Capítulo 37

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Por causa da neve que caía novamente ― e do fato de que não era recolhida no Natal ―, o caminho até o apartamento de Jennie foi lento e quieto, mas não menos prazeroso. Jennie estava deleitando-se com a felicidade de ter acabado de ter o melhor Natal de sua vida, e Lisa parecia feliz também, com os lábios levemente curvados enquanto assistia à neve cair pela janela.

Estacionaram em frente à casa onde ela alugava um estúdio, e Jennie segurou a mão dela, rindo quando correram da caminhonete, a neve caindo em um borrão branco ao redor. Ela destrancou a porta e elas entraram, e Jennie colocou um dedo contra os lábios para que não fizessem barulho enquanto subiam as escadas nas pontas dos pés.

A antiga casa havia sido transformada em um duplex, e a senhora que vivia no andar principal era uma parente distante dos proprietários originais que a construíram. O estúdio que Jennie alugava ficava no andar de cima e tinha um cômodo geral, uma cozinha minúscula, um banheiro e nada mais.

Mas atendia às suas necessidades.

Ela destrancou a porta no topo das escadas, e elas entraram no apartamento, tirando os casacos e cachecóis, menos Lisa, que continuou com seu novo cachecol em volta do pescoço. Lisa não havia tirado desde que o recebeu.

Jennie adorou ver como deu valor ao presente. Tinha certeza de que ela nunca mais o tiraria.

Jennie ficou observando enquanto Lisa olhava em volta, desde a pequena árvore com luzes cintilantes em frente à janela, até sua cama, arrumada com uma colcha antiga feita à mão que comprou em um bazar no último dia em que os preços dos itens restantes foram reduzidos, até as peças de mobília baratas que Jennie comprou por uma pechincha e pintou. Lisa passou uma mão pela pilha de livros sobre a mesa de cabeceira e deu uma olhada na pequena cozinha e no banheiro. Observou os olhos dela percorrendo tudo com interesse.

Parecia… impressionada, e ela não pôde evitar o sorriso que curvou seus lábios.

Lisa foi até a janela que tinha uma pequena varanda falsa e abriu o trinco.

Havia um pórtico acima da janela que impedia que a neve entrasse, e assim, embora o vento batesse na cortina, não as atingia.

— Não saia para a varanda — alertou, aproximando-se por trás dela. — Não é seguro.

Lisa olhou para ela e sorriu antes de voltar sua atenção para a neve, assistindo-a rodopiar, as luzes da cidade cintilando em volta, conferindo um brilho incrível à paisagem.

— É tão lindo aqui — Lisa elogiou, com um tom de admiração na voz.

Ela riu, envolvendo seu bíceps com os braços e puxando-a para perto, apoiando a cabeça no ombro dela para admirar o cenário. Tentou deixar seu pequeno lar bonito, apesar de ter pouco dinheiro para gastar em coisas bonitas.

Mas nunca o havia considerado lindo.

Aconchegante, sim. Seu, sim. O melhor que podia com o pouco que tinha. Mas agora, ali de pé enquanto as luzes e a neve se misturavam diante dela, o vento frio, mas calor e conforto de casa a poucos passos de distância, percebeu que realmente era lindo. Jennie tinha tudo que precisava. Tinha feito o melhor que pôde, e tinha orgulho por saber que nunca pararia de tentar.

— É, não é? — ela sussurrou, com um pequeno embargo na voz devido à emoção que aquela noite inteira provocou.

Jennie queria mostrar a Lisa outras coisas, experimentar tudo o que, para ela, seria novidade: tortas em lanchonetes à meia-noite, piqueniques em parques ensolarados, filmes tarde da noite e mil outras coisas que as pessoas não valorizavam. Queria ver o rosto dela ao assimilar tudo, ver o deleite em seus olhos, a confusão, a compreensão. Queria vê-la desvendar as coisas em sua mente rápida. E ainda assim, outra parte dela a queria do jeito que ela era, sempre ― inocente, linda, intocada, sua.

Selvagem - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora