Uma explosão de luz. Lisa encolheu-se, buscando a escuridão novamente.
Flutuou por um minuto, dois, mas o frio pinicava sua pele. Machucava. Sim, ela estava com dor, com frio… mas não com tanto frio quanto sentiu… antes.
Sentiu o cheiro de solo… terra, folhas e algo que não conseguia nomear. O cheiro parecia ser de urina, e se perguntou se havia se molhado.Seus pensamentos estavam desordenados, sua mente tentava agarrar alguma lembrança…
Algo se moveu contra seu pé, e ela puxou o joelho para o peito, choramingando. Sentiu outro movimento perto de seu ombro, e seus olhos se abriram de uma vez. Lembranças do homem e do penhasco e… e… não conseguia se lembrar de mais coisas além daquilo, mas foi o que o fez se mover, arrastando-se até o círculo de luz abaixo de si. Saiu do buraco onde estava, rolando pelo chão congelante, um choro de medo e confusão irrompendo por seus lábios ressecados e rachados.
Colocou o braço sobre os olhos, esperando-os parar de piscar, e foi abaixando o membro lentamente. Floresta. E neve. Luz do sol. O som de água pingando em volta dela. A princípio, pensou que fosse chuva, mas não, era neve derretendo. Fechou os olhos e abriu a boca, sentindo o sabor da água refrescante pingando dos galhos de árvore acima dela capturado por sua língua.
Alívio. Alívio.
Ao olhar para baixo, viu que seu corpo estava coberto com manchas roxas de hematomas, e usava apenas sua cueca. Em algum lugar no fundo de sua mente, lembrou-se de ter retirado suas roupas molhadas porque estava com calor.
Queimando de calor e, então… ela caiu. Olhou rapidamente para trás e viu que o lugar de onde havia se arrastado era uma toca. Havia coisas se movendo em volta dela, sobre ela, choramingando e quente. Rapidamente, Lisa caiu de joelhos e espiou dentro do local onde seu corpo quase nu esteve deitado durante a noite escura e profunda. Havia seis filhotes de lobo, quatro dormindo, dois a encarando. Piscou, e eles piscaram também.
Viu o formato de onde seu corpo esteve acomodado perto dos filhotes. Ela havia caído em sua toca e eles a mantiveram quente, quando teria morrido congelada.
— Oi — resfolegou, sentindo lágrimas encherem seus olhos. Estava com medo, machucada e com frio. Tremendo.
Usando somente sua cueca, com os pés descalços sobre a neve, de repente, não se sentiu mais tão sozinha, e a emoção fez um bolo se formar em sua garganta de gratidão.
Os dois filhotes que estavam acordados ainda a encaravam, e quando estendeu a mão lentamente e com cuidado para acariciar um deles, encolheu-se novamente de medo. Lisa viu que as costelas deles estavam visíveis, e seu coração apertou.
Eles estavam famintos. Haviam sido abandonados pela mãe.
Assim como eu.
Mas eles não tinham uma Yâa para cuidar deles.
Aproximou-se ainda mais da toca, tocando com delicadeza a cabeça de um dos filhotes e o acariciando ao sussurrar as palavras que sua Yâa costumava lhe dizer quando ela tinha dificuldades para dormir.
— Tudo bem. Você vai ficar bem. Vai sobreviver. Você é garoto forte.
Quando estendeu a mão para afagar a barriguinha de um dos filhotes que estavam dormindo, puxou-a de volta rapidamente. O animal estava frio sob seu toque. Os outros quatro filhotes não estavam dormindo. Eles haviam morrido.
Para ter certeza, Lisa tocou um por um, sentido que todos estavam frios, mas não gelados. Não ainda. Não como o gato que ela encontrara morto no beco ao lado do prédio onde ficava o apartamento de sua Yâa antes de gritar para que o ajudasse.
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanfictionQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...