Selvagem - Jenlisa (G!P)

Capítulo 34

Lisa sentia-se preenchida com um misto de felicidade e medo que lhe tirava o fôlego. Ela tinha alguém em quem confiar, alguém para quem talvez fosse capaz de se abrir. Talvez não sobre tudo, mas a maior parte. Uma pessoa carinhosa e bondosa, uma mulher que fazia seu coração bater mais forte no peito e seu sangue correr mais rápido nas veias. Uma mulher que ela queria de todas as maneiras.

Não deseja que ninguém soubesse cada coisa terrível sobre as maneiras que encontrou para sobreviver, mas poderia contar a Jennie a maior parte. Até mesmo ela tentava esquecer algumas partes, tremia quando uma memória lhe surgia quando nem ao menos a estava buscando. Tinha medo de que Jennie ficasse… com nojo se soubesse tudo que já havia feito para sobreviver, mas também tinha medo de que Jennie achasse que Lisa tinha sido uma criança burra por ter sido enganada da maneira que foi. Toda a sua vida… uma mentira, e ainda não sabia o porquê.

Será que descobriria algum dia, agora que Driscoll estava morto? Isso ao menos importava? Sabia quem ela era. Isso era o mais importante.

Jennie estava em frente ao fogo e esfregou as mãos uma na outra, aquecendo-as. Ela deixou seus olhos descerem pelo corpo dela, querendo puxar sua calça, ajoelhar-se por trás dela e colocar a língua entre suas pernas naquela posição. Será que Jennie a deixaria fazer isso? Será que os joelhos dela estremeceriam? Será que Jennie a tocaria novamente como tocou antes?

Queria fazê-la estremecer e gritar seu nome de novo. Animais machos demonstravam o que queriam e esperavam que as fêmeas dessem o sinal de que também queriam.

Mas como uma pessoa pedia algo assim? Palavras fizeram Jennie corar antes, e Lisa ainda não tinha certeza por que, mas achava que pedir isso com palavras não era a coisa certa a fazer.

Deveria simplesmente… tocá-la? Jennie gostaria disso?

Entre os animais era mais fácil do que entre as pessoas.

Ela virou, abrindo um sorriso por cima do ombro, arregalando os olhos ao deparar-se com a expressão de Lisa, como se lesse os pensamentos em seu rosto. O som baixo de passos na neve chamou sua atenção, se aproximando cada vez mais. Lisa desviou o olhar de Jennie e seguiu em direção à porta. Ouvindo.

Esperando um cheiro. O som ficou mais próximo e, então, alguém estava subindo os degraus da varanda. Uma mulher. Depois, uma batida na porta.

Lisa ficou tensa, um rosnado subindo por sua garganta. Quando viu que Jennie estava olhando para ela, fechou a boca, tentando relaxar o corpo.

Aproximou-se um pouco mais da porta, no instante em que uma voz feminina disse:

— Lisa. É a agente Park .

Franziu a testa ao ir até a janela para dar uma olhada. A mulher estava de pé ao lado da porta, usando um casaco grosso, e botas com pele de um tipo de animal que Lisa nunca vira na natureza. Sem armas e… sem carro, o que significa que, de onde quer que ela tenha vindo, veio andando.

— Você pode confiar nela, Lisa — Jennie disse, aproximando-se por trás dela e pousando a mão em seu braço. — Eu confio.

Ela se deu conta do quão tenso seu corpo estava e encontrou os olhos de Jennie, assentindo.

Quando abriu a porta, o olhar da agente foi rapidamente para detrás dela, onde Jennie estava. Ela soltou uma respiração aliviada.

— Que bom, você está aqui. — Olhou para Lisa. — Posso entrar?

Lisa abriu mais a porta, e a agente entrou, olhando em volta da cabana enquanto tirava o casaco enorme.

— Eu estava preocupada — a agente falou, novamente para Jennie, lançando um olhar para Lisa que dizia com clareza que não confiava nela completamente.