XXV - The Noble House of Black.

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A dica de hj é: leiam esse cap ao som de Daylight do David Kushner, juro que vale a pena.
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- Grimmauld Place, 1976.

Venus se recuperava com as mãos apoiadas em seu abdômen, aparatar a deixava enjoada, James, por sua vez, observava a casa da família Black, um arrepio percorreu sua espinha, aquele lugar parecia tão cruel quanto a família que ali vivia. O Potter se lembrou de todas as coisas que Sirius o contou a ele sobre os pais, e se amaldiçoou mentalmente por ter deixado que o amigo fosse sozinho, mas o que ele poderia ter feito, aquela era uma promessa de maroto, ele não podia ter feito nada, mesmo que isso fosse o que ele mais quisesse, tinha medo de que Sirius nunca o
perdoasse.

Depois de torturar Sirius de todas as maneiras possíveis, Walburga o ordenou a ficar de pé, o garoto se levantou, os
olhos avermelhados, os cabelos molhados e bagunçados, suas roupas geladas, ele se sentia pequeno, de uma maneira que nunca se sentiu antes. Seus pais o olhavam com desprezo, com o nojo estampado em seus rostos, Orion deixou a sala sem dizer mais nada, enquanto Walburga ainda encarava o filho.

- Va embora da minha casa. - ela ordenou com um certo tom de raiva. - Você não pertence mais a essa família. Não é bem vindo aqui.

Foi a última coisa que ela falou antes de deixá-lo sozinho e com frio naquela sala escura.

Venus e James entraram na casa no mesmo momento, os dois encharcados, assim como Sirius estava. O lugar era mais sombrio do que a loira tinha imaginado, James tinha uma expressão triste, e os olhos de Venus não saíram de Sirius, que estava com o corpo encolhido, ela sentiu seu coração se dilacerar naquele mesmo instante, o garoto dos cabelos negros carregava lágrimas em seus olhos.
Como uma mãe podia deixar o filho daquela forma? Venus sentiu vontade de chorar, seu peito apertava e ela só queria abraçar o garoto.

- O que vocês fazem na Nobre Casa dos Black? - Monstro, o elfo doméstico da família, olhava para Venus com sua expressão rancorosa.

A menina sequer olhou para o elfo, ela foi direto ao encontro de Sirius, que a abraçou com força. Sirius enterrou o rosto do pescoço da loira, deixando as lágrimas escorrerem, enquanto James observava.
Por mais que James fosse como um irmão para o garoto dos olhos azuis acinzentados, ele correu direto para os braços da loira, Venus sabia o que era não ter os pais, e como uma piada cruel do destino, os dois acabaram da mesma forma, foram histórias completamente diferentes, mas no final, os dois estavam quebrados e sem o carinho que tanto desejavam ter. Venus sentindo falta do amor que recebia quando criança, sabendo que nunca mais poderia sentir aquilo novamente, e Sirius, desejando que ele tivesse tido aquele amor, ironicamente, os dois sabiam o que era aquilo, o desejo profundo de sentir o amor de sua família. Venus acariciava as costas dele enquanto ele parecia a puxar para perto, mesmo quando não houvesse mais espaço algum entre os dois, Sirius continuava a puxa-lá para perto.
Aquela era uma coincidência terrivelmente triste, mas Venus e Sirius eram mais parecidos do que qualquer um jamais imaginaria, eles entendiam o sofrimento um do outro, e essa era a pior e mais bonita dor que ambos ja sentiram.

Venus estava repleta de amor, cresceu rodeada disso, o amor que sentia pelos amigos, o amor que recebeu de seus pais... Mas quando ela os perdeu, se sentiu vazia, sentiu que tudo aquilo não tinha mais sentido, sua vida não passava de apenas um momento, um mísero segundo de existência, no qual não se valia a pena existir. Ela estava cheia daquele sentimento para dar e tinha o desejo fervente de ter alguém que quisesse receber todo esse amor que ela transbordava.
Sirius não sabia ao certo o que era o amor. Nunca se sentiu pertencente à um lugar ou alguém, até o dia em que encontrou os marotos. Aquele sentimento o assustava, afinal, nunca recebeu amor de seus pais, não sabia qual era a sensação e nem como lidar com aquilo, mas desejava desesperadamente ser amado.

Shades of Black - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora