O coração do ômega está dolorido, e a raiva lateja, pesando sobre seus sentidos, intensificando sentimentos ainda mais ruins, como a culpa. Ele se sente desapontado por ter sido um péssimo pai e, novamente, ter que pôr seu filhote tristonho para dormir.
Yoon-Suk saiu tão machucado quanto ele daquele hospital, e a culpa é toda sua. Ele permitiu que seu pequeno se apegasse a um alfa desconhecido, permitiu que ele criasse vínculos com ele e até que tivesse um contato tão íntimo como dormir juntos, agarrados um no outro. O pior de tudo é que ele não se sente culpado de verdade; ele apenas se sente perdido diante dessa situação.
Ele não soube o que responder quando o pequeno perguntou quem é aquela moça e o que ela é para o doutor Park. Jeon sentiu medo de dizer a verdade e Yoon-Suk vir a se sentir magoado ou rejeitado de alguma forma. Só a possibilidade é tão assustadora que o deixou trêmulo e gago diante do garoto, que, com muitas dúvidas, acabou dormindo chamando pelo alfa. Foi algo tão doloroso de se ouvir.
Sabendo que naquela noite não conseguiria dormir, ele vai até a cozinha com a intenção de beber água, mas é interrompido no caminho por batidas na porta. Ele se dirige até ela. Pelo horário, só poderia ser alguém conhecido, mas ele confere no olho mágico por segurança e, vendo de quem se trata, logo abre a porta.
— O que você quer? — perguntou, erguendo o queixo em sinal de superioridade e dando as costas ao outro, deixando a porta aberta. Ele caminha pelo cômodo como se não se importasse com a presença alheia, dizendo: — Já é tarde, o Yoon-Suk já está dormindo, e eu também já estava prestes a fazer o mesmo.
— Jungkook, — disse prontamente o alfa, que até então estava parado, indo atrás do ômega. Ele agarra o braço do rapaz e o puxa delicadamente, trazendo-o para perto. — Preciso que me escute.
O de cabelo róseo vira e encara os olhos do médico. Ele o vê suspirar pesado e lamber os lábios, nervoso e visivelmente abalado, o cheiro dele se intensifica e se espalha pelo ambiente. Ofegante e com a sua loba atordoada, as pernas de Jungkook de repente não respondem, ambas se encontram tão fracas que ele não consegue se mover do lugar. Esses são efeitos que o outro lúpus causa em si, já deveria estar acostumado.
— Vai embora, por favor — pede com a voz fraca e embargada. Ele quer chorar, mas não chora.
Antes de ver o alfa, tudo que mais queria era mandá-lo à merda por fazê-lo passar por toda aquela situação humilhante e ainda envolver o seu filhote nela. Mas toda a sua concepção cai por terra no momento em que o vê parado em sua porta.
Ele saiu do trabalho e atravessou a cidade inteira para vê-lo. Park ainda trajava o mesmo uniforme, calça, camisa e sapatos brancos. O Kim não pode ignorar esse fato, mesmo que quisesse.
— Cheguei no consultório e não vi vocês. Pensei que…
— Não se preocupe — interrompe com a fala ríspida, vendo o outro franzir o cenho. — Sua mulher fez as honras.
— Ela foi grossa com vocês? — pergunta preocupado. Ele suspira, deixa o braço do ômega, levando sua mão até a nuca dele e o aproxima até que não haja mais nenhum espaço entre eles, dizendo: — Eu sinto muito, não sabia que ela iria até o hospital.
— Eu sei me defender — rebate com a voz alta, relutando para não ser tocado. Ele tenta se afastar, batendo suas mãos contra o peito do médico na tentativa falha de empurrá-lo para longe. O ômega então grita descontrolado: — Eu nunca precisei de um alfa e nunca vou precisar. Volte para sua esposa ou vá atrás dos seus amantes, doutor Park. Fique longe de mim e do meu filhote.
As últimas palavras saíram de seus lábios como um rosnado forte. O rosto do rapaz se encontrava vermelho e suado, e em seus olhos podia-se ver a raiva. Ele estava com raiva, com ciúmes, com medo, e não podia evitar. Precisava extravasar todos aqueles sentimentos ruins, ou eles acabariam sufocando-o.
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Amor por acaso- Jikook
Fanfiction[Reta final em andamento] Jungkook nunca imaginou que o destino o levaria a um encontro que mudaria sua vida. Após um acidente de carro deixar seu filho gravemente ferido, ele se vê diante do desespero e da incerteza do futuro. Mas quando um habilid...