Capítulo 18

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Jennie sentou-se em sua cama, com os pés enrolados sob o corpo, encarando a parede completamente branca diante de si. O chá que havia feito já estava frio, e ela colocou a caneca na mesa de cabeceira, suspirando. Nem ao menos gostava de chá. Mas sempre parecia ser algo que deveria acompanhar momentos de introspecção e serenidade profunda.

Que pena não ter feito progresso com a primeira, e falhado completamente em alcançar a segunda.

Pegou o controle remoto, ligando a televisão e colocando em um noticiário.
O homem que falava sobre a previsão do tempo apontava para uma tela enquanto sua voz retumbava. Mais neve. Mais frio. Que surpresa.

Pensou em Lisa lá no meio do nada, com neve acumulada até as janelas de sua pequena cabana enquanto estava sozinha lá dentro. Sentia-se solitária?
Claro que se sentia, não era? Era um ser humano sem ninguém em sua vida.

Jennie também se sentia solitária, isso podia admitir. Mas, pelo menos, tinha amigos, comunidade, livros, um celular, uma televisão para quebrar o silêncio quando precisava da ilusão de uma companhia.

Será que havia sido por isso que Lisa pegara a revista? Para ter algo para fazer nessas noites solitárias no meio da floresta? Estremeceu, apesar de estar aquecida e confortável, enrolada em um cobertor em sua cama. Somente pensar no isolamento tão profundo que Lisa devia sentir a aterrorizou.

Porque Jennie compreendia.

Não no nível que Lisa devia compreender ― como poderia? Mas não se lembrava de algum momento em que não tivesse sofrido solidão, a sensação de que estava à deriva, sempre tentando desesperadamente agarrar-se a alguma coisa ― qualquer coisa ― que pudesse ancorá-la. Sempre tentando, sem sucesso, recapturar o que lhe havia sido arrancado tão de repente e inexplicavelmente. Conforto. Lar. Amor. Agora… ela havia encontrado o carro, poderia enterrar seus pais, e ainda assim, sentia-se tão vazia quanto antes.

Tão perdida quanto antes. Sozinha. Porque o que realmente vinha tentando reivindicar não seria encontrado nos lugares em que procurava.

Será que Lisa compartilhava desses mesmos sentimentos de solidão?
Também havia sido abandonada. Deixada sozinha para se virar de maneiras que ela provavelmente nem poderia imaginar.

E a solidão nem era a pior parte ― embora somente aquilo parecesse, bem, catastrófico. Como Lisa iria sobreviver sem meios para caçar, já que seu arco e flechas haviam sido apreendidos pelo xerife? Pensou sobre a faca de caça que ela carregava presa na coxa, que Lisa dissera que usaria para obter o jantar.

Jennie ficou sem fala pelo choque no momento, e até agora, ainda estava desconcertada. O que Lisa ia fazer? Atacar um animal e então cortar sua garganta, tirar sua pele, desossá-lo e…

Apertou o cobertor com mais força em volta de si, percebendo que estava se encolhendo de tensão, e permitiu que seus músculos relaxassem. Não era leiga em relação a caças, mas ninguém que conhecia iria querer se envolver em matar um animal da maneira que uma faca de caça fazia.

Pensando nisso, o que Lisa ia fazer agora já que não tinha uma boa arma para caça e nenhum contato com o mundo, já que Isaac Driscoll havia sido assassinado? Disse a ela que conseguira sobreviver antes de conhecer Driscoll, e sobreviveria agora. E aquilo devia ser verdade.

Mas e se Lisa precisasse de alguma coisa? E se ela se machucasse ou ficasse doente? Podia estar isolada antes, mas agora… agora não tinha mais meios.

O que devo fazer?

Bom, você poderia amaldiçoar Deus, eu acho. Geralmente, essa é a minha melhor solução. Fazer isso bem alto, com muita fúria.

Selvagem - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora