Jennie piscou para Lisa, seus lábios rosados formando um O após ela tirar a caneta dos dentes. Lisa estava nervosa, mas, ainda assim, seu sangue estava pegando fogo ao ver a boca dela aberta daquele jeito.
— Pranpriya? Eu não entendo. Por que você disse que se chamava Lisa?
Parecia preocupada, e aquilo fez Lisa sentir… ela não sabia a palavra, mas sabia que a última coisa que queria era assustá-la quando estava sozinha com ela. Principalmente quando ficava pensando nos lábios dela e no quanto gostava de sentar ao lado dela, inalando seu aroma doce de mulher e…
Levantou-se rapidamente, afastando-se dela, recostando-se na parede perto da janela.
— Eu contei a verdade quando disse que não sei qual é o meu sobrenome. Acho que uma mulher chamada Alma, Almara ou Almina me deu esse nome, mas não tenho certeza. Mas ela me criou até os meus quase oito anos, e eu a chamava de Yâa. Ela falava em uma língua diferente, às vezes. Não sei qual era, e não sei onde morávamos ou por que fui tirada dela.
Jennie continuava boquiaberta, com os olhos arregalados enquanto ouvia.
— Como assim você foi tirada dela?
— Eu quis dizer como acabei vindo parar aqui, e não sei como ou por quê. — Aquilo era verdade também. Não estava pronta para contar o resto a ela, não ainda.
— Você acha que ela, a sua Yâa, te deixou aqui?
— Eu… não sei.
Jennie pareceu tão confusa.
— Isso não faz sentido algum. Quem era a sua mãe? Seu pai?
Lisa hesitou.
— Minha mãe me entregou para a minha Yâa, eu acho. Não sei. E… eu não sei nada sobre o meu pai.
— Por que você mentiu? Não quer ajuda para descobrir e entender tudo isso?
Soltou uma lufada de ar, passando os dedos pelos cabelos. Lisa queria contar sobre o penhasco, e sobre a guerra que não existia, e como tinham mentido para ela, mas ainda não sabia o que deveria esconder e o que deveria contar.
Não conte a ninguém que estive aqui, ok?
— Eu menti porque não sei em quem confiar — admitiu.
Percebeu que queria confiar nela, e parte de Lisa já confiava. Foi o desejo que a surpreendeu, quando ela passou tanto tempo confiando apenas em si mesma.
Mas queria, queria ver os olhos pequenos e escuros dela se encherem de… compreensão. Queria compartilhar suas preocupações e problemas com outra pessoa. Só não tinha certeza se deveria ser essa mulher, que a fazia se sentir tão incerta de si mesma, fazia o sangue correr quente por suas veias.
A mulher que ela queria chamar de sua.
Os olhos dela percorreram o rosto de Lisa, como se pudesse ler as respostas às perguntas que tinha só por olhá-la.
Ainda não, um saber interior disse a Lisa.
Mas em breve, se você permitir. Lisa desviou o olhar, pegando uma lata de comida que ela trouxera da última vez.
— Você está com fome? Não sabia se podia ― ou se deveria ― confiar plenamente nela, mas podia alimentá-la, mesmo que ela que tenha trazido a comida.
Jennie olhou para a lata e, depois, para ela.
— Sim — murmurou. — Lisa… Pranpriya… qual você prefere?
— Eu vivi a minha vida como Pranpriya. Até… eu ir para o… prédio do xerife.
Ela franziu o cenho.
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
Fiksi PenggemarQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...