Capítulo 16

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Jennie esfregou os olhos, ainda inchados e coçando dias depois de encontrar seus pais. Mas é claro, havia chorado até dormir na noite anterior, com a visão dos esqueletos deles ainda preenchendo sua mente e perfurando seu coração.

Agora, se sentia tão exausta. A porta se abriu, e a agente Park entrou na sala e pousou um copo de papelão diante dela, enfiando a mão no bolso e tirando de lá vários pacotinhos de leite e açúcar. Ela os colocou sobre a mesa também, junto com uma colherzinha de plástico ao lado do copo.

- Pensei que seria bom para você.

Jennie envolveu o copo com as duas mãos, sentindo o prazer do calor relaxar seus ombros ao menos um pouco.

- Obrigada. Fico muito grata mesmo.

A extração havia levado alguns dias, mas o carro, que comprovadamente pertencia aos pais de Jennie, havia sido resgatado da base do desfiladeiro horas antes e transportado para Incheon. Um time de investigadores tentaria determinar se o veículo havia falhado de alguma maneira e se essa teria sido a causa do acidente.

Os restos mortais de seus pais haviam sido transferidos para o instituto médico legal de Incheon, embora Jennie não achasse ― com base no que vira ― que havia algo a ser examinado além de ossos.

Apreciava o esforço que estava sendo feito, e o cuidado com que sabia que os restos de seus pais seriam tratados.
Claro, seu pai havia sido um xerife bem respeitado e um membro da comunidade, e ela sabia que a cidade como um todo iria querer que seu pai descansasse apropriadamente.

Quanto a Jennie, ainda não sabia bem como se sentia. Esperava sentir alívio, e sentiu, mas também esperava conseguir um ponto final, a sensação de que podia finalmente começar sua vida. Não sentia nenhuma dessas coisas, mas só haviam se passado quarenta e oito horas.

Somente quarenta e oito horas desde que Lisa a havia abraçado naquele desfiladeiro frio e sombrio. Somente quarenta e oito horas desde que elas trilharam o caminho silencioso de volta para a casa de Driscoll, onde ela ligara para a agente Park. Levaria tempo, deduziu. Uma semana... talvez duas, até ser capaz de deixar aquela tragédia para trás e aceitar que eles nunca mais voltariam.

Estou sozinha neste mundo.

Não que sonhasse ou esperasse que eles fossem voltar. Não havia se convencido a acreditar que eles não estavam realmente mortos. Era só que... não ter a prova de suas mortes ― ou o fato de que não havia simplesmente imaginado o acidente, o frio, a queda que os havia levado embora ― a impedia de ser capaz de seguir em frente emocionalmente.

Dizer as palavras para Lisa alguns dias antes, admitir que estava estagnada, foi uma revelação importante. A caça pelo local do acidente de seus pais a impedia de seguir em frente. Durante todos aqueles anos, havia ficado presa de certa maneira ― emocionalmente imóvel. Ao olhar nos olhos dela e responder à sua pergunta de forma honesta, fez com que isso ficasse claro de repente. No entanto, agora, havia encontrado sua família. Não precisava mais permanecer perdida no tempo. Agora... agora podia ir em busca de descobrir o que queria fazer pelo resto da vida. Queria fazer isso, disso tinha certeza. Só... não naquele dia.

- Queria que você tivesse falado comigo antes de ir à casa de Lisa. Eu teria ido com você.

Jennie despertou de volta para o presente, ponderando o que a agente Park havia dito ao sentar-se de frente para ela.

- Me desculpe. Pensei em ligar, mas... pensei que eu estava sendo louca. Aquele medalhão... eu não o via há tanto tempo. Pensei que talvez eu estivesse imaginando coisas.

A agente Park a encarou por um momento.

- Então, Lisa encontrou o carro dos seus pais em algum momento e pegou o colar de lá?

Selvagem - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora