A expressão de Jennie ainda estava… enevoada. Lisa se identificava; também não conseguia acreditar. Não conseguia acreditar que Jennie era… o garoto de cabelos escuros do penhasco.
Aquilo a o fez querer rir e a preencheu com alegria. E, ainda assim, de algum jeito estranho que Lisa não sabia explicar ― não porque não conhecia as palavras, porque aprendeu tantas durante as últimas semanas ―, aquilo fazia sentido. Estava perplexa, mas não surpresa.
Ela a conhecia, não apenas por causa dos sussurros que fluíam através dela ― através de todos, se eles soubessem ouvir ―, mas porque Jennie esteve lá na noite mais transformadora de sua vida. Ela a salvou. Se não fosse por aquele canivete, nunca teria sobrevivido. E Lisa a salvou.
Naquela decisão de fração de segundo… Lisa salvou o amor de sua vida.
As duas sobreviveram, uma por causa da outra, sobreviveram sozinhas, porém juntas, todos esses anos, para que pudessem se reencontrar no tempo certo.
Estacionaram em frente ao escritório do xerife, e as duas ficaram sentadas encarando o local por um momento.
Jennie ligou para a agente Park quando chegaram à rodovia, e ela ia encontrar Lisa lá. Jennie estendeu a mão, apertando a dela.
— Tem certeza de que não quer que eu entre com você? Ou espere aqui fora?
Inclinou-se e a beijou rapidamente.— Não. Eu posso fazer isso sozinha. — Preciso fazer isso sozinha. Preciso ser uma mulher. — Mas mal posso esperar para te ver no seu apartamento. Vou pedir a agente Park para me dar uma carona até lá quando terminarmos.
Jennie sorriu e assentiu.
— Estarei esperando.
As duas melhores palavras que já ouvira da mulher que amava. Estarei esperando. Tinha uma pessoa esperando por ela. E nunca a deixaria esperando por muito tempo. Lisa abriu um sorriso largo, beijando-a mais uma vez e saindo da caminhonete em seguida.
A delegacia parecia diferente, mas seu olhar realmente era diferente na última vez em que estivera ali.
— Estou aqui para ver a agente Park — disse para a mulher na recepção. Ela arregalou os olhos e derrubou sua caneta, levantando-se rapidamente.
— Oh, sim. Pranpriya certo? — Ela franziu a testa. — Não. Lisa! Eu ouvi a agente Park… bem, enfim, eu a conheci antes, ou a vi, melhor dizendo. — Riu, um som alto como o de um rouxinol de peito louro. Mas ela tinha que parar de pensar em tudo em termos florestais, tinha que expandir seu… alguma coisa.
Tinha um ditado para isso, mas ela não conseguia se lembrar no momento. Mas significava que ela finalmente tinha nomes para coisas que nunca tivera antes, e precisava começar a usá-los. Lisa sorriu, orgulhosa do conhecimento que já havia reunido. — Por aqui — ela disse, indo na frente, olhando para trás por cima do ombro e corando por motivos que Lisa não entendia. Algumas coisas ainda eram um mistério. Ela a seguiu, entrando em uma sala com uma mesa no meio, onde a agente Park estava sentada, com um notebook diante de si.
A agente se levantou quando Lisa entrou, apertando sua mão.
— Fico feliz por Jennie tê-la encontrada.
Lisa abaixou o olhar, sentindo-se mal por ter fugido, e ainda inquieta pelo fato de que essa mulher sabia tantas coisas sobre ela, coisas pessoais que Lisa achava que nunca compartilharia com alguma outra alma viva.
— Eu sei que você precisa que eu fale… oficialmente, mas Jennie e eu descobrimos mais uma coisa.
— O quê?
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanficQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...