Capítulo 06 - Risada e tempo de conversa.

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Depois de mais uma situação embaraçosa envolvendo Lauren, eu encontro um jeito de desvencilhar do assunto, dizendo que precisava ir no banheiro antes de irmos

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Depois de mais uma situação embaraçosa envolvendo Lauren, eu encontro um jeito de desvencilhar do assunto, dizendo que precisava ir no banheiro antes de irmos. Me condeno dez vezes lá dentro, me sentindo tão tonta como uma adolescente. Não sou idiota assim quando o assunto é flertes com outra pessoa, até me considerava boa nisso, mas a questão é que eu flerto com Lauren sem perceber que estou flertando, e sem ter a intenção também, e isso me pega desprevenida. É como se minha cabeça estivesse bem a frente do meu corpo, e ambos não conseguem se alcançar.

Vou culpar sua beleza e todos seus outros atributos, afinal, não me lembro de um dia ter chegado perto de uma pessoa igual ela.

Eu coloco um short jeans e uma blusa curta soltinha, já que não fazia frio, e nós partimos para o tal lugar que Lauren disse que conhecia. Penso que pegariamos um carro, mas quando ela começa a caminhar pela calçada, tão silenciosa como das outras vezes, observando distraída o movimento ao nosso redor, outra parte dela que já havia criado em mim se desconstrói. Lauren parecia uma das pessoas ricas que usariam um carro esportivo para cruzarem a esquina, caso contrário, nem sairiam de casa, mas estamos caminhando já vai fazer meia hora, e ela continua serena, observando. Em certo momento, ela abre a garrafa, e despeja um gole grande em sua boca, do próprio gargalo, e a oferece para mim em seguida.

— Por que você gosta tanto do silêncio? – Arrisco em tirá-la de sua bolha, e como de costume, Lauren demora a voltar para a Terra por completo. – Se parece com aquelas góticas suave.

— Uma gótica suave que dança ballet? – Lauren franze o cenho pra mim, e eu levanto um ombro, antes de tombar a cabeça para trás e virar um gole. – Por que você gosta do barulho?

A pergunta me pega em cheio. É estressante estar em um ambiente com muitos ruídos por tempo demais, mas, ainda assim, frequento festas, baladas, gosto de estar no centro da cidade, com o barulho das buzinas e dos carros. Mas isso não muda o fato de que, após muitas horas, e as vezes até minutos nesses lugares esses mesmos barulhos causam uma dor de cabeça que só pede paz. Me lembro de que, nas primeiras semanas em que me mudei para New Richland, eu estranhei, odiei a quietude, e isso não mudou até hoje.

— Sou um paradoxo em relação a isso – passo a garrafa pra ela. – Costumava ir a bares e baladas em Denver, mas gostava de me afundar em uma biblioteca, com o silêncio me envolvendo. Mas, ao mesmo tempo, amava morar na cidade grande, com todo o barulho, e odeio a quietude de New Richland.

— Mas New Richland é uma porcaria, não serve de parâmetro. Eu gosto porque moro longe da cidade.

— Faz sentido... – divago, a seguindo quando vira mais uma esquina. – Mas eu estava dizendo sobre o silêncio que parece ter dentro de você. Você é quieta a todo tempo, quase não dá para notar que está presente, fala pouco. É como se estivesse tão em paz dentro de você, que não se importa em se isolar do mundo para ficar dentro da própria bolha.

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