Amor por acaso- Jikook

17-Medo(?)

— O que faz aqui? —  perguntou ele, em tom irritado, afastando a mulher que insistia em rodear seu corpo com os braços. Ela se afastou um pouco, mas continuou agarrada à sua cintura, o que o irritou profundamente. — O que você quer?

— Eu vim te ver, meu amor. Estava com saudades. Você saiu sem falar nada aquele dia, me deixou sozinha na cama, não me mandou nenhuma mensagem — disse ela, puxando o marido para mais perto, como se fosse possível, pois estava com o corpo colado ao dele. — Park Jimin, você é muito cruel! Mas tudo bem, depois da noite maravilhosa que tivemos, eu realmente não me importo. Você me deixou louca naquela noite, amor, minhas pernas ficam bambas só com a lembrança.

Ela o beijou brevemente no pescoço, e ele tentou afastá-la novamente, mas ela não permitiu. IU continuou a falar em um tom presunçoso, irritando o alfa a ponto de fazê-lo rosnar e afastá-la, empurrando-a pelos braços com rudeza, enquanto a encarava com raiva.

— Nós só fizemos sexo, não foi nada demais — declarou ele sem emoção, e a mulher murchou perante aquilo. Claramente, ela não esperava que ele a tratasse daquela forma. No entanto, Jimin prosseguiu com a fala ríspida: — Eu quero saber o que está fazendo na minha sala. Você nunca veio aqui.

— Meu pai está internado aqui, esqueceu? — Ela tentou se aproximar novamente, mas o alfa deu dois passos adiante, indo até a sua mesa e virando de frente. A ômega suspirou derrotada e logo concluiu que, não importa o que falasse ou fizesse, ele continuaria fugindo. A ômega precisava convencê-lo de que o amava e sentia sua falta de qualquer forma. — Eu soube que você estava de plantão, então vim te ver, meu amor. Sinto sua falta. Você nunca foi tão frio assim comigo antes. Nossas brigas nunca duram tanto tempo, Jimin.

— Não estou sendo frio com você, apenas indiferente às suas investidas — rebateu ele, desconcertando ainda mais a ômega que o encarava seriamente. Ele prosseguiu e não hesitou em descarregar de uma vez a sua raiva sobre a mulher. — O sexo entre nós sempre foi bom IU, mas um relacionamento não se resume só a isso. Você está cansada de saber, foram doze anos de relacionamento, não doze dias.

— Eu sei que começamos de um jeito errado, com muitos enganos e trapaças da minha parte, mas eu amo você, Park Jimin — gritou ela, ressentida com o esposo. Nem mesmo ela estava aguentando mais segurar suas emoções. O alfa, que antes a encarava com amor e devoção, agora olhava com indiferença, o que a feriu e magoou profundamente. — Eu te amo tanto, que fui capaz de enfrentar até mesmo minha família para ficar com você! Quer prova maior que isso?

O médico riu sem humor com a declaração da ex-esposa. Ela conseguia contornar muito bem toda e qualquer situação. "É uma boa atriz, não poderia negar", pensou ele. Mas, aquela peça já havia sido vista tantas e tantas vezes que agora não fazia mais diferença para o Park. A venda de seus olhos havia caído por completo.

— Meus pais nunca aceitaram nosso relacionamento. Eles nunca aceitaram porque sua família é de origem pobre, e você é um homem muito simples, Ji mas eu nunca me importei com isso porque eu te amo de verdade.

— Eu sei disso — respondeu ele, seu tom mudou de rude para calmo. — Eu te amei muito também, IU. Mas esse amor ficou no passado, não podemos seguir com esse relacionamento onde tudo que fazemos é nos machucar.

Ele tinha total consciência de que construiu um relacionamento sobre raízes problemáticas, e que estas levaram o mesmo a desmoronar seguidas vezes por tantos anos. Persistiu mesmo sabendo, pagando todas as consequências a ferro e fogo até não sobrar mais nada de si.

Por outro lado, com a chegada de Jungkook e Yoon-Suk em sua vida, tudo mudou, e um processo de reconstrução começou sutilmente, mesmo sem ele perceber. Lucky estava moldando e preparando seu portador para esse momento, o momento em que Park tomaria as rédeas de sua própria vida e a viveria como se deve. Mas antes de qualquer coisa, ele precisava findar de uma vez aquele ciclo com IU.