Ela desapareceu. Aparentemente, durante a fuga turbulenta de pássaros.
Ninguém sabia para onde Lisa havia ido.
O coração de Jennie estava apertado enquanto andava de um lado para o outro em seu apartamento. Lisa, Lisa, Lisa.
Imaginava o tormento que ela deve ter sentido quando a agente Park contou sobre o que encontraram. Lisa não havia somente sobrevivido àqueles momentos inimagináveis; eles haviam sido orquestrados e guardados em filmagens.
Criticados. Já tinham se passado vinte e quatro horas, mas ela mal conseguia imaginar toda aquela maldade. Mal conseguia pensar sobre aquilo sem lágrimas surgirem em seus olhos.
— Onde você está? — murmurou. O único lugar que Lisa conhecia era a floresta. Será que voltaria para lá, agora que não tinha uma casa para morar?
Tinha a sensação de que ela faria isso.
Tinha a sensação de que Lisa estava escondida em algum lugar sozinha. Uma caverna, ou atrás de árvores. Algum lugar onde se sentia segura.
Você não veio até mim porque não sabia como?
Porque se sentiu tão perdida neste mundo? Foi porque Jennie não havia ido falar com ela? Quis fazer isso, mas a agente Park achou que seria melhor ela dar a notícia, entregar-lhe as respostas de que Lisa precisava. E, para falar a verdade, Jennie precisou de um tempo para se recompor depois do que viu.
Deus, o coração dela doía.
Não podia simplesmente esperar sentada por notícias, e o escritório do xerife não estava montando uma equipe de busca. Lisa não era uma criminosa. Bem, se não contasse a libertação daqueles pássaros ― mas o avô aparentemente havia convencido a esposa a não prestar queixas por isso. Também não era uma pessoa desaparecida. Era uma vítima. E havia ido embora de Bangkok sem olhar para trás.
Jennie vestiu seu casaco e calçou as botas, pegou a bolsa e trancou a porta de seu apartamento após sair. Vinte minutos depois, estava saindo da rodovia e pegando a estrada que levava à trilha de terra fechada.
A caminhada até o lugar que havia sido a casa de Lisa estava mais fácil agora que um pouco da neve havia derretido.
Apesar de sua preocupação e medo de não encontrá-la, Jennie pôde apreciar a beleza da floresta. O ar tão limpo e fresco, o canto dos passados em volta dela, a sensação de ser parte de tudo de uma maneira indefinível. Lisa caminhara por essa floresta a vida inteira, com seus próprios pensamentos, seus próprios sonhos, aprendendo, crescendo… sem uma única pessoa com quem compartilhar essas coisas. A solidão que devia ter sentido… ela nem conseguia imaginar como Lisa sobrevivera a qualquer dessas coisas, mas principalmente à solidão.
Principalmente isso.
Chegou à casa onde ela morou. Tudo estava quieto… calado. Andou até a porta e bateu, mas não recebeu resposta alguma. Nos fundos da casa, colocou as mãos em volta da boca para que sua voz ficasse mais alta.
— Lisa? — chamou pela floresta, dando mais passos à frente. Jennie a sentia, podia jurar que a sentia. — Lisa? — chamou novamente, mais alto. — Por favor, apareça. Por favor. Eu estou sozinha, e estou… com medo.
Aquilo era verdade, mas sabia que estava usando como manipulação. Se Lisa pudesse ouvi-la, viria. Não resistiria à sua súplica por ajuda. Ela a conhecia, e apelou para a bondade existente nela.
Porque eu a amo, disse para si mesma.
Porque eu nem ao menos falei isso a ela ainda, e Lisa precisa saber. Lisa precisa saber que é amada.
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanfictionQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...