Amor por acaso- Jikook

36-Reencontro(?)

Jeon começou o dia com uma sensação de frustração e exaustão, como se o universo estivesse conspirando contra ele. A dor latejante em sua cabeça só piorava à medida que Yoon-Suk fazia manha para se arrumar e a falta de tempo para tomar café da manhã só aumentava sua irritação.

Ele pegou uma bolsa térmica contendo algumas frutas compradas no dia anterior e um iogurte, correndo para o quarto para pegar sua própria bolsa. O garotinho já o aguardava próximo à porta, devidamente arrumado e com a bolsa escolar em mãos.

Com pressa, saíram de casa em direção à pequena garagem onde o veículo estava estacionado. Ele abriu a porta de trás, acomodou o filho na cadeirinha, afivelando os cintos com muita atenção, e entregou-lhe a bolsa. Em seguida, fechou a porta e deu a volta para colocar as coisas no banco de trás.

Por fim, entrou no Kia Picanto modelo 2010, branco, colocou o cinto, deu partida e saiu em direção à escola. Mesmo estando atrasado, Jungkook não arriscou correr muito pelas ruas, especialmente naquele horário em que o trânsito se torna um verdadeiro caos.

Pouco menos de uma hora depois, eles chegaram à escola primária. A ansiedade de Yoon-Suk para encontrar os coleguinhas e sua doce e gentil professora fez com que esquecesse sua sonolência e irritação. O ômega suspirou aliviado, desligou o carro assim que estacionou, e, em seguida, retirou o cinto e desceu, pegando as bolsas do banco de trás antes de pegar o garotinho no outro banco.

— Coloca a bolsa nas costas, filho — pediu, entregando a bolsa ao garoto, que o fez com lentidão e preguiça, arrancando um sorriso de Jeon. — Amorzinho do papai, por que toda vez que nos atrasamos você desliga a chave dos 220 para os 0,3 quilowatts, hein?

— Aigo, ainda tô com sono, papai… — respondeu o garotinho bocejando.

— Oh, bebê... — disse de forma carinhosa, abaixando-se na calçada para ajudar o filho a colocar a bolsa. — Logo chega a hora do cochilo, e você vai recuperar as energias, tá bom? Agora vamos entrar, antes que os portões fechem e nos deixem do lado de fora.

Entre resmungos baixos e bocejos, o pequeno colocou a bolsa. Jeon pegou suas coisas, travou as portas do carro, guardou as chaves no bolso e deu a mão ao filho, atravessando a rua na faixa de pedestre em direção à calçada da escola. Distraído com a circulação de pessoas ao redor e seu próprio caminhar, o rapaz não percebeu quando um homem de cabelos pretos se aproximou deles, mas seus instintos logo o alertaram quando o cheiro de avelã forte e característico do alfa encheu o ar, fazendo-o parar instantaneamente de caminhar.

— Olá, Jungkook — disse o alfa com a voz cortante e carregada de sarcasmo enquanto um sorriso de canto brotava em seus lábios. Ele rapidamente voltou seus olhos negros ao pequeno sorrindo ainda largo — Você deve ser o Yoon-Suk.

O jovem rapaz sentiu o seu estômago se contorcer de ânsia e medo enquanto Yoon-Suk, confuso com a presença daquele homem, agarrou a calça do pai, escondendo o rosto frágil e inchado atrás dele, evitando o olhar frio e penetrante do estranho. O ômega olhou nos olhos escuros de Junwoo com firmeza, suas mãos suaram e o brilho de seus olhos se apagou no momento em que vivenciou o seu pior pesadelo: Park Junwoo estava diante deles.

— Como vai, Yoon-Suk — falou em tom baixo acenando para o garoto. — Eu me chamo...

— O que você quer? — Jungkook interrompeu a fala teatral do outro antes mesmo da peça armada por ele começar. O fluxo de pessoas próximo à entrada da escola estava diminuindo, o ômega sabia que estava mais do que atrasado, mas tudo que mais queria naquele momento era se livrar daquele homem indesejado. — O que faz aqui e como descobriu onde eu trabalho?

— Calma, Kookie, eu só vim dar um “oi”.

O Kim deixou um suspiro profundo e pesado sair por entre suas narinas, Luna, agitada ao mesmo tempo que amedrontada, o alertava sobre o perigo que aquele homem representava a ele e ao seu filho. Mas Jungkook, mais do que ninguém, sabia o quão cruel aquele alfa era, e por esse motivo, entre tantos outros, não deixaria que ele colocasse um dedo sequer em seu filhote.