um desenho. - Ela apertou os olhos como se tentasse se lembrar melhor. - Não, era uma tatuagem, uma caveira, e uma cobra saia de dentro dela... - Sirius ficou alerta no momento em que ouviu aquela frase. - Depois, alguém gritou, parecia medo... Desespero talvez... Mas era doloroso. Um grito sofrido. Não faço ideia do que significa.

- É a marca negra... - Sirius murmurou.

- O que disse?

- A marca negra. - O garoto a encarou, com aqueles olhos cinzentos, que costumavam estar sempre provocativos e brincalhões, mas naquele momento, pareciam mais escuros, sombrios. - É a marca deixada pelo Lorde das trevas em seus seguidores, comensais da morte, foram eles que... Que... - Sirius hesitou a falar em voz alta.

- Que mataram meus pais. - Ela completou, e o Black concordou. - Como sabe disso...? Digo, da marca.

- Acho que metade da minha família tem uma dessas... Se não a família inteira. Acabei vendo uma vez durante as férias, não que eles se esforçassem muito para esconder... - Ele respirou fundo. - Talvez tenha tido esse sonho ou seja la o que for isso, porque...

- Porque também era para eu estar morta. - Venus falou e Sirius concordou com a cabeça.

O garoto abaixou o olhar, parecia melancólico, e a menina sabia exatamente o motivo.
Venus não era a melhor amiga de Sirius, não era nem mesmo colega dele, o achava estúpido, até mesmo um pouco desprezível em alguns momentos, mesmo assim, ela não era uma pessoa sem coração, e sabia sobre o dilema de Sirius com o resto dos Black.

- Sangue não define família, Sirius. - A loira o observou levantar a cabeça. - Não é porque aqueles que tem seu sangue fizeram coisas ruins, que você também vai fazer. Você não é como eles, por mais convencido e arrogante que seja, nunca foi como eles. Até eu sei disso. - O garoto suspirou fundo. - Escute, Sirius, não é sua culpa. Você não é o culpado pelo o que sua família fez e ainda faz. - Venus não deixou explícito, mas Sirius sabia que ela falava principalmente sobre a morte dos pais. - Você não está sozinho. Tem o Moony, e o Prongs... Tem seus amigos, eles são sua família. - Ela não falou, mas secretamente, sabia que se algum dia Sirius precisasse, ela estaria la para ajudar, mesmo ele não sendo sua pessoa favorita no mundo, e no fundo, o garoto sabia disso também.

Black deu um meio sorriso, um agradecimento silencioso, aquilo era novidade. Desde que se conheceram trocavam farpas, Venus nem mesmo sabe o porque começou a odiar Black, mas tem sido assim desde o segundo ano, depois ela acabou tendo um motivo, e ficou por isso mesmo, Sirius, assim como James, fazia bullying com um garoto da sonserina, mas além disso, Sirius era tão convencido! Tinha um ego maior do que ele mesmo, era rude, irônico, além de ter se tornado o maior galinha que ela ja conhecera, e só tinha 15 anos! Não que a menina fosse exatamente uma santa, ela definitivamente não era, mas ao menos não deixava isso escancarado.

Venus sentia que poderia arrancar os próprios ouvidos a qualquer momento, até mesmo o som da respiração de Black a incomodava. Finalmente Madame Pomfrey deu o ar da graça, ficando em estado de alerta ao perceber que a garota estava acordada.

- Black, tem como você respirar mais baixo?! - A loira bufou. - Parece até que está tendo um ataque!

- Ah, você está acordada! Como se sente? - A medibruxa questionou, interrompendo a menina enquanto passava pela porta. 

- Meu punho esta doendo. Muito.

- Ah mas isso é óbvio, me refiro a cabeça, sua amiga disse que se sentiu tonta antes de cair. - A mulher falou enquanto mexia em suas poções. - Aqui, é para a dor no punho, acredito que em alguns dias já estará bem melhor. - Ela falou enquanto enfaixava o local. - Black, porque não me avisou que ela estava acordada?! O mandei ficar justamente para isso.

- Bom, imaginei que estaria de volta logo, então não vi problema. - A mulher o fulminou e voltou a falar.

- Tem certeza de que não sente nada?

- Além do punho, não sinto nada, talvez tenha sido apenas um mal súbito. - A loira mentiu.

- Hm... Você está liberada, continue com a tala no punho e beba isso todos os dias... Apareça aqui no terceiro dia para que eu possa dar uma olhada. - A mulher começou a lhe metralhar com milhares de instruções. - Mandarei que enviem uma carta ao seu irmão informando do ocorrido.

- Não é necessário, eu estou bem, Madame Pomfrey, deve ter sido apenas estômago vazio, não comi direito hoje. Não preocupem meu irmão com algo tão bobo, sei que estou em boas mãos. - A menina sorriu e a mulher concordou um pouco relutante.

Logo, o Black e a Spellthorn já não estavam mais ali. E naquele dia, Venus passou a enxergar Sirius de outra forma, talvez ele não fosse tão péssimo assim.
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Oi xuxus, como passaram o fim de semana?
Vou continuar seguindo esse esquema mesmo, os capítulos serão postados durante a semana, ja que não é todo final de semana que tenho disponibilidade pra postar, mas quando eu puder, a fic vai ser atualizada aos sábados e domingos também.
Espero que estejam gostando.
Com carinho, Vickie. 🤍

Shades of Black - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora