Capítulo 42 - Confiança.

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— Laur

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— Laur... Não precisa dar um passo maior do que suas pernas alcançam.

— Eu quero te contar.

Eu assinto, visto que não teria como a fazer mudar de ideia, e me sento ao seu lado, tão delicadamente como se a cama fosse feita de uma camada fina de vidro, que se romperia a qualquer momento.
Nossos ombros de encostam, e hoje ela está quente, mas as juntas dos dedos ainda estão esbranquiçadas. Ficamos em silêncio por alguns segundos, onde Lauren permanece com o olhar baixo, encarando as mãos, e como forma de incentivo, eu repouso a minha sobre sua coxa, fazendo uma carícia com o polegar. Lauren suspira fundo no ato.

— Eu me lembro de muita pouca coisa da minha infância, e todas as memórias são desconexas, fora de ordem, então não sei exatamente quantos anos eu tinha naquela lembrança, mas em relação àquele dia eu me lembro perfeitamente, sem nenhuma falha. Nós tínhamos um combinado dentro de casa, que, contando que eu e meus irmãos tirássemos notas boas na escola, eles nos levavam para conhecer outros países duas vezes por ano. Hoje eu me lembro de todos eles por causa das fotos, mas naquele mês em específico, tínhamos ido para o México, Cancún, porque eu tinha visto um desenho animado no início do ano e coloquei como objetivo pessoal ir para lá, e acabou que papai cedeu à minha vontade e, no verão, estávamos viajando para Cancún. Os dias que passamos lá antes do acidente são um borrão na minha cabeça, não lembro de absolutamente nada. O que eu me lembro é que acordamos em um dia, e mamãe disse que alugaram uma lancha para nós andarmos. Chris sempre gostou dessas coisas de carros, aviões, barcos, motos e afins, então ele ficou animadíssimo, e Taylor e eu fomos contagiadas. Tomamos café no hotel, e fomos até o porto, onde a lancha iria sair. Ela era enorme, me lembro muito bem disso, principalmente quando eu e meus irmãos saímos para explorar cada canto dela.

Lauren recolhe minha mão, e deixo que ela brinque com meus dedos, e tome o tempo que precisa para continuar, sem dizer uma palavra sequer. Não acho que seu silêncio quer dizer uma espera para que eu palpite ou pergunte alguma coisa.

— Nós começamos a velejar, e de acordo com o tripulante que foi com a gente, para guiar a lancha, iríamos dar a volta em uma ilha, com uma pausa para nadarmos ao chegarmos perto da costa. Ironicamente, eu sempre gostei de água, então essa parte me animou, e eu fiquei igual uma sombra atrás dos meus pais perguntando quando iríamos parar, se eu podia pular com a lancha em movimento, se já podia pegar a bóia. Eu era uma criança muito elétrica, e com a negação constantes deles e os pedidos para que eu fosse paciente, eu voltava a explorar o barco repetidas vezes, enquanto meus irmãos observavam o mar. Brincamos na lancha, tiramos fotos, ouvimos histórias dos nossos pais, comemos muita comida da região, até minha barriga doer. Estava sendo mais divertido do que eu pensava, porém, em um momento em específico, enquanto nós cinco estávamos sentados em um banco na ponta da lancha, observando a água, eu fiquei entediada, e pela décima vez, quis brincar pelo barco. Chamei Chris e Taylor, mas eles eram mais quietos do que eu, e preferiram ficar com nossos pais, admirando aquela paisagem. Se eu soubesse o que iria acontecer, teria insistido mais.

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