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Monique
1 semana depois.

Já estamos morando na tal casa que minha mãe comprou. Eu to odiando! Não é nem a casa em si, porque é arrumadinha, tenho meu próprio quarto, tudo direitinho, mas nada se compara com a casa em que eu cresci, não tem comparação real.

Já se passava das 22h e minha mãe tá no catiço, pra lá e pra cá, hoje é sexta feira e meu padrasto não veio pra casa desde ontem. Como eu falei, ele usa droga, então sabe como é quando cheira e se empolga né? Já falei com ela pra botar ele pra ralar, mas a mona não me escuta.

Agora tá aqui vestindo a roupa pra ir atrás dele, não sei a onde, uma hora dessa cara, ela não se coloca no lugar dela não.

— O menino passou aí na frente falando que hoje vai ter baile! — se balançou toda, minha mãe é muito explosiva — Ah bebê, se ele tá pensando que ele vai curtir ele tá muito enganado, eu vou atrás dele agora! — pegou o celular — Troca de roupa aí, você vai comigo

— Que? Eu? — perguntei encarando ela

— É você mesmo, bora logo! — falou apressada pegando a chave

Eu não sei que loucura que me deu, mas eu fui. Vesti uma roupa qualquer lá e fui, não conheço ninguém aqui mesmo.

Ela ia pedindo satisfação pra Deus e o mundo, e eu só seguindo ela. Tipo eu já vim aqui antes pq alguns parentes meu mora aqui, mas eu não lembro totalmente de todas as ruas. Entramos em uma sem movimento nenhum, meu cool trancou, mas a gente foi andando e mais à frente tinha um grupinho com vários meninos armados, dava pra escutar uma discussãozinha no meio deles.

Murchei logo, vim parecendo uma mendinga achando que não ia me bater com ninguém e agora essa? Minha mãe me paga, cara.

— Bora voltar, vamos tentar achar outro caminho! — tentei convencer ela a não passar pelos caras, mas a mona tava possuída

— Que por outro caminho oque, o Baile vai ser por aqui, bora logo! — saiu me puxando, minhas pernas tremeram

Passamos despercebidas, só que não né? Geral me olhando, pararam até a discussão, como não sou daqui aqui, gera curiosidade mesmo. Eu cheia de vergonha parecendo uma louca andando rápido e ainda por cima bagunçada, o erro! Pessima primeira impressão com os cria da favela, risos.

Ninguém tinha chamado minha atenção, até meu olhar bater em um que estava mais afastado conversando com um menino, encima de uma moto enorme, boné enterrado na cara, completamente sério, o fuzil atravessado e as tatuagens por todo seu braço se destacava bastante.

Minha mãe falando abessa mas foi como se tudo ficasse em câmera lenta por alguns segundo. Quando o olhar dele encontrou com o meu, meu corpo arrepiou por inteiro, simplesmente sem motivo algum.

— Vamos logo Monique, porra, parece lerda! — gritou me puxando pra entrar em outra rua, perdi ele de vista.

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