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Monique.

— To tão cansada, escola tá acabando comigo! — Duda falou deitando com a cabeça na mesa, estávamos sentadas dentro da sala mesmo, aula vaga

— Tu só vive cansada mona, faz nada da vida — Paulo riu, ele é gay, mas não é assumido

— Mas estudar cansa mesmo! — concordei com Duda, conheci eles aqui na escola, são da minha sala, não temos muita intimidade, mas gostei bastante deles.

— Praça mais tarde? — Paulo sugeriu

— Vou sair com meu bofe hoje — me olharam

— Tu é casada? Não sabia! É daqui? — Duda perguntou curiosa

— É daqui sim, mas tenho certeza que você não conhece, não sou casada não, somos ficantes só! — falei rindo

— Ah, sim! Eu aceito pegar essa praça hoje...— iniciaram outro assunto, e eu dei graças a Deus por isso, não gosto muito de ficar falando sobre mim.

A última aula acabou e eu fui direto pra casa, cheguei faltando comer as panelas, chego na maior fome do mundo, sério. Parece que tava presa em um lugar que não tinha comida!

— Vou pra igreja hoje, vai sair pra algum lugar? — minha mãe perguntou encostada na porta, parece que sente

— Vou sair com Nathan! — ela me olhou rindo

— Quero saber que dia ele vai vir aqui conversar comigo sobre o namorinho de vocês! — debochou, ela sabe que não temos nada, mas bem que eu queria

Nathan já veio aqui em casa 2x, ficou aqui, conversou horrores com minha mãe, meu padrasto ele já conhecia, outro dia minha vó tava aqui e ele fez amizade com ela também, agora fica tudo me perguntando que dia ele vem aqui de novo.

Não temos nada definido ainda, eu gosto MUITO dele, mas ele nunca demonstrou sentimento por mim, apesar de ser bem carinhoso quando estamos juntos, como que não se ilude?

As vezes some e eu que vou atrás, se eu não for, nunca mais falamos, ele é assim, mas eu super entendo, é o jeito dele, eu sou apaixonada, não vou negar!

Agora mesmo eu tava aqui me arrumando pra ir ver ele, minha mãe foi pra igreja e o marido dela tinha 2 dias que não vinha pra casa, a cada tempo que passa ele se torna mais viciado ainda. Minha mãe pediu pra Nathan não vender droga a ele, mas quem disse que adianta? Se Nathan não vender, outro vende.

— A mulher mais linda do morro vai tá do meu lado hoje! — falou encostado no carro me observando aproximar, tava todo arrumadinho, aliás, ele sempre tá assim, é muito vaidoso, e eu acho lindo isso nele.

— Sorte sua. — respondi rindo, cheia de vergonha, nunca sei como reagir a esses elogios dele do nada

— Humm, tá cheirosa você — me abraçou

— Pra onde vamos? — perguntei quando entramos no carro

— Pra o baile lá do alemão — falou enquanto dirigia

— Sério? Você nem me avisou, teria me vestido melhor pra ocasião! — retoquei meu gloss

— Decidi de última hora. — ele disse digitando algo rápido, a expressão completamente fechada, parecia até que tava discutindo com alguém no celular.

Eu só conseguia pensar no fato de que essa é a primeira vez que vamos sair juntos pra todo mundo ver, isso tá ficando cada vez mais sério. Chegamos lá já se passavam das 01h da manhã, não tinha reparado, mas a maioria dos meninos lá do Jaca, veio atrás da gente em outro carro, só reparei quando cheguei aqui.

Não desgrudamos momento algum, a todo momento de mãos dadas, não sei se o motivo, mas chamamos atenção do baile quase todo, era impossível a gente passar e alguém não olhar e comentar algo entre si, confesso que fiquei bem nervosa, não sou acostumada.

— TH, você aqui mano, quanto tempo..— um rapaz bem alto veio até nós dois, assim que entramos no camarote. Parecia ser alguém bem importante, tinha meninos armados rodeando ele, em seu pescoço tinha tanto ouro que se olhasse muito, capaz de ficar cega

— Um bom filho à casa torna! — Nathan brincou apertando a mão dele que riu

— Fiel nova? Não tá mais com aquela do cabelo vermelho não? — me encarou, e eu encarei de volta tentando entender

— Do cabelo vermelho? Num conheço nenhuma mina com essas características não po, deve tá me confundindo! — riu sem graça

— Papo reto, foi mal aí irmão, me confundi! — o cara falou me analisando, ele não parecia ter se confundido, trocaram mais algumas palavras e depois saiu

— Ah, qual foi? Vai dizer que acreditou no que ele disse? Num fode, começa cismar do nada não — falou todo ignorante, eu hein!

— Eu não cismei com nada, apenas achei estranho, realmente é muito estranho, ele não falaria isso do nada! — o encarei esperando por alguma explicação

— Não existe explicações, cara tá doidão, sabe nem oque tá falando! Esse povo é desnecessário pra caralho, se foder pra lá — fechou a cara, ficou todo nervosinho, de branco ficou vermelho, e eu achando super engraçado

— Ficou nervoso assim por qual motivo? — cruzei os braços

— Não to nervoso, mas, porra, às vezes você fica falando como se eu tivesse outra pessoa, sendo que não tenho, num sou desses não po, comigo é só amor e carinho! — falou me fazendo rir alto

— O golpe tá aí! — debochei, bofe pensa que me engana

Nem insisti no assunto mais, deixei pra lá. Confesso que tava me sentindo um peixinho fora d'água naquele meio, Nathan não desgrudava de mim, estávamos como casal real. É muito louco tudo isso, nunca tinha vivido nada parecido antes, eu estava com ele ali, o acompanhando em tudo, como se fôssemos casados, vi de perto o quanto nossa vida é diferente uma da outra, vi a forma como ele se comunica, como lida com as coisas relacionada ao tráfico, já conheci o Nathan, mas hoje conheci TH.

Todos faziam questão de sair de onde tava pra vim cumprimentar, ele parecia ser bem respeitado e conhecido. Oque mais me chamou atenção, não foi nem isso, mas sim a postura e simplicidade dele, isso nem todos tem.

Realmente o tráfico é algo que nem todo mundo tem peito pra entrar, vendo de fora é uma coisa, né? Mas vendo de dentro, convivendo com tudo aquilo ali, com alguém que se envolve do seu lado, é outra história, uma experiência surreal, agora entendo o motivo dessas mulheres gostar tanto de envolvido, principalmente quando é gerente ou dono. Mas ainda sim, não romantizo.

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