XVIII - Home.

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- Hogwarts, 1976.

O peito de Venus subia e descia acelerado, com a respiração descompensada, ela continuou ali, olhando fixamente na imensidão dos olhos azuis acinzentados de Sirius Black.

- Venus! - Marlene gritou correndo em direção aos dois jovens sentados no gramado molhado enquanto a chuva caia forte. - Vie! Por Merlin! O que foi aquilo?! - McKinnon arrancou a loira dos braços de Black, e a envolveu nos seus próprios, abraçando a amiga com força contra seu corpo. - Nunca mais faça isso! Não posso perder minha melhor amiga, você entendeu?!

Venus não respondeu verbalmente, apenas concordou com a cabeça, retribuindo o abraço da platinada. Observou James acompanhando a cena de perto, ele tinha os olhos preocupados, parecia nervoso, e quando Marlene finalmente soltou a Spellthorn, Potter não demorou para abraça-la, sem sequer deixar a menina respirar um pouco, James não falou nada, apenas a abraçou forte, e suspirou aliviado quando a soltou.

Sirius se levantava do gramado, segurando sua vassoura, e pela primeira vez na vida, estava em silêncio, parecia um tanto acanhado.
Os quatro amigos seguiram em direção ao vestiário, decidiram que esperariam a chuva diminuir. Em um momento, quando Venus notou que James e Marlene estavam distraídos o suficiente para que ela conseguisse se afastar, a menina se aproximou de Sirius, que estava calado demais, sentando em um dos bancos de madeira, ela se sentou ao lado dele, engoliu em seco e respirou fundo, o moreno levantou a cabeça para olhá-la, com os olhos fixos em seu rosto e seus traços delicados.

- Obrigada. - Ela disse em um tom quase inaudível, ainda parecia atordoada com o ocorrido. - Não sei o que poderia ter acontecido se você não tivesse... Bom, você sabe. De qualquer forma, eu agradeço.

Black não disse nada, apenas acenou com sua cabeça, como quem diz "não há de que", sorriu de forma quase imperceptível e observou Venus se levantar devagar, voltando para perto de James e Marlene, então, para surpresa dele, ela fez sinal para que ele fizesse o mesmo, e ele o fez.

- Alguém estava azarando minha vassoura. - Ela contou enquanto cruzava os braços. - Não faço ideia de quem era, não fui capaz de ver o rosto, mas não parecia ser um aluno...

- Isso não ajuda muito... - James falou frustrado.

- Por isso me olhou daquele jeito? - Sirius questionou. - Achou que eu estava azarando sua vassoura?

- Eu... Desculpe, não foi por mal, eu apenas pensei na possibilidade, afinal, você ainda é você.

- Ai, essa doeu. - Sirius levou a mão ao peito fingindo sentir dor, e aquilo deixou a menina aliviada.

Pela primeira vez em muito tempo, ela teve medo de magoar os sentimentos do garoto.

Ao olhar para o lado de fora, Marlene viu que a chuva havia cessado. Ela se perguntava como podia chover daquela forma naquela época do ano, Venus, por outro lado, adorava a chuva, da mesma forma que adorava dias ensolarados.

Duas semanas se passaram e as férias finalmente haviam chegado, Venus finalmente se sentia animada para voltar para casa, dessa vez não estaria sozinha. E estava ainda mais animada por conta da carta que recebera de seus avós alguns dias antes, dizendo que passariam alguns dias na casa de campo para fazer uma visita.

As meninas arrumavam suas malas no dormitório, e conversavam sobre muitas coisas, sobre o que fariam la, mil ideias e possibilidades.

- Vie... Posso te fazer uma pergunta? - Lily questionou um tanto acanhada.

- Claro, Lily.

- Se lembra daquela vez em que desmaiou no corredor...? - É claro que Venus se lembrava, pensava nisso todos os dias, ela contara as amigas sobre o tal "sonho" que teve. - Bom, eu estive pesquisando, e... Você acha que talvez possa ter o dom da clarividência?

- Não, definitivamente não. - A garota dos cabelos dourados negou com a cabeça. - Não tenho nenhuma clarividente na família, e até mesmo a professora de adivinhação já deixou bem claro que esse é um dom que eu não possuo, graças ao bom Merlin. - ela agradeceu. - Clarividência é um dom terrível, e eu não gostaria de viver com isso. - a ruiva assentiu.

- Aquela mulher é maluca, me da calafrios. - Mckinnon gesticulou fazendo uma expressão pavorosa.

As três deram altas risadas sobre o comentário da platinada e elas voltaram a organizar suas coisas. A viagem no trem foi animada, eles faziam piadas, contavam histórias engraçadas, Venus estava mais feliz do que jamais imaginou, ela não pensou que seria possível voltar pra casa e não se sentir solitária.

O combinado foi o seguinte, antes de todos irem para a casa de campo dos Spellthorn, passariam em suas casas para pegar suas coisas, enquanto isso, Venus faria algumas compras para que eles tivessem o que comer durante o tempo que ficassem ali.
E assim foi feito, o grupo foi chegando aos poucos, mas até o final do dia, todos estavam la, dando risadas altas, comendo guloseimas de todos os tipos, se divertindo como jovens deveriam se divertir.

- Prestem atenção seus trogloditas. - Venus se levantou e sorriu colocando as mãos na cintura, estava levemente alterada depois de alguns goles de whiskey de fogo. - Meus avós virão para fazer uma visita, então, se forem fazer algo, façam sem que minha avó perceba, ela é uma mulher doce, mas muito rígida, ou seja, tudo tem que ser bem escondido.

- Entendido, general! - Marlene se levantou e levou a mão até a cabeça, como se fizesse postura em um quartel. - Agora vamos nos divertir!

- Só mais uma coisa, onde vamos dormir? - Lily cortou McKinnon que fez uma careta para a ruiva.

- Meninos, vocês vão ficar com o quarto do meu irmão, eu e as meninas vamos ficar no meu. - falou simplesmente. - Agora vamos nos divertir!

Venus apontou sua varinha para uma vitrola que ficava no canto da sala em cima de um aparador de madeira, e o objeto começou a funcionar, tocando um disco dos Beatles.
Marlene e Venus dançavam como se ninguém estivesse olhando, e sem cerimônia, James sorriu e se juntou as duas garotas, que mexiam os quadris no ritmo da música, a Spellthorn foi até seu melhor amigo e o puxou pelas mãos, o chamando para acompanhar aquela dança maluca que eles faziam, e depois de muita insistência, Lupin aceitou a derrota e passou a dançar com a garota.

O som de Twist and Shout ecoava pela sala, Venus cresceu com tudo aquilo, as músicas, os filmes, as roupas, afinal, sua mãe era uma nascida trouxa.
Sirius se divertia observando os amigos dançarem, e não demorou a se juntar ao grupo.
A noite seguiu assim, a casa estava repleta de risadas, cheia de vida, e Venus pensou em como aquilo a fazia lembrar de seus pais, como eles teriam amado aquele momento, e em como o lugar parecia aquela velha casa de campo novamente, um lugar feliz, exatamente do jeito que sua mãe amava. Ela não se sentia daquela forma desde que perdera seus pais, entendeu de uma vez por todas, que a partir daquele dia, não importava o lugar, se seus amigos estivessem la, então aquele era seu lar, os marotos eram seu lar, Lily e as irmãs Lockwood, Marlene era seu lar, e ela enfim se sentia parte de algo novamente, parte de uma grande família, esquisita e muito maluca, mas ainda era uma família, e a melhor que ela poderia ter.
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Venus tipo: Avemaria, que isso?
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Com carinho, Vickie 🤍

Shades of Black - Sirius BlackOnde histórias criam vida. Descubra agora