Capitulo 35- Creep.

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Assistimos ao espetáculo –maravilhoso– na área vip, e nos delongamos um pouco no teatro porque Lauren tinha alguns conhecidos no elenco e nos bastidores, os quais queria parabenizar

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Assistimos ao espetáculo –maravilhoso– na área vip, e nos delongamos um pouco no teatro porque Lauren tinha alguns conhecidos no elenco e nos bastidores, os quais queria parabenizar. Tive uma crise de ciúmes interna quando uma das atrizes principais, a qual com certeza já teve um caso com Lauren começou a dar em cima dela descaradamente, com convites para conhecer o novo hotel em que ela estava e tudo mais, mas mantive o sentimento apenas para mim, porque Lauren não estava dando bola a ela.

Tentamos ficar mais quietas nos dias seguintes, para que eu pudesse me recuperar, e eu me obriguei a ingerir alimento com sustância de verdade, porque não iria expulsar a gripe do meu corpo ingerindo uma tigela de sopa como única refeição do dia, contando com os chás horríveis que Lauren fazia a cozinha do hotel trazer.
Na sexta a noite, pegamos um avião para Nova Iorque, e aquele apartamento que Lauren estava olhando da primeira vez que vim em sua companhia já havia dado certo a mais de um mês atrás, então, não precisamos de hotel para nos instalar. É bem melhor, na verdade. É maior, na cobertura, e não precisamos nos preocupar com hóspedes. O único problema –para Lauren, óbvio–, é que ela não teria uma recepção vinte e quatro horas para a levar alguma bebida não alcoólica –suco, em sua grande maioria das vezes– que ela inventa às duas da madrugada, e eu também não sairia nesse horário para caçar um suco de pitaya com limão. Ela parece uma mulher grávida, as vezes, e se não fosse lésbica, eu desconfiaria de um feto no seu útero de tanto que seus pedidos são... excêntricos.

Isso me fez pensar em como essa intimidade e conforto evoluiu, porque tenho certeza que se essa fosse nossa primeira viagem, ela poderia me pedir qualquer coisa a qualquer coisa da madrugada, e eu sairia de loja em loja para buscar, com o medo de perder o emprego. Agora, enxergo isso mais como se eu fosse uma parceira de Lauren do que uma funcionária. O salário, por exemplo, eu não gasto com nada além de caprichos, porque não preciso. Tenho tudo em sua casa, e quando viajamos, ela não me deixa pagar nem pela água que consumo.

— Estou nervosa – comento pela vigésima vez, ao passarmos pela mesma porta de entrada do teatro da Broadway, no sábado de manhã. – Minhas mãos estão soando.

Lauren levanta os óculos escuros para o topo da cabeça, levando o olhar para minhas mãos sendo secadas no pano da minha própria roupa.

— Giovan tem um nome grande, mas ele é super gentil. Você vai sentir que é mais uma amiga dele do que qualquer outra coisa – ela tenta me acalmar, e eu rio de nervosismo.

— Você sente isso porque realmente é mais amiga dele do que qualquer outra coisa.

Lauren ri, parando na minha frente para ajeitar meu cabelo, colocando alguns fios rebeldes no lugar. Ela não teve uma recaída de humor até o momento, e embora isso esteja me deixando imensamente feliz, estou começando a temer de verdade o momento em que isso explodir e ela se afundar de forma que seja quase impossível alcança-la sem a permissão de mergulhar em suas profundezas. Mas, no fundo, torço para que esse seja o normal dela daqui pra frente. Talvez Lauren só entendeu que não precisa reprimir os sentimentos comigo, e agora não se culpa por tê-los mais.

Fallen AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora