Capítulo 5

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Ofereceu seus serviços? Que serviços, exatamente?

— Doo Hyun, o que eu tenho a oferecer na investigação de um assassinato?

— Ninguém está pedindo que você seja uma policial. Embora eu tenha certeza de que você tem um pouco disso no seu sangue. — Deu um sorriso afetuoso. — O que realmente precisamos é de alguém que conheça a área florestal muito bem e tenha um veículo 4x4. E esse alguém é você. Você conhecerá a agente que nos enviaram. Parece ser uma moça legal. É nova no departamento, e adivinhe só: nascida e criada na Austrália. Ela apareceu usando tantos agasalhos de inverno que andava feito o boneco Michelin, e me perguntou como descongelar o para-brisa. — Hyun deu risada, e Jennie sorriu, imaginando a agente desconhecida. — Ela está na Larkspur agora, mas voltará logo e dirá a você do que precisa.

Uma batida na porta os interrompeu e, sem esperar por uma resposta, Taeri colocou a cabeça para dentro.

— Hyun, ligação na linha um para você. Jaemim Elders, de Missoula.

Os lábios de Hyun formaram uma linha fina.

— Obrigado, Taeri. — Olhou para Jennie. — Tenho que atender. Você se importa de esperar aqui pela agente? O nome dela é Park Chaeyoung.

Jennie assentiu distraidamente, e Hyun saiu da sala. Ela ainda não havia decidido se ajudaria nesse caso. Alguma coisa nele parecia… arriscada, de uma maneira pessoal. Tinha certeza de que isso tinha a ver com o fato de que seu pai havia trabalhado naquela mesma delegacia por tantos anos… podia praticamente senti-lo ali, sentir o cheiro da loção pós-barba que ele usava, ouvir sua risada…

Sentindo-se exausta de repente, sentou-se em uma das cadeiras à mesa, olhando para a tela escura. Sua atenção foi tomada pela imagem mental da mulher sentada sozinha na cela, e ela ficou grata pela mudança de foco. O som suave de seus dedos tamborilando sobre a mesa preencheu o ambiente, enquanto imaginava o que ela estaria fazendo naquele momento. Ainda estava sentada ali? O que mais Lisa estaria fazendo, Jennie? Hyun estava certo quando disse que a mulher nunca tinha visto um carro antes? A curiosidade a alfinetou, e o fato de que ela podia ser uma assassina ― uma que tinha propensão a prender suas vítimas em paredes com flechas afiadas ― não estava sendo suficiente para reprimir aquela sensação em particular. Aparentemente.

Tamborilou os dedos na mesa por mais alguns minutos, depois ficou remexendo as mãos uma na outra, mordeu o lábio, olhou para a porta e hesitou por apenas mais um momento antes de se levantar rapidamente e ir até o monitor. A tela ligou em um clique, e a visão da pequena cela onde a mulher ainda estava sentada piscou ao ganhar vida. Ela estava na mesma posição de antes. Na verdade, parecia que não havia movido um músculo sequer.

Durante um minuto inteiro, Jennie ficou simplesmente a observando, sentada no banco na outra sala, quieta e sem se mexer. Através do anonimato da tela, ela permitiu que seus olhos a percorressem livremente ― desde seus cabelos desgrenhados até seus calçados estranhos. Era esguia, mas musculosa. Firme. Devia mesmo ter força suficiente para atirar uma flecha que atravessasse um corpo. Era grande. E forte. E com uma aparência selvagem.

De fato, uma mulher das cavernas.

Jennie podia visualizar essa mulher lutando com animais selvagens. E ganhando.

Quem é você?

Seus olhos migraram para as mãos dela, pousadas nas coxas. Eram grandes, e mesmo através da tela, podia ver que tinham várias cicatrizes. Ela tinha mãos de uma… guerreira, cheias de marcas, mas femininas, e Jennie queria estudá-las, como se fossem uma obra de arte. Eram… brutalmente belas de uma maneira que nunca vira antes. E não pôde deixar de se perguntar o que Lisa havia feito com aquelas mãos para causar tantos machucados.

Selvagem - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora