O clima em Cojímar sempre foi dos mais calorosos e Sam sempre gostou muito disso, no entanto ter que usar aquele vestido longo mesmo que com uma blusa de manga curta por baixo, era o que mais irritava a garota. Fora aquele hábito sobre sua cabeça. Não via a hora de chegar a noite para se retirarem e ela poder rancar tudo aquilo de seu corpo.
Estava agora em uma sala de frente ao pátio com outras freiras onde teriam que separar as roupas boas das ruins para colocar no bazar da igreja. A morena estava ali mas, mais enrolava do que ajudava. Tudo que queria nesse momento era correr para a praia e se jogar no mar.
Enjoada com o calor que sentia, Sam levantou-se e saiu para fora da sala sentindo uma deliciosa brisa soprar. Ergueu um pouco do hábito sentindo o vento em sua nuca e observou as freiras passando pra lá e pra cá nos corredores. Encarou a muvuca dentro da sala e fez um careta por ter que voltar para lá novamente.
Antes que tomasse coragem, ouviu alguns passos se aproximando e ao fitar quem vinha, observou Mon com uma linda garota de cabelos pretos e pele negra. A mesma não era freira pois usava roupas normais e as mesmas destacavam suas belas curvas. Por um momento, Sam sentiu já ter visto a garota de algum outro lugar. Elas estavam chegando mais perto e Sam rapidamente parou de olhar.
- Ei, aconteceu alguma coisa? - Mon perguntou ao se aproximar da morena, Sam a fitou semicerrando seus olhos.
- Não, é só que... está calor demais. - disse olhando dela para a garota ao seu lado.
- Concordo totalmente. Deve ser horrível para vocês com essa roupa. - a garota estranha, mas não tão estranha, disse e Sam concordou.
- Eu já me acostumei. - Mon comentou. Aliás essa a é Yuki. Ela ajuda em muitas coisas na igreja então sempre a vera por aqui. Yuki, essa é Sam, uma das noviças. - Mon as apresentou e Sam sorriu fraco cumprimentando-a.
- Muito bom conhecê-la. - Yuki disse com um sorriso.
- Igualmente. - Sam falou soltando sua mão.
- Mas que calor dos infer...- Tee se aproximou de Sam mas parou de falar quando avistou as outras duas mulheres que estavam em sua frente. - Ah, oi gente. - disse dando um sorriso amarelo.
Sam deu uma risada baixa e Tee tentou a beliscar por trás. Mon e Yuki sorriram e Mon rapidamente apresentou as duas também. Assim que elas entraram na sala para ajudar as outras freiras com as roupas, Tee encarou Sam e a puxou pelo pulso para o outro lado do pátio.
- Sinto que já vi aquela Yuki em algum lugar. - comentou cruzando seus braços. - Não gostei muito dela. Acho que o santo não bateu.
- Também sinto que já a vi em algum lugar.
- Será que você já ficou com ela? - Tee disse sugestiva e Sam deu de ombros.
- Talvez. - a morena sorriu. - Mas creio que não, ela tem cara de hétero. E é da igreja. Deve ser só impressão.
- Aí que você se engana. E meu gaydar apitou pra ela. - Tee disse e levou as mãos na cabeça tirando seu hábito. - Essa porra é chata.
- Também não aguento mais usar isso. - Sam talou logo retirando o seu.
Estavam enfrentando uma tarde quente naquele dia, e se pudesse, Sam andaria pelada pelo lugar.
- Só um sorvete de abacaxi pra melhorar essa tarde fodida. - Tee resmungo e Sam a encarou.
- Você precisa controlar essa boca, alguém pode acabar te ouvindo e te aplicando uma punição. - Sam falou e riu da expressão que a loira fez. - Mas bem que um sorvete seria ótimo agora. - murmurou dando um suspirou.
- Eu ouvi a palavra sorvete? - as duas se assustaram com o som da voz masculina ao seu lado e rapidamente olharam em direção vendo um cara alto, olhos castanhos e de sorriso fácil.
Seu cabelo era castanho e alguns fios caiam bagunçandos sobre sua testa, o que o deixava ainda mais bonito.
- Por que? Você por acaso tem sorvete aí com você? - Tee falou o encarando e erguendo uma sobrancelha.
Sam o examinava. Nunca tinha visto o garoto por ali, e o mesmo não parecia ser um coroinnha, monje, padre ou qualquer coisa do tipo.
- Não. Mas eu por acaso estou indo no centro e a madre pediu para que eu chamasse duas freiras para me acompanharem. - falou com um sorriso esperto.
- Quem é você? - Sam tinha seus olhos semicerrados e ele rapidamente a fitou.
- Me chamo Heng. E vocês? - disse amigável.
- Eu sou Tee, e ela Sam. Somos novenhas.
- Noviças - Sam corrigiu e Heng deu uma risada.
- Acho que sei quem são. Levei sua mala até o quarto no primeiro dia. - o garoto disse e Sam arqueou suas sobrancelhas em consentimento.
- Obrigada? - a morena disse dando um sorriso.
- Não por isso. Eu costumo ser um faz tudo por aqui, então vocês ainda me verão muito.
- Tá, mas e o sorvete, sai ou não? - Tee disse fazendo Sam e Heng darem uma risada.
- Claro, claro. Vou até a cozinha pegar uma lista de compras com Teresa e já encontro com vocês lá fora. - ele disse logo saindo de perto das garotas e ambas sorriram animadas.
- Aleluia Deus. Vem Sam não vamos dar mole se não brota alguém do além pedindo favor pra gente. - a mais alta puxou a morena para fora do convento e esperaram Heng do lado de fora.
Minutos depois o garoto realmente apareceu com uma folha em mãos e com as chaves da van. Logo abriu a porta do veículo para que elas entrassem e deu a volta entrando no lado do motorista. Assim que se ajeitaram no veículo, Heng ligou o mesmo dando partida e seguindo para o centro.
Ao entardecer beirando a noite, as noviças voltaram para o convento muito felizes pois Heng realmente havia comprado sorvete para elas, além de ser um cara muito gentil que até deixou Tee ouvir a música que quisesse na van. Ajudaram ele a levar as sacolas para a cozinha com algumas compras básicas que Teresa havia pedido e Heng então se despediu pois ainda precisava fazer outras tarefas, essas em sua casa a pedido de sua mãe.
Sam descobriu que Heng desde criança frequentava a igreja e conhecia todos naquele lugar. Algo no fundo de Sam dizia que Heng escondia algumas coisas sobre si mas deixou isso de lado. Talvez com o tempo ele contasse. Isso é, nesse um mês que ela ficaria ali.
Já anoitecia e Sam deu graças de ninguém ter reparado no sumiço repentino dela e Tee. Assim que foram para o quarto prepararam suas coisas para irem tomar banho.
Quando chegaram no banheiro uma mulher terminava de pentear seus cabelos e ao ver as garotas se despediu com um sorriso amigável e logo saiu deixando apenas as duas.
- Acho que vou tomar um banho gelado hoje. - Tee comentou se livrando rapidamente de suas roupas e entrando na cabine.
Sam notou que havia esquecido seu sabonete e correu no quarto buscar. Quando voltou percebeu que Mon estava ali e havia deixado suas coisas próximo as dela.
Mon a fitou assim que Sam entrou e a mesma deu um pequeno sorriso para ela, caminhando para perto de sua toalha sobre o banco logo em seguida.
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𝐋𝐢𝐭𝐮𝐫𝐠𝐢𝐚
Фанфик𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒 𝐎𝐒 𝐃𝐈𝐑𝐄𝐈𝐓𝐎𝐒 𝐑𝐄𝐒𝐄𝐑𝐕𝐀𝐃𝐎𝐒 𝐀: 𝐋𝐀𝐔𝐑𝐙𝐉𝐅𝐕 Desde pequena, Mon já tinha seu caminho traçado. Por quase ter morrido ao nascer, seu pai Aon, um homem extremamente religioso e devoto, fez uma promessa a Deus. Se Mon sobre...