Capítulo 47

520 81 4
                                    

Lisa rastejou pela floresta, o som da água corrente abafando os outros sons ao seu redor.

Encontre-me, o bilhete dizia, no topo da cachoeira Amity Falls. Eles sabem que você é culpada, Lisa. Eles sabem que você matou Driscoll. Não posso deixar que te prendam. Vamos desaparecer juntas, voltar para a floresta.

A princípio, seu coração afundou. Jennie achava que ela era culpado da morte de Driscoll? Sabia que aquilo não era verdade. Ela contara a ela… tudo.

O que elas compartilharam… os planos que fizeram… Vamos desaparecer juntas. Não fazia sentido. Conseguira uma carona com um dos policiais que foi a Bangkok quando seu avô foi levado para o hospital. Ela correu até a porta dela, querendo contar tudo que acontecera. Mas ela tinha sumido, não estava em seu apartamento, onde dissera que esperaria por ela.

Algo estava errado.

Virou o rosto em direção ao vento delicado, inclinando a cabeça para capturar… ali estava. O cheiro dela.

Mesmo misturado com o cheiro mineral fresco da água corrente, mesmo misturado ao cheiro de… outro humano. Um homem. Não, dois.

Avançou, agachando-se, silenciosa.

Chegou ao canto das árvores, movendo-se pelas sombras, usando a luz e a escuridão para se aproximar.

— Eu sei que você está aqui, Lisa — um dos homens disse, fazendo Lisa congelar, um rosnado subindo por sua garganta, mas o engoliu. Aquela voz. Ela conhecia aquela voz. — Câmeras. Elas me dão vantagem, apesar da sua discrição. — O homem olhou para Jennie, que estava de pé perto da cachoeira, e sorriu. Outro homem, mais jovem, estava de pé atrás do homem que falou, seus olhos focados nas árvores escuras onde Lisa se escondia. — Não podemos colocá-las em todo lugar, é claro. Mas recebo várias transmissões no meu celular. Um programa de TV fascinante. Um verdadeiro reality show.

Esse homem também estava vigiando Lisa? O monstro que estava no topo do penhasco naquela noite horrível?

Lisa foi consumida pela raiva ― raiva e luto ―, como se, de repente, visse sua vida ― todo o seu sofrimento ― sob uma luz diferente e ainda pior. Mas, acima de todas aquelas emoções, estava o medo. Sua pele se arrepiou. Seu peito queimou.

O medo de Jennie estar diante de um homem que Lisa sabia que queria machucá-la.

O homem fez um aceno de cabeça para o jovem rapaz atrás dele.

— Daire.

Daire tirou uma arma do bolso, fazendo o sangue de Lisa gelar.

— Saia agora, Lisa — o homem mais velho disse, o que tinha partes brancas nos cabelos pretos, como um gambá. — É inútil se esconder na floresta.

Lisa hesitou por apenas um momento e, então, saiu das sombras.

O homem sorriu, com uma expressão que parecia… afetuosa.

— Oi, Lisa. Minha nossa, você é ainda maior pessoalmente. É… realmente maravilhoso ver você.

— Lisa — Jennie falou, seus olhos desviando para a arma na mão do outro homem, seu sorriso vacilando. Lisa moveu-se na direção dela, e nenhum dos homens a impediu.

Quando ela estava a meio caminho de Jennie, o homem mais velho decretou:

— Está ótimo. Fique bem aí. — Suspirou.
— Vou explicar para você a nossa missão. Talvez você pergunte: por que estou te contando? Porque você merece saber. Você merece entender que o seu sacrifício não será em vão. Muito pelo contrário. Vocês duas são parte de algo tão maior. Apesar do que precisa acontecer aqui hoje, eu as reverencio. Meu orgulho e admiração pelas duas não têm limites.

Selvagem - Jenlisa (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora