Onde ela está? O coração de Lisa saltava de nervosismo enquanto olhava pela janela pela centésima vez, esperando ver a caminhonete entrando pelo portão, mas o portão ainda estava fechado.
Desceu as escadas e seguiu para a antessala, onde Nigel apareceu, como Lisa esperava que fosse acontecer, embora ainda não conseguisse entender como ele fazia isso. Lisa diria que ele era como um lobo e podia sentir o cheiro das pessoas quando se aproximavam, mas o homem não tinha jeito de lobo.
Definitivamente tinha o jeito de algo mais furtivo.
- Perdi alguma ligação?
Ele limpou a garganta.
- Não, senhora. Não nos últimos vinte minutos.
Estreitou os olhos, sentindo que o homem estava usando... sarcasmo.
Havia aprendido aquela palavra hoje em um de seus livros, aprendido o significado.
Mas seus livros não explicaram que algumas pessoas usavam sarcasmo para fazer outras pessoas se sentirem mal consigo mesmas.
Furtivo.
Ela se aproximou um pouco, franzindo o nariz. Também tinha cheiro de furtivo. Oleoso.
- Como você vê as pessoas antes de elas chegarem a um cômodo?
Nigel ergueu o nariz como se estivesse sentindo o cheiro de alguma coisa, mas não inspirou.
- Pelas câmeras, senhora.
Câmeras. O coração de Lisa afundou.
- Câmeras?
- Sim, senhora. Há câmeras nos cômodos para que os funcionários saibam onde a família possa estar precisando de algum serviço.
Lisa começou a ouvir um zumbido, como os das cigarras ― aprendera o nome dos insetos que zumbiam e cantavam nas árvores, preenchendo a floresta com seu barulho, mas somente a cada dezessete anos. Elas só haviam feito isso uma vez, mas Lisa se lembrava delas ― a floresta inteira vibrara com o acasalamento.
Lisa deu as costas para Nigel, seguindo para a biblioteca, olhando para cima vez ou outra, tentando avistar as câmeras.
Estava sendo observada. De novo.Fechou a porta após entrar, encostando-se nela por um minuto, como se lutasse para recuperar o fôlego. Ela se sentiu... não sabia a palavra. Ainda tinham tantas palavras que não sabia.
Caminhou até a mesa, pegou o dicionário e o folheou, como se pudesse se deparar, de repente, com a palavra certa que representaria como estava se sentindo.
A porta se abriu. Sentiu o cheiro dela antes de vê-la. A mulher dos pássaros.
Ela sorriu e fechou a porta atrás de si.
- Lisa - ronronou. Estava sempre ronronando, como um gato. Mas gatos odiavam pássaros. Talvez fosse por isso que ela gostasse de ouvi-los chorar.
Aproximou-se dela, e Lisa quis recuar, mas manteve-se firme, ouvindo os zumbidos de cigarras aumentando em seus ouvidos novamente.
Ela arrastou as garras de pássaro pelo peito dela, lambendo os lábios e fitando-a.
- Ah, as coisas que eu poderia te ensinar, Lisa. - Desfez o primeiro botão de sua blusa, depois o segundo.
Entendeu o que ela queria. Ia ficar nua, como a mulher ruiva, e oferecer seu corpo a Lisa, embora não tenha feito nada para tentar merecer.
Afastou-se, e a mão dela caiu de seu peito.
- Eu tenho uma mulher.
Riu, mas não foi uma risada. Estava mais para o som que um coiote fazia antes de atacar alguma coisa. Ela estalou a língua e tornou a se aproximar dela.

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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanfictionQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...