Capítulo 28

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— Sra. Cranley?

— Sim. Quem está falando? — A mulher do outro lado da linha tinha uma voz profunda que arranhava um pouco.

Fumante, Chaeyoung palpitou.

— Olá, senhora. Aqui é a agente Park Chaeyoung. Sou do Departamento de Justiça de Incheon.

Houve uma breve pausa e alguns ruídos, até a Sra. Cranley finalmente dizer:

— Do que se trata?

— Senhora, sinto muito informar que o seu irmão foi encontrado morto.

Outra pausa, mais longa dessa vez.

— Isaac?

— Sim, senhora.

— Ele deixou algo para mim em seu testamento?

Bom, isso foi abrupto. Chaeyoung foi pega desprevenida por um instante.

— Na verdade, senhora, parece que Isaac não tinha um testamento. Mas a senhora está listada em vários documentos como parente mais próxima dele.

— Bem, eu serei. — Chaeyoung ouviu mais alguns farfalhares e, então, a voz abafada da Sra. Cranley gritou para alguém ao fundo: — Lester, Isaac morreu e não deixou testamento. Sou a parente mais próxima dele.

— Quando foi a última vez que falou com Isaac, Sra. Cranley?

— Você pode me chamar de Georgette. E, hã… acho que doze anos atrás, no funeral do nosso pai. Isaac e eu não nos dávamos bem. Acho que isso não importa agora. Ele era esquisito, para falar a verdade.

Chaeyoung limpou a garganta. Aparentemente, essa mulher não tinha problema em falar mal do morto. De qualquer forma, aquilo facilitou seu trabalho.

— O que quer dizer com isso, senhora? Georgette?

Chaeyoung ouviu uma inspiração profunda, como se a mulher tivesse acabado de acender um cigarro.

— Ele simplesmente era. Estava sempre observando as pessoas, com uma expressão estranha no rosto. Aquilo me dava arrepios, e olha que ele era meuirmão. Foi piorando conforme ele foi ficando mais velho. Fiquei feliz quando Lester e eu nos mudamos para Portland, e não precisei mais vê-lo.

— Entendi.

— É claro que percebi isso quando fui à casa dele em Incheon. Acho que foi há uns dezoito ou dezenove anos, e tinha uma senhora com a neta, eu acho, que era vizinha dele. A menina era uma criancinha, então devia ser. Isaac ficava olhando para a menina com uma expressão estranha. — Ela fez um som que deu a Chaeyoung a ideia de que havia acabado de se arrepiar exageradamente. — Bem, foi aí que eu disse, ah, bingo! Isaac é um pervertido. Tudo fez sentido.

Chaeyoung se sentiu enjoada, de repente. Ela limpou a garganta.

— Mas você nunca viu nenhuma evidência de que ele abusava de crianças?

— Não. Só aquele olhar. Mas mulheres sabem dessas coisas, entende? Intuição.
— Ouvi-a tragar o cigarro mais uma vez.

— E você disse que isso foi em Incheon?
— Chaeyoung pegou a ficha de Isaac e conferiu que seu último endereço conhecido era de Incheon, provavelmente um apartamento. Ele ficava no bloco A.

— Aham. Não tenho mais o endereço, mas foi o último lugar em que o vi.

— Pelo que entendi, o seu irmão fez trabalhos voluntários para várias agências de serviço social na região.

— Bem, aí está. Isso dava acesso.

Chaeyoung limpou a garganta novamente. Ela havia falado com várias pessoas nas agências de trabalho voluntário onde Driscoll havia trabalhado, mas ninguém disse nada depreciativo sobre ele. Decidiu que precisaria aumentar a rede de pessoas para entrevistar que podiam ter conhecido Driscoll em seus trabalhos voluntários.

Selvagem - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora