— Sra. Cranley?
— Sim. Quem está falando? — A mulher do outro lado da linha tinha uma voz profunda que arranhava um pouco.
Fumante, Chaeyoung palpitou.
— Olá, senhora. Aqui é a agente Park Chaeyoung. Sou do Departamento de Justiça de Incheon.
Houve uma breve pausa e alguns ruídos, até a Sra. Cranley finalmente dizer:
— Do que se trata?
— Senhora, sinto muito informar que o seu irmão foi encontrado morto.
Outra pausa, mais longa dessa vez.
— Isaac?
— Sim, senhora.
— Ele deixou algo para mim em seu testamento?
Bom, isso foi abrupto. Chaeyoung foi pega desprevenida por um instante.
— Na verdade, senhora, parece que Isaac não tinha um testamento. Mas a senhora está listada em vários documentos como parente mais próxima dele.
— Bem, eu serei. — Chaeyoung ouviu mais alguns farfalhares e, então, a voz abafada da Sra. Cranley gritou para alguém ao fundo: — Lester, Isaac morreu e não deixou testamento. Sou a parente mais próxima dele.
— Quando foi a última vez que falou com Isaac, Sra. Cranley?
— Você pode me chamar de Georgette. E, hã… acho que doze anos atrás, no funeral do nosso pai. Isaac e eu não nos dávamos bem. Acho que isso não importa agora. Ele era esquisito, para falar a verdade.
Chaeyoung limpou a garganta. Aparentemente, essa mulher não tinha problema em falar mal do morto. De qualquer forma, aquilo facilitou seu trabalho.
— O que quer dizer com isso, senhora? Georgette?
Chaeyoung ouviu uma inspiração profunda, como se a mulher tivesse acabado de acender um cigarro.
— Ele simplesmente era. Estava sempre observando as pessoas, com uma expressão estranha no rosto. Aquilo me dava arrepios, e olha que ele era meuirmão. Foi piorando conforme ele foi ficando mais velho. Fiquei feliz quando Lester e eu nos mudamos para Portland, e não precisei mais vê-lo.
— Entendi.
— É claro que percebi isso quando fui à casa dele em Incheon. Acho que foi há uns dezoito ou dezenove anos, e tinha uma senhora com a neta, eu acho, que era vizinha dele. A menina era uma criancinha, então devia ser. Isaac ficava olhando para a menina com uma expressão estranha. — Ela fez um som que deu a Chaeyoung a ideia de que havia acabado de se arrepiar exageradamente. — Bem, foi aí que eu disse, ah, bingo! Isaac é um pervertido. Tudo fez sentido.
Chaeyoung se sentiu enjoada, de repente. Ela limpou a garganta.
— Mas você nunca viu nenhuma evidência de que ele abusava de crianças?
— Não. Só aquele olhar. Mas mulheres sabem dessas coisas, entende? Intuição.
— Ouvi-a tragar o cigarro mais uma vez.— E você disse que isso foi em Incheon?
— Chaeyoung pegou a ficha de Isaac e conferiu que seu último endereço conhecido era de Incheon, provavelmente um apartamento. Ele ficava no bloco A.— Aham. Não tenho mais o endereço, mas foi o último lugar em que o vi.
— Pelo que entendi, o seu irmão fez trabalhos voluntários para várias agências de serviço social na região.
— Bem, aí está. Isso dava acesso.
Chaeyoung limpou a garganta novamente. Ela havia falado com várias pessoas nas agências de trabalho voluntário onde Driscoll havia trabalhado, mas ninguém disse nada depreciativo sobre ele. Decidiu que precisaria aumentar a rede de pessoas para entrevistar que podiam ter conhecido Driscoll em seus trabalhos voluntários.
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanfictionQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...