Eu franzo o cenho, cessando totalmente a risada. Não sou intrometida ao ponto de abrir a conversa, mas também não sou ingênua para pensar que tinha algo a ver com trabalho, então viro a tela do celular com a notificação do número desconhecido em primeiro lugar na fileira de outras mil notificações para Lauren.
— Quem é essa? – Pergunto, mas como ainda estou distante da cozinha, Lauren, embora aperte os olhos, não consegue enxergar, e faz um bico enquanto nega com a cabeça, como se não fizesse ideia do que eu estava falando. – Está perguntando se você não vai responder.
— Ah, deve ser a Bella – ela da de ombros, tirando os ovos dentro de um recipiente que eu trouxe. – Ela conseguiu outro número para me mandar mensagens, eu bloqueei de novo, e agora deve ter aparecido esse.
Não que eu estivesse duvidando dela, principalmente depois do que aconteceu entre nós nesses últimos dias, mas só sua despreocupação com o fato de que seu telefone está desbloqueado na minha mão, me possibilitando de fazer apenas um movimento e a pegar em uma mentira já confirma ainda mais que deve ser a tal Bella. Ela me enchia de mensagens na dm do instagram antes de eu bloquear sua conta e todas as outras vinculadas a ela.
— Meu Deus – então, quando abro a caixa de mensagens, não é por desconfiança, e sim para a responder. – Posso responder?
— Pode. – Ouço o som de plástico sendo aberto, e bico o que Lauren está prestes a enfiar na boca antes de digitar qualquer coisa. É uma melancia que eu trouxe porque a vi na geladeira e não consegui controlar da minha boca encher de água. Ela morde um pedaço, torce o nariz, e volta a fechar o plástico, mastigando a contragosto. – Ah, sempre que eu como isso tem o mesmo gosto de água suja.
— Você está comendo errado.
L: Caso você não tenha visto ou só esteja ignorando todas as fotos que tem no meu instagram, porque eu sei que você tem algum perfil escondido por lá também, estou namorando e minha namorada é ciumenta. Pare de me mandar mensagens, está perdendo seu tempo.
Me sinto satisfeita ao encaminhar, garantir que foi entregue e só então bloquear. Deixo o celular de Lauren no mesmo lugar que achei, para entrar na cozinha de vez.
— Mas sobre o que estávamos falando... – volto ao assunto, prendendo meu cabelo em um rabo de cavalo firme no topo da cabeça. – Eu estou supreendida por não ter chorado ou me sentido super mal em nenhum momento até agora por causa do aniversário.
— Isso é bom?
— Demais! Mas é estranho – eu volto a abrir a melancia, e finalmente mato a vontade ao morder um pedaço. – Eu sempre ligava de chamada de vídeo para ela nesse dia, e saber que agora eu não posso pegar o telefone e fazer isso me dá uma sensação de vazio, mas não igual a qual eu estava naqueles dias antes da praia. Eu não sei... como eu falei, eu fui acostumando com a ideia, e acho que naqueles dias em específico eu estava me afundando mais por tudo que estava acontecendo na minha vida em si. Mas agora tudo parece tão... certo? Sei que é errado falar isso, afinal, minha mãe não está aqui, mas é como se tivesse aberto uma porta para mim, sabe? Eu nunca viria para New Ritchland se eu não soubesse da doença, não teria tido a necessidade de ir na sua casa em busca de emprego, não teria te conhecido, não teria aguentado aquelas coisas que aconteceram no início, logo, não teríamos nos envolvido mais, eu nunca teria tido a chance de estar na Broadway, de ter conhecido Giovan, de ter tocado para ele e ser aceita em um conserto dele. Isso me faz começar a acreditar em destino, e sei que onde quer que minha mãe esteja, ela não queria que eu estivesse triste com tantas coisas boas acontecendo na minha vida. Entendi isso.
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Fallen Angel
FanficCamila, uma recém-chegada à pequena cidade de New Richland, sem opções, aceita o trabalho de assistente pessoal da mulher conhecida nacionalmente como a bailarina mais prestigiada da atualidade, e a única sobrevivente de um acidente que matou toda s...