Jennie soltou o medalhão, e ele caiu dentro da camiseta de Lisa. Seu coração estava acelerado. Sua pele parecia pinicar, e ela estava tendo dificuldades para engolir, sentindo ondas de choque a percorrerem.
— Como? — murmurou. — Onde? — Sacudiu a cabeça, tentando livrar-se do zumbido em seu ouvido que começou desde o momento em que viu a foto dentro do objeto. Era o medalhão de sua mãe, o que ela estava usando quando morreu.
Sentiu uma tontura, e seus dentes começaram a bater. Lisa virou-se e abriu a porta de sua casa, entrando antes de lançar um olhar inquisitivo para Jennie.
Ela notou que os pés de Lisa ainda estavam descalços e, apesar de seu estado de choque, Jennie fez uma careta. Eles devem estar congelando. A seguiu para dentro e fechou a porta, mas não entrou por completo na sala. Apoiou o rifle contra a parede, ao lado de onde ficou parada.
— Por favor, me diga — pediu, e, dessa vez, sua voz soou mais firme, embora seu coração estivesse batendo a toda velocidade.
— Encontrei esse colar em um carro na base de um desfiladeiro. Tinha uma corrente diferente, mas estava quebrada.
— Os olhos dela percorreram o rosto de Lisa, que estava com a expressão tão intensamente séria que Jennie não conseguia desviar o olhar. Lisa olhou para baixo, onde o medalhão pousava em seu peito. — Você… conhece essas pessoas? — Parecia estar prendendo a respiração enquanto a encarava, seus dedos encontrando o medalhão e o acariciando, como se já tivesse feito aquele movimento centenas de vezes antes e agora o fizesse por hábito.— Sim. É a minha família — sussurrou. — O bebê sou eu.
Lisa franziu o cenho e abriu a boca, fechou, e então, disse finalmente:
— Você.
A encarou novamente, desviando o olhar para o medalhão que ela agarrava antes de olhar para Jennie mais uma vez, como se tentasse relacionar a foto minúscula do bebê dentro dele com a mulher adulta diante de si.
— Sofremos um acidente de carro quando eu era muito nova. De algum jeito, fui atirada para fora do veículo durante a batida e fui encontrada, mas eles nunca foram.
Os olhos de Lisa vaguearam pelo rosto dela por um momento, e algo estava fazendo sua expressão suavizar. Compreensão.
— Posso levar você até eles, se quiser.
Jennie estendeu a mão para trás, a fim de apoiar-se contra o batente da porta para não cair. Meu Deus, não conseguia acreditar. O carro. O carro. Ela encontrou o carro. O local de descanso final de seus pais, o que ela vinha procurando incansavelmente desde que tinha idade suficiente para andar por essa floresta sozinha. Assentiu, com lágrimas queimando em seus olhos. Mas se recusou a deixá-las cair, não queria compartilhar seu luto com esse mulher, essa estranha. Verdade seja dita, não queria compartilhar seu luto com ninguém. Ela se perguntava se ao menos sabia como.
— Quando? — ela perguntou. — Há quanto tempo você o encontrou?
— Cinco invernos atrás. — Encolheu-se muito sutilmente e limpou a garganta. — Cinco anos atrás — reformulou, como se tivesse percebido que havia respondido incorretamente no segundo em que as palavras rolaram por sua língua.
Só que… Deus, se eu morasse por aqui, provavelmente também calcularia o tempo a partir de quantos invernos sobrevivi. Mas ela não podia pensar sobre isso naquele momento, não depois de saber que o carro de seus pais estava tão perto e aquela mulher podia levá-la até lá. Até eles.
— Pode me levar até lá agora?
Lisa olhou pela janela.
— Não, está muito tarde. Posso levar você pela manhã. Está escuro e cheio de gelo agora, e vamos ter que descer.
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanfictionQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...