Camila, uma recém-chegada à pequena cidade de New Richland, sem opções, aceita o trabalho de assistente pessoal da mulher conhecida nacionalmente como a bailarina mais prestigiada da atualidade, e a única sobrevivente de um acidente que matou toda s...
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Estou a um pouco mais de dezesseis horas na casa dos Jauregui, e já passei pelos dois momentos mais constrangedores da minha vida inteira.
Depois que Lauren me expôs, ela saiu como se não tivesse significado nada, enquanto, para mim, a sensação de querer me matar só aumentava. Eu corri para dentro e busquei a maldita curtida, e realmente estava ali, em uma foto de quatro anos atrás, dela em Dubai, em frente a um arranha-céu. Lembro que dei zoom para ver seu rosto.
Estremeço de vergonha novamente quando lembro dela falando. Será que ela pensou que eu estava pesquisando sobre sua família? Que fiquei me alienando com teorias e fui nas suas fotos antigas buscar alguma com os parentes mortos? Será que me achou intrometida? Rude? Insensível?
Essas possibilidades me tiram a paz, e começo a decidir que amanhã, irei em busca de Lauren para me explicar, e mentir dizendo que só fiquei interessada pelo seu trabalho, que não estava buscando saber da sua vida pessoal e do que aconteceu com ela.
O som de mensagem no meu telefone me arranca dos pensamentos. Estou sentada na soleira da janela, que é bem larga, como se tivesse sido feita para que alguém realmente sentasse. Já se passam da meia-noite, e a casa está toda silenciosa. Faz muito tempo que não durmo cedo sem me obrigar a isso, então ainda estou desperta, admirando a paisagem que tenho das montanhas escuras aqui. Dinah aparentemente também está com tanto pouco sono como eu, porque é ela que me manda mensagem.
D: Ouvi pela cidade que você pegou o caminho da casa nas montanhas hoje de manhã com uma mala. D: O que você está fazendo????
Reviro os olhos. Odeio a forma que as fofocas se espalham aqui.
C: Vou passar a semana aqui para me adaptar. C: Ps: a casa não tem nada de assustadora. É muito linda, na verdade.
D: Você é mais corajosa do que pensei, Camila. D: Agora me diz, a bailarina é realmente real?
C: Sim, está vivinha e é muito gata. C: Sei que não devo falar isso da minha chefe, mas é a verdade. C: Hoje cheguei aqui e tinha uma mulher pelada na porta, a xingando porque ela estava a expulsando depois de uma noite de sexo.
Não tenho medo de contar isso a Dinah, porque embora a cidade seja fofoqueira, sei que ela não vai sair por aí espalhando isso, assim como não espalhou quando contei que me agarrei com um cara depois de uma festa que ela me levou e, no fim, descobri que ele namorava.
Citar seu nome me faz ter uma sensação estranha. Algo me incomodando no fundo da cabeça, como quando você saí de casa e sabe que esqueceu algo, mas não se lembra do quê.
D: OMG D: Longe da história de fantasmas, tem rumores mesmo de que ela pega muita gente. Uma vez, um amigo meu foi visitar um parente em Chicago, onde ela estava fazendo uma apresentação, e o primo dele contou que viu a bailarina em uma boate que ele ia, e perdeu as contas de quantas pessoas ela beijou. Aí ele chegou aqui e contou pra todo mundo.
