Lisa puxou Jennie para mais perto, embora não tivesse como ficarem ainda mais próximas do que já estavam. A menos que ela a levasse para a cama, o que Lisa queria fazer ― desesperadamente. Queria rolar pela cama com ela, cheirá-la em toda parte, tomá-la, gemer e uivar com gratidão pela vida…
Não. Esses são pensamentos de lobo, lembrou a si mesma. Mas Jennie gostava do lobo que havia nela, sabia disso também. Acariciou o pescoço dela com o nariz, puxando a coberta do hospital com mais firmeza em volta dela para garantir que estivesse aquecida. Agora, se eles ao menos as deixassem sair desse hospital, com todos os cheiros intensos e desconhecidos que estavam fazendo cócegas em seu nariz e enevoando seu cérebro…
Mas Lisa sabia que voltaria no dia seguinte. Seu avô estava em outro andar, em algo que chamaram de coma.
O coração de Lisa apertou.
Ficou surpresa diante da tristeza que a preenchia quando pensava na possibilidade de seu avô não melhorar.
Mas tinha Jennie, e tinha sua própria vida, e era nisso que estava focada.
A agente Park ― Chaeyoung, embora ainda fosse difícil pensar em se referir a ela assim ― tinha puxado Lisa e Jennie, ensopadas, congelando de frio e quase afogadas da água a poucos… metros, isso, agora ela conhecia aquela unidade de medida… a poucos metros do local onde iniciavam as corredeiras rochosas.
A Sra. Park ― Jisoo ― havia encontrado o bilhete no apartamento de Jennie e mandou Chaeyoung ir encontrá-las, mas havia uma árvore caída na estrada que levava ao topo da cachoeira, então ela acabou indo parar na base. Graças a Deus. Se foi o Dr. Chang que mandou bloquear a estrada, aquilo tinha servido perfeitamente para Lisa e Jennie. No fim das contas, Chaeyoung estava exatamente onde precisava estar.
O Dr. Chang tinha desaparecido. Havia uma caçada para capturá-lo.
Jennie virou a cabeça, beijando os dedos dela que estavam em seu ombro antes de entrelaçar sua mão à dela. Ela a fitou.
— Durante a queda… eu ouvi a minha mãe. — Olhou para baixo, seus cílios fazendo sombras em suas bochechas. — Ela estava conosco, Lisa. Eu acho que… esse tempo todo.
Jennie ergueu o olhar para ela novamente, aqueles pequenos olhos castanhos que a encararam em um penhasco coberto de neve muito tempo atrás ― não, quinze anos atrás ― e hoje no topo de uma cachoeira e confiou sua vida a ela.
Lisa sentiu seu peito expandir. Achou que poderia explodir.
Soltou uma lufada de ar, pensando em como as anotações da mãe dela lhe devolveram a vontade de viver, de seguir em frente, quando ela tinha desistido da vida, quando a solidão tinha lhe tirado tantas coisas que não lhe restava mais nada a oferecer. Preencheu-a novamente, com sua voz, com seus pensamentos cheios de esperança, com perguntas para ocupar sua cabeça e seu coração, e com palavras para lembrá-la de que ela era humana.
— Sim — ela concordou. — Ela estava.
— Meu pai também — Jennie disse. — Eu acredito. Estou grata por tudo isso. Serviu para alguma coisa, e nos trouxe até aqui. Lisa, você acha que pode encontrar uma maneira de acreditar nisso também?
Lisa desviou o olhar por um segundo. Sabia o que ela estava lhe perguntando.
Estava perguntando se ela poderia deixar para trás a mágoa e a raiva e a… amargura pelo que fizeram com ela. Se Lisa poderia acreditar que existiam forças maiores… operando, e que essas forças a guiaram e a amaram.
Lembrou-se de como sentiu a presença da mãe dela ― ouviu seus sussurros ― quando encontrou Driscoll morrendo em sua cabana. Deixe para lá, ouvira lá no fundo, e foi o que fizera, naquele momento, pelo menos, entregando ao homem seu celular quando ele pediu o aparelho. Lisa sabia agora que Driscoll tinha chamado ajuda… trazendo o delegado até sua cabana… que, então, levou Lisa para a delegacia… para…
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Selvagem - Jenlisa (G!P)
FanficQuando a guia florestal Jennie Kim é convocada ao escritório do xerife da pequena cidade em Boesang, Coréia do Sul, para prestar assistência em um caso, fica chocada ao descobrir que a única suspeita na investigação de um duplo homicídio é uma mulhe...