Camila, uma recém-chegada à pequena cidade de New Richland, sem opções, aceita o trabalho de assistente pessoal da mulher conhecida nacionalmente como a bailarina mais prestigiada da atualidade, e a única sobrevivente de um acidente que matou toda s...
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Meu cérebro parece perder sua função, e meu corpo inteiro paralisa, até mesmo minha respiração. Acho que Lauren sente as batidas do meu coração voltando a ficar frenéticas, e eu finalmente levanto a cabeça, o suficiente para conseguir a olhar, e ela está com uma expressão serena, como quem não precisou se esforçar demais para confessar o que causará minha ruína.
— Está dizendo isso porque está chapada – eu argumento, mesmo que tudo em mim quisesse que aquelas palavras fossem verdade. Verdade ao ponto dela executa-las.
— Estou dizendo porque é verdade – Lauren recolhe uma das minhas mãos, e a pressiona em seu peito, no rumo do coração. Está acelerado, como o meu agora. – Porque você é a única coisa que faz meu coração ficar assim além da minha maior paixão, que é o ballet.
Pare, Lauren, eu não posso gostar de você. Você é caminho proibido. Não posso aceitar que gosto.
— Eu sei que o coração fica acelerado quando está chapada, Lauren – tento mais uma vez.
— Eu fumo a muito tempo para sentir efeitos da maconha com um fino, Camila – ela pressiona mais minha mão, os olhos fixos aos meus. – Isso é verdade. Acredite em mim.
Não quero perguntar o porquê ela está falando isso, ou o que suas palavras significam, porque vou receber a mesma resposta de sempre. Mas porra, por que você está fazendo isso comigo, Lauren?
— Eu pensei que você nem tinha um coração pra isso.
— Eu tenho, e de alguma forma, ele está batendo por você.
Seu coração acelera mais na minha mão, e eu vacilo. Não consigo encarar seus olhos que transmitem tanta sinceridade agora, e volto a me deitar sobre seu peito, mas dessa vez a abraçando do jeito que dá nessa posição, tão forte que é como se meu interior estivesse garantindo que ela não iria escapar pelos meus dedos, fugir após a revelação.
— Não vou conseguir manter esse trato, Lauren – eu digo, com a respiração falhando novamente, o coração acelerando como o dela, que agora pulsa nos meus ouvidos. – Não com você falando essas coisas. Por que você não me trata como as outras? Seria tão mais fácil.
— Porque eu nunca consegui acreditar que isso surgisse efeitos em você. Eu te acho incrível demais para sentir qualquer coisa além de tesão por mim, Camila.
Ela não se acha suficiente para me fazer gostar dela? Ela, Lauren Jauregui, a pessoa que alugou minha mente se acha insuficiente? Eu não me acho suficiente pra ela, para seu medo de relacionamentos, para suas barreiras.
— Você está errada...
Nós não falamos mais nada, e eu agradeço por isso. Tenho medo do que vamos soltar, porque o perigo do afastamento é muito grande. Estamos chegando na fronteira.
Então, nós ficamos ali, grudadas, segurando em algo que pode se escorregar a qualquer momento por causa de uma fala ou atitude, e quando me dou conta, não estou dormindo nua nos braços de Lauren, estou acordando, e não é essa luz que bate forte nos meus olhos, é pelo toque estridente do meu celular.
