Lauren deixa que eu passe na frente quando subimos a escada do corredor de embarque, e não me surpreendo quando vejo a mesma aeromoça da primeira viagem na entrada do avião, recebendo os passageiros. Controlo a vontade de revirar os olhos, e quando chega nossa vez, respondo ao seu sorriso um pouco forçada, e não me presto a virar para trás para confirmar como ela reagiu à presença de Lauren, apenas vou em busca dos nossos assentos na primeira classe. Estávamos uma do lado da outra, mas como no vôo antigo, as poltronas são tão equipadas, que parece que estávamos a metros de distância. Eu sento na janela, e Lauren não reclama ao tomar o lugar do corredor.
Estou me acostumando com seu silêncio mais rápido do que pensei que conseguiria. Nos últimos dias, estive em sua companhia inúmeras partes do dia, quando ela pedia para que eu sentasse e desse nota para a tal coreografia que tanto treinava, ou quando eu estava no jardim lendo um livro que veio na minha mudança e ela se juntava a mim para fumar, observar a paisagem ou mexer no telefone, e ficávamos em silêncio quase que o tempo todo, e não me era nem um pouco incômodo mais. Como agora, que não me sinto pressionada a falar alguma coisa quando tiro o iPad da bolsa de mão ao me aconchegar na poltrona, a fim de confirmar nossas reservas no hotel que Ashley me mandou pela manhã, mas não tive muito tempo para verificar, porque fiquei garantindo que Lauren não fosse atrasar.
Estaremos em um dos hotéis bem mais prestigiados de Nova Iorque, como já era de se esperar, com hidromassagem e tudo mais. Mas um pequeno detalhe me chama a atenção quando rolo a página e o sistema me avisa que o arquivo terminou.
— Lauren? – A chamo, sem desgrudar os olhos do iPad, me certificando de que não foi um erro meu. Ela resmunga para que eu falasse. – Por que só tem um quarto reservado?
— Porque Ashley reservava os hotéis com dois meses de antecedência, o que você vai ter que fazer também, e eu não falei a ela para ela pegar outro quarto.
Eu a olho, arqueando uma sobrancelha, e Lauren está com a cabeça apoiada no descanso acolchoado, me encarando de lado, de uma forma que me faz perguntar o porquê não me enfiei em seu quarto durante a noite nesses últimos dias, e deixasse que ela me fizesse gemer de novo. Segurei minha decisão de fazê-la desejar meu corpo e não poder ter, mas confesso que foi uma tortura maior pra mim do que pra ela, principalmente quando me olhava assim. E agora, com esse quarto junto, vou encerrar minha marra.
— Está com segundas intenções comigo, Lauren?
— Estou com quintas intenções.
— E se eu não quisesse dormir com você? Não pensou nisso?
— Eu sei que você quer, mas está segurando marra – ela se curva na minha direção pra alcançar meu ouvido, onde sussurra o restante. – E se você soubesse o quanto eu quero sua boceta, não fazia isso.
Um casal começa a se acomodar nas poltronas da frente, e Lauren se afasta de mim com um sorriso, como se soubesse como estou toda arrepiada agora. Ela desce o olhar para meu busto, e eu acabo sorrindo no processo, voltando a sentir aquele envolvimento que ela consegue me atirar.
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Fallen Angel
FanfictionCamila, uma recém-chegada à pequena cidade de New Richland, sem opções, aceita o trabalho de assistente pessoal da mulher conhecida nacionalmente como a bailarina mais prestigiada da atualidade, e a única sobrevivente de um acidente que matou toda s...